A arteterapia é um processo terapêutico predominantemente não-verbal, por meio das artes plásticas, que acolhe o ser humano com toda sua diversidade, complexidade, dinamicidade e o auxilia a encontrar novos “sentidos” para sua vida de dependente químico.

As sessões de arteterapia facilitam a expressão da subjetividade dos participantes e auxiliam, sobremaneira, tanto na auto-expressão, como na elaboração de conteúdos internos e alívio de tensões. Permitem ainda que o criador possa possa expressar seus sentimentos, adquirir consciência dos mesmos e em seguida, melhorar a ativação e a estruturação do processo do seu desenvolvimento interno. O processo arteterapeutico, por promover o contato com o universo simbólico e a integração dos conteúdos psíquicos inconscientes, ajuda no desenvolvimento evolutivo dos dependentes químicos, o que significa dizer que possivelmente ajuda também no seu processo de individuação. Trabalhar a arteterapia com dependentes químicos permite a troca com o outro que possui características semelhantes as suas e ainda, favorece o compartilhar de dificuldades e anseios relacionados ao próprio transtorno. A arteterapia também procura respeitar os diversos aspectos dos usuários, como os afetivos, culturais, cognitivos, motores, sociais, entre outros aspectos tão importantes na saúde mental (Valladares, 2004; Valladares & Carvalho, 2005a e b). Presume-se, então, que a análise dos conteúdos das produções simbólicas: cores, profundidade, criatividade etc., apresenta o registro dos momentos de suas vidas (Urrutigaray, 2003;2006).

Os objetivos das intervenções de arteterapia são facilitar a expressão da subjetividade dos participantes e auxiliar, tanto na auto-expressão, quanto na elaboração de conteúdos internos, alívio de tensões, angústias, medos, expectativas e ansiedades, bem como favorecer a integração do grupo.

Aspectos de persona dos usuários podem ser vistos em trabalhos feitos durante as sessões de arteterapia, quando eles criam personagens fictícios ou não e ao narrarem suas histórias, o que permite a eles entrarem em contato com os aspectos psíquicos para serem compreendidos e transformados.

A sombra é representada pelos sentimentos negativos, como raiva, frustração e inveja que se acumulam no inconsciente e não são facilmente expostos pelas pessoas em geral. Sentimentos de revolta, medo e raiva experenciados pelos usuários, muitas vezes não podem ser aceitos pela sociedade e expressos por eles, e se acumulam como sombras no seu inconsciente. Oferecer oportunidades para que esses símbolos (sombras) venham à tona por meio dos trabalhos plásticos, de maneira lúdica e que não ameaçe a estrutura psíquica juvenil, favorece a sua elaboração.

A sombra normalmente está implícita e presente, ao mesmo tempo, em qualquer trabalho artístico, o que sugere dizer que os dependentes químicos tenham projetado em seus personagens e histórias, aspectos sombrios da sua personalidade e relacionados com seu momento atual de vida.

“A droga seduz e convida maliciosamente para uma aventura perigosa e excitante e na verdade conduz a um poço profundo e negro, na maioria das vezes sem volta. A ação criativa estimula a pulsação de vida que cada um tem dentro de si. E a VIDA é, de fato, a maior e mais completa AÇÃO CRIATIVA”.
(Vibranovski, 2002, p.140).

OMS(Organização Mundial da Saúde) CID-10: Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento. Porto Alegre: ArtMed, 2003.

Arteterapia: criatividade, arte e saúde mental com pacientes adictos