Aluna:Vivian Bahia

RESUMO

A dependência química é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes na atualidade e representa um grave problema de saúde pública. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo sobre o tema considerando a gama de transtornos psiquiátricos que afetam o paciente.

Constatou-se que há uma alta prevalência de transtornos psiquiátricos nas pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas. Duas hipóteses são comumente citadas pelos autores: a da automedicação para alívio do sofrimento psíquico e a outra aponta a relação direta do uso de substâncias psicoativas e o desenvolvimento de outras psiquiátricas, sendo a depressão e os transtornos de ansiedade os mais frequentes.

Palavras-chave: Dependência química. doenças psiquiátricas.

INTRODUÇÃO

A dependência química se confunde com a história da humanidade e tem se configurado em um fenômeno de massa e uma questão de saúde pública em todo mundo e é mundialmente classificada entre os transtornos psiquiátricos, sendo uma doença de curso crônico e que acompanha o indivíduo para o resto da vida, mas que pode ser tratada e controlada.

Existem, comumente, duas formas de classificação e de critérios diagnósticos da dependência química e dos transtornos mentais: o Manual de Diagnóstico Estatístico (DSM-IV TR) da Associação Psiquiátrica Americana (APA) e a Classificação Internacional de Doenças (CID 10). Segundo o DSM–IV TR (2002) os transtornos relacionados a substâncias são divididos em dois grupos: transtorno por uso de uma substância (dependência de substância e abuso de substância) e transtornos induzidos por substâncias (intoxicação, abstinência de substâncias, transtornos do sono, do humor, ansiedade por uso de substâncias, sintomas psicóticos induzidos por substâncias, etc. ). O uso crônico destas substâncias pode causar dependência química, consequência da relação patológica entre um indivíduo e uma substância psicoativa. O início do consumo da substância pode se dar por vários motivos e estes podem persistir após a instalação da dependência A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10 (1993) refere que o diagnóstico dos transtornos decorrentes do uso de substância psicoativa deve ser feito, sempre que possível, de acordo com a substância única ou classe de substâncias mais usada. A intoxicação aguda é uma condição transitória pela administração de álcool ou outras substâncias psicoativas, resultando em perturbações no nível da consciência, cognição, percepção, afeto ou comportamentais, bem como nas respostas fisiológicas do indivíduo e está relacionada aos níveis de doses. A CID 10 entende como uso nocivo o padrão de uso de substância psicoativa que está causando danos físico ou mental.

A síndrome de dependência é um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância ou classe de substância alcança uma forte compulsão ao uso, dificuldade em controlar o uso da substância, síndrome de abstinência quando da interrupção do uso, aumento da tolerância necessitando sempre maiores quantidades da droga, perda de interesse por outras atividades em detrimento do uso da substância psicoativa e persistência no uso da substância com agravos à saúde (CID 10, 1993).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001) a dependência química deve ser tratada simultaneamente como uma doença médica crônica e como um problema social. É necessário identificar e tratar os sintomas, porém sem esquecer e avaliar as consequências e os motivos que levaram à mesma.

Estudos investigaram o uso de substâncias psicoativas e da dependência química em diferentes populações com o objetivo de reconhecer fatores de risco e fatores de proteção, as implicações econômicas e sociais nelas envolvidas bem como estudar as mudanças ocorridas no perfil do s pacientes em vista das dificuldades de manejo, abordagem e tratamento

Estudos epidemiológicos com a população em geral evidenciam um maior consumo de substâncias psicoativas entre os homens. Eles usam mais drogas ilícitas enquanto que as mulheres usam mais medicamentos. As diferenças fisiológicas entre homens e mulheres determinam distintos danos à saúde, com desigualdades nas taxas de morbimortalidade. Todas as drogas trazem prejuízos e perigos potenciais independentemente de serem drogas lícitas ou ilícitas

O II Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil aponta para o crescente aumento de uso de drogas, sendo o álcool a substância lícita mais utilizada. As escalas que tratam dos estágios no uso de drogas afirmam que o indivíduo inicia o uso pelas drogas chamadas lícitas, como álcool e tabaco, passando pela maconha, para progressivamente usar drogas “pesadas” como a cocaína/crack, etc. e com a associação de múltiplas drogas. Há uma elevação do uso entre as adolescentes o que causa maior probabilidade para o desenvolvimento de dependência química na vida adulta. As drogas lícitas e os medicamentos têm o consumo estimulado pela mídia, o modelo familiar também influencia o uso de drogas e substâncias lícitas. Há um crescente número de usuários e consequentemente de dependentes químicos com danos à saúde (físicos, cognitivos, psicológicos, familiares e sociais) além de estar muitas vezes associado a criminalidade, baixo rendimento escolar, prejuízos nas relações interpessoais e profissionais

O Relatório Brasileiro sobre Drogas aponta um total de 138.585 internações associadas a transtornos mentais e comportamentais pelo uso de drogas no ano de 2007, sendo álcool com 68,7% das internações e uso de múltiplas drogas com 23% das internações. Os dados epidemiológicos apontam que 6 a 8% da população necessitam de algum cuidado decorrente do uso prejudicial de álcool e/ou outras drogas. Transtornos por uso de substâncias são prevalentes em setor de emergência geral e psiquiátricas, atingindo taxas de 28% das ocorrências em pronto-socorro gerais e muitas das mortes nos setores de emergência se relacionam aos poli usuários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

O objetivo principal deste trabalho foi realizar uma revisão sobre a dependência química e as demais enfermidades psiquiátricas que se relacionam, pois, este assunto é complexo e carente ainda de estudos que possibilitem generalizações. A expectativa é de que esse conhecimento avance, através da consolidação da importância do tema tanto em termos de ações de implementação e implantação de estratégias de prevenção e de promoção de saúde bem como da elaboração de políticas públicas adequadas a esta população. Ainda hoje a dependência química e os transtornos psiquiátricos são enfocados sob o paradigma saúde/doença e a sociedade ainda encara o problema com estigma social, este enfoque deve ser ampliado e o indivíduo portador destes transtornos visto em sua integralidade (enfoque biopsicossocial). Há carência de profissionais e serviços especializados na linha de cuidado desta clientela o que interfere na resolutividade de casos e na escolha de tratamentos mais efetivos e eficazes. Os profissionais de saúde têm um importante papel na detecção precoce do abuso de substâncias psicoativas, embora haja controvérsias sobre origem, de o que é causa e efeito nesta relação existente entre dependência química, é fundamental o diagnóstico preciso a cada caso. O tratamento deve seguir as orientações para cada quadro psiquiátrico. Todo o desafio reside em desenvolver atividades educativas e de conscientização, que recobrem, principalmente, a valorização do sentido da vida por esta população e sem dúvida a prevenção é a melhor alternativa. O custo da prevenção e promoção da saúde é muito menor do que os gastos com o tratamento dos agravos e suas consequências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, P. P. de & MONTEIRO, M.F. (2011). Neuropsicologia e Dependência Química. In DIEHL, D. C. & CORDEIRO, R. & LARANJEIRA, R.(orgs) Dependência Química: Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas, Porto Alegre: Artmed, (pp.98-105).

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ASSOCIAÇÃO Americana de Psiquiatria. (2002) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-DSM IV-TR (4.ed.revisada). Porto Alegre: Artemed.

BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Tratamento da Dependência do Crack, Álcool e Outras Drogas: Aperfeiçoamento para Profissionais de Saúde e Assistência Social/ Supervisão Técnica e Científica Paulina do Carmo, A. Vieira Duarte. Responsáveis Técnicos Lisia Von Dremer, Silvia C. Halpern e Flávio Pechansky-UFRGS- Brasília: SENAD, 2012.

Dependência Química e as doenças psiquiátricas