Aluna: Adriana de Marins vieira

As práticas de meditação no CRATOD iniciaram em 2014, em oficinas de HathaYoga que tinham o objetivo de trabalhar o equilíbrio emocional, a autoconfiança e a autoestima dos pacientes desse serviço que estão em tratamento ambulatorial para dependência química.

Dentre as diversas modalidades de meditação, há um tipo de meditação chamada Vipassana, que pode ser traduzida por “insight”: trata-se de uma técnica na qual o praticante traz à consciência o que está acontecendo no exato momento, levando à experiência presente, gentileza, compaixão sem julgamento, dirigindo sua atenção de forma intensa e meticulosa a um intenso exame de aspectos de sua existência. É dentro dessa perspectiva que o Mindfulness encontra suas raízes e base filosófica.

Magalhães nos aponta em sua tese de mestrado que, em 1979, Jon Kabat Zinn (idealizador do Mindfulness) elaborou uma maneira de se treinar essa prática, sendo possível experimentar novas formas potencialmente eficazes de enfrentar, explorar e aliviar o sofrimento, tanto em nível corporal como mental.

Mindfulness é compreendido como uma maneira diferente de se enfrentar os problemas e seus esgotamentos inerentes ao cotidiano. Sendo assim as práticas de Mindfulness existentes em programas de saúde têm auxiliado pacientes que apresentem características de ansiedade, depressão, cansaço, desânimo em atividades diárias, doenças
crônicas, atuando nas áreas de atenção, concentração, redução de estresse e qualidade de vida.

O dependente químico tem dificuldade em lidar de forma satisfatória com seus impulsos e emoções, necessitando de
treinamentos específicos para uma boa adequação desses comportamentos.

Diversos estudos demonstram os benefícios da meditação como um instrumento muito eficiente para atenuação do estresse, da ansiedade e de outros sintomas, como evidenciado por Vandenberghe e Assunção, além do tratamento de dependência química através do reconhecimento e aceitação de desconfortos, ao invés da fuga incessante deles, por meio de drogas, por exemplo.

O Protocolo de Prevenção de Recaída baseado em Mindfulness – MBRP favorece aos participantes o entendimento de como articular seus problemas relacionados a situações de “gatilho” e “fissura” que podem levá-los a recaídas
no uso de substâncias psicoativas e prepará-los para lidar com experiências desafiadoras do cotidiano, demonstrando a tendência de reagirem sem consciência e frequentemente no piloto automático.

Os pacientes que participavam das práticas apresentaram melhora na sua maneira de lidar com a dependência de substâncias psicoativas, ficaram mais atentos quanto às suas reações emocionais diante de situações desafiadoras e dificuldades em geral, com demonstração da sua autonomia.

Fonte: O cuidado em grupo – Prevenção de Recaída baseado em Mindfulness – MBRP: A Experiência do CRATOD
Referências Bibliográficas:
1. Bowen S, Chawla N, Marlatt GA. Prevençao de Recaida baseada em Mindfulness para comportamentos aditivos
– Um guia para o clínico.Rio de Janeiro. Ed. Cognitiva, 1015.
2. Demarzo MMP, Garcia-Campayo J. Manual Prático de Mindfulness: Curiosidade e Aceitação. 1. ed. Sao Paulo-
SP: Palas Athena, 2015. v. 1. 246p.
3. Gunaratana BHG.A meditaçao plena da atençao – O caminho da Meditaçao. Ed. Casa de Dharma, 2005.
4. Magalhaes FJC.Mindfulness-based cognitive therapy.Dissertaçao deMeestrado em Medicina. Instituto de
Ciencias Biomedicas, Universadade do Porto, 2014.
5. Oliveira ACS, Ribeiro M. Manejo no controle das emoçoes e dos impulsos. In: O tratamento do Usuário de
Crack: 2: 379-401.Porto Alegre. Armed, 2012.
6. Vandenberghe L, Assunçao AB. Concepcoes de mindfulness em Langer e Kabat-Zinn. In:Contextos Clínicos,
2(2): 124-135, julho-dezembro, 2009.

Prevenção de Recaída baseado em Mindfulness