Aluna:Katia Regina Macena de Jesus
A apresentação clínica da SAN é variável, dependendo das drogas, temporização, da quantidade da última utilização materna e do metabolismo materno. Em geral, os sinais de SAN aos opióides incluem evidência de irritabilidade do SNC e disfunção gastrintestinal. Os pacientes (1⁄3) podem apresentar estado transitório de hipervigilância, hiperatividade e sucção exacerbada, com tremores e choro agudo. Este estado pode se resolver sem medicação, a não ser quando se associa ao uso de múltiplas drogas (opióides) e ao curto tempo entre o uso materno da droga e o nascimento. Dois terços dos RN de mães usuárias de drogas desenvolverão sinais de abstinência neonatal. A manifestação ocorre entre o 3º e o 5º dia após a última dose de droga utilizada pela mãe. Setenta por cento das manifestações são do sistema nervoso central: hipertonia, tremores, hiperreflexia, irritabilidade e inquietação, choro agudo, distúrbio do sono, convulsões (sinal maligno raro, assim como hiperpirexia). A irritabilidade do SNC é acompanhada de convulsões. As convulsões também podem estar associadas a SAN pelo uso de drogas não narcóticas (barbitúricos, álcool, sedativo-hipnóticos). Tanto o mecanismo como a significância das convulsões na SAN não estão esclarecidos. Cinquenta por cento das manifestações são do trato respiratório e gastrointestinal taquipnéia, crises de apnéia, diarréia, vômitos, regurgitação, deglutição deficiente.  Outros sinais incluem: manifestações do sistema nervoso autônomo (sudorese, coriza, obstrução nasal, hipotermia, pele mosqueada), além de comportamento anormal. Os sinais de abstinência nos RN pré-termos podem ser menos severos, podendo estar relacionado à imaturidade do sistema nervoso central, diferenças na exposição total da droga ou menor depósito gorduroso da droga. Assim a avaliação clinica da severidade nestes RN pode ser difícil, uma vez que os escores foram descritos para RN a termo ou prematuros tardios. O termo SAN tem sido primariamente usado para descrever sintomas que ocorrem após a exposição à opióide, como a heroína, metadona e buprenorfina. No entanto, outras substâncias podem provocar clinica compatível com SAN, como cocaína, álcool, benzodiazepínicos, nicotina e antidepressivos ou antipsicóticos. A exposição à cocaína simultaneamente com a nicotina pode potencializar a expressão clínica da SAN. A cocaína aumenta o efeito analgésico da morfina e bloqueia a tolerância à morfina. A severidade, frequência e duração da SAN variam consideravelmente com o tipo e quantidade de drogas a que a criança foi exposta. A SAN por estimulantes (por exemplo, anfetaminas, cocaína) em geral parece ser menos grave do que a SAN pelos narcóticos. Os sintomas causados pela cocaína e outros estimulantes podem ser causados pela intoxicação, ao invés de SAN e a curta duração dos mesmos é resultado da meia vida destas drogas (tem sido relatado que apenas 46% das crianças expostas a anfetaminas desenvolveram SAN em relação aos 80% expostas a metadona). Comparando o uso isolado de cocaína com o uso de heroína+cocaína ou de heroína, o percentual de pacientes com SAN que necessitou de tratamento foi, respectivamente 6%, 35% e 14%. Anormalidades neurocomportamentais nos RN expostos à cocaína intrautero ocorrem mais frequentemente no segundo 2º ou 3º dia de vida (irritabilidade, tremores, hiperatividade, choro agudo, excessiva sucção). Os sinais e sintomas de abstinência nos RN expostos intrautero à cocaína são tipicamente de menor intensidade e duração em relação aos RN expostos intrautero aos opióides. Estes sinais podem refletir um efeito agudo da droga, talvez , mais do que sinais de dependência, uma vez que metabólitos da droga permanecem na urina até 7 dias após o nascimento.  Estes RN podem apresentar maior risco de respostas auditivas anormais quando submetidas ao potencial auditivo evocado. Uma história detalhada sobre o uso de droga pela mãe deve ser obtida, incluindo medicamentos usados prescritos e não prescritos, assim com hábitos sociais dos pais e se a mãe deseja amamentar. A SAN é um diagnóstico de exclusão.  Considerar antes a possibilidade de hipoglicemia hipocalcemia, hipomagnesemia, hipertireoidismo, hemorragia intracraniana, asfixia perinatal, hipoglicemia, hipocalcemia, sepse, hiperviscosidade ou estados de hipoxia ou insuficiência respiratória. Há vários escores para a avaliação severidade da SAN e entre estes, o mais usado nos Estados Unidos é o Sistema de Escore de Finnegan. O tratamento deve ser considerado quando o escore (Finnegan) é 8 ou mais. Os sinais específicos de abstinência incluem achados comportamentais e do sistema nervoso autônomo que podem ser manifestados como anormalidades gastrintestinais, do trato respiratório e do sistema nervoso central. Este escore foi desenvolvido nos anos 70 para avaliar inicialmente a severidade da abstinência nos recém-nascidos expostos durante a gestação á heroína e metadona. No entanto, tem sido aplicado a outras drogas não narcóticas com o objetivo de avaliar a severidade do comportamento anormal dos recém-nascidos. É aconselhável um período de observação de 48 horas após o nascimento. O objetivo da realização do escore na SAN é quantificar a severidade dos sintomas para determinar a necessidade de intervenção farmacológica. A Academia Americana de Pediatria recomenda que cada Instituição adote um método de escore de abstinência avaliar a severidade da abstinência. O escore de Lipsitz, (tabela) também conhecido como Neonatal Drug Withdrawal Scoring System, oferece a vantagem, em relação ao de Finnegan (31 itens), de ser numericamente simples, com sensibilidade de 77% quando o valor do escore é >4, como indicador de significante quadro de abstinência. O escore modificado de Finnegan (Neonatal Abstinence Scoring System), por usar 21 itens, pode ser muito complexo para o uso rotineiro em uma Unidade com muito trabalho, como ocorre na expressiva maioria das Unidades Neonatais do nosso país.
REFERÊNCIAS
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Síndrome de Abstinência Neonatal (SAN)Síndrome de Abstinência Neonatal (SAN)