Aluno: Fábio Augusto Bento Freitas

 

O co-fundador de Alcoólicos Anônimos, Bill W., escreveu o texto básico de A.A. nos anos 30.
Havia grupos surgindo em Akron, Cleveland e New York e Bill julgou ser necessário um livro para divulgar esse movimento, com o objetivo de atingir um maior número de pessoas que apresentavam problemas com álcool.
Bill escrevia cada capítulo, mimeografava e circulava para comentários. Com a divulgação dos capítulos, vieram a controvérsia e resistência por parte de alguns. Bill foi encorajado por membros mais próximos, a escrever exatamente como o processo de recuperação funcionava.
Deprimido e acamado, percebeu a necessidade de escrever um novo capítulo chamado “Como Funciona”. Numa tentativa de fazer um resumo do processo, fez uma lista das etapas e enumerou-as, estabelecendo-se em 12, as etapas do processo. Surge assim os 12 passos de Alcoólicos Anônimos.
Tal fato não foi obra do acaso, pois os passos vinham se desenvolvendo há algum tempo. Esse pequeno grupo de alcoólicos em recuperação surgiu dentro de um movimento religioso, os Grupos Oxford, que praticavam quatro princípios absolutos: pureza, honestidade, amor e falta de egocentrismo *.
Os Grupos Oxford buscavam melhorar a qualidade de vida das pessoas e utilizavam métodos dos primeiros cristãos para esse fim. Os “cinco procedimentos” desse grupo foram posteriormente adaptados aos Doze Passos e incluíram: (1) Rendição a Deus, (2) Ouvir a orientação de Deus, (3) Compartilhar essa orientação com outros membros, (4) Fazer reparação para as pessoas que têm prejudicado, (5) Depois de um exame cuidadoso, contar seus defeitos à outros, como uma testemunha de sua mudança ou como um método para aliviar a culpa.
A estrutura básica de A.A. está em suas reuniões e em seus princípios. Principalmente em manter o programa num nível pessoal e simples.
Um pastor Episcopal, Rev. Sam Shoemaker, muito envolvido nos Grupos Oxford, foi instrumental na ajuda do grupo incipiente para desenvolver um programa de seis passos:

1) Admitimos que estávamos derrotados, que éramos impotentes perante o álcool.
2) Fizemos um inventário moral de nossos defeitos ou pecados.
3) Confessamos ou compartilhamos nossas imperfeições com uma outra pessoa de forma confidencial.
4) Fizemos reparações a todos aqueles que tínhamos prejudicado devido à nossa bebedeira.
5) Tentamos ajudar outros alcoólicos sem buscar recompensa de dinheiro ou prestígio.
6) Pedimos a Deus, na forma em que achávamos que existia, a força para praticar esses preceitos.

Bill Wilson sempre falava que “ninguém inventou A.A. Tudo em A.A. é emprestado de um outro lugar”.
A forma original em que Bill Wilson escreveu tinha algumas diferenças, porque no início houve muita oposição aos Doze Passos. Um grupo achava que se colocara, nesses passos, demasiadamente a palavra Deus. Outros diziam “espiritualidade, sim, religião, não”. E ainda um grupo, à favor de “um livro psicológico”.
Aos poucos foram entrando em acordo. A frase “Deus na forma em que O concebíamos” foi inserida. Porém, a maior concessão foi de denominá-los Os Doze Passos “sugeridos” e é assim que são até hoje.
É importante reconhecer que os Doze Passos vieram de diversas fontes e que Bill W. foi inspirado na maneira que juntou essas fontes. Porém, se nós vamos nos comunicar bem com profissionais e acadêmicos para explicar e promover um A.A. baseado nos Doze Passos, os mesmos têm um fundamento histórico muito rico.

(*) Em inglês: absolute purity, honesty, love and unselfishness. É interessante notar que foi esse conceito de “absoluto” que eventualmente separou A.A. dos Grupos Oxford (The Spirituality of Imperfection – New York, Bantam, pág. 47). A idéia de perfeição era demais para os recuperandos em A.A. e, como fala um texto de um de seus livros, “pretendemos o progresso espiritual em vez da perfeição espiritual”.

NARCÓTICOS ANÔNIMOS

A ORIGEM
Narcóticos Anônimos derivou do movimento de Alcoólicos Anônimos no final dos anos 40, com suas primeiras reuniões na área da cidade de Los Angeles, Califórnia, EUA, no início dos anos 50. Por muitos anos, a associação cresceu vagarosamente, espalhando-se de Los Angeles para outras grandes cidades norte-americanas e para a Austrália no final dos anos 70. Em 1983 Narcóticos Anônimos publicou seu livro intitulado Texto Básico e as taxas de crescimento, desde então, subiram vertiginosamente.
Grupos se formaram rapidamente no Brasil, Colômbia, Alemanha, Índia, República da Irlanda, Japão, Nova Zelândia e Reino Unido. Nos três anos seguintes à publicação do livro Texto Básico de NA, o número de grupos de Narcóticos Anônimos quase triplicou.

ABORDAGEM
O PROGRAMA
O primeiro folheto de NA, o ‘Livro Branco’, define NA como uma “irmandade” de homens e mulheres, sem fins lucrativos, para quem as drogas se tornaram um problema maior.
Adictos em recuperação que se reúnem para ajudar uns aos outros a se manterem limpos.” A afiliação à Narcóticos Anônimos é aberta a qualquer adicto a drogas, independente do tipo ou combinação de drogas usadas. Não existem restrições sociais, religiosas, econômicas, raciais, étnicas, de nacionalidade, gênero ou status social. A afiliação à Narcóticos Anônimos é inteiramente voluntária e a base do programa de recuperação de Narcóticos Anônimos é uma série de atividades pessoais conhecida como Doze Passos, adaptados de Alcoólicos Anônimos. Esses “passos” incluem a admissão de que existe um problema, a busca de ajuda, auto avaliação, partilha em nível confidencial, reparar danos causados e trabalhar com outros adictos a drogas que queiram se recuperar. O programa dá ênfase no que é chamado “despertar espiritual”, ressaltando o seu valor prático e não sua importância filosófica ou metafísica, o que facilitou a tradução do programa, mesmo considerando-se barreiras culturais. NA em si, não é um programa religioso e encoraja cada membro a cultivar um entendimento pessoal, religioso ou não, desse “despertar espiritual.”
Narcóticos Anônimos acredita que uma das chaves do seu sucesso seja o valor terapêutico de adictos trabalhando com outros adictos.
O principal serviço oferecido por Narcóticos Anônimos é a reunião em um grupo de NA.
As reuniões podem ser “abertas”, o que significa que qualquer um pode participar, ou ‘fechadas”, quando somente pessoas que estão lá para tratar de seu próprio problema com drogas podem participar. As reuniões são conduzidas por membros de NA e outros membros participam partilhando suas próprias experiências na recuperação da adicção às drogas.
Apesar de não serem termos de uso muito comum, NA utiliza os termos “adicto” e “adicção” principalmente porque são termos que melhor expressam sua visão de que a adicção a drogas é uma doença que afeta o indivíduo em todas as áreas de sua vida e para evitar qualquer confusão inicial, quanto à compreensão da natureza e do propósito de NA, por parte de adictos que buscam ajuda para seu problema com drogas.
Narcóticos Anônimos encoraja seus membros a se manterem abstinentes de qualquer droga, inclusive o álcool. A experiência de membros de NA tem mostrado que a completa e contínua abstinência é a melhor base para a recuperação e o crescimento pessoal. O NA não tem qualquer posição quanto ao uso de medicação prescrita e entende que estes são assuntos de decisão pessoal e encoraja seus membros a consultar sua própria experiência, a experiência de outros membros e profissionais de saúde qualificados, para tomar decisões sobre estes assuntos.

 

Referências Bibliográficas:
Alcoólicos Anônimos
Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade
Children of the Healer (Brewer, P.C.)
The breeze of the Spirit (Harris I.)
Samuel M. Shoemaker Theological Influence on William G. Wilson’s Twelve Steps Spiritual Program of Recovery (Ann Arbor)
A.A. Grapevine (1952)
Os Doze Passos
The Twelve Eteps for Everyone (Members G.)
Grateful To Have Been There (Wing. N), A.A. – The Way it Began (Bittman B.)
(Vivência – Nov/Dez 95)

 

Narcotics Anonymous (1993). IP#1 POBR Quem, o que, como e por quê? (PDF). Narcotics Anonymous World Services, Inc. Consultado em 26 de fevereiro de 2016
Narcóticos Anônimos, NAWS (2015). Narcóticos Anônimos (Texto Básico, Tradução para o Português, Brasil, da Sexta Edição do livro Narcotics Anonymous). [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-63380-037-3
NAWS inc, Basic Text (2008) [1983]. Narcotics Anonymous (Hardcover) 6th Edition ed. [S.l.]: NAWS Inc. ISBN 9781557767349
www.na.org. Consultado em 26 de fevereiro de 2016
Os 12 passos de Narcóticos Anônimos | Narcóticos Anônimos. Os 12 passos de Narcóticos Anônimos | Narcóticos Anônimos. Consultado em 26 de fevereiro de 2016
As 12 tradições de Narcóticos Anônimos | Narcóticos Anônimos. As 12 tradições de Narcóticos Anônimos | Narcóticos Anônimos. Consultado em 26 de fevereiro de 2016

A Origem dos 12 Passos e a Irmandade de Narcóticos Anônimos