Aluno:Valdomero Francisco Vila

Introdução Clientes, sentados em círculo, na presença do terapeuta, apresentam-se pelo nome ou apelido pelo qual preferem ser chamados e as regras da terapia são apresentadas. A seguir, sem ser colocado explicitamente, no decorrer do silêncio, os participantes são convidados a expor em palavras e discutir suas preocupações. O clima criado pela situação psicoterápica favorece a auto-revelação. O terapeuta e os membros do grupo tomam conhecimento de muitos fatos sobre o que se passa com cada um, sendo que pessoas que compartilham o círculo da própria intimidade podem até desconhecer esses acontecimentos e mesmo não vir a saber, uma vez que o paciente não deseja revelá-los fora do contexto psicoterápico. Os integrantes do grupo exploram o material que eles próprios, geralmente e em condições normais, não analisam. A interação é livre e espontânea. Os pacientes participam verbalmente ou em silêncio, sem entraves ou censura impostos pela autoridade exterior. Desenvolvem discussão aberta, com livre associação de idéias e sem agenda preestabelecida. O tema desenvolvido pelo grupo tem alguma relevância para os participantes, suscitando pensamentos e sentimentos relacionados a experiências do presente ou do passado.

Apesar da gama de sensações e sentimentos – ansiedade, desconforto, constrangimento e pressão – que o participante possa sentir em alguma medida, ele deve sentir-se à vontade para comunicar seus pensamentos, mesmo parecendo que não tenham qualquer relação com o que está sendo discutido, assim como suas preocupações e desapontamentos com o que está se passando naquele momento. Na vida do grupo, todo e qualquer comportamento e evento têm um significado que deve ser avaliado. O recurso que o terapeuta dispõe para facilitar essa tarefa do grupo é a própria associação livre, sem censura das idéias verbalizadas ou das atitudes dos integrantes, bem como da maneira como emergem na malha interativa do processo grupal. Dessa forma, o paciente estará envolvido ativamente na terapia, assumindo responsabilidade com o grupo e desenvolvendo compreensão tanto consigo quanto com os outros.

Assim que o grupo amadurece, os participantes tornam-se mais envolvidos e comprometidos entre si, compartilham idéias, trocam suas experiências e oferecem espontaneamente apoio, esclarecimentos e interpretações uns aos outros. Os assuntos do grupo são tratados de forma confidencial e, à medida que os participantes desenvolvem respeito e confiança mútua, começam a assumir riscos nos temas examinados e na interação estabelecida. Decisões de grande importância devem ser discutidas no grupo. Assim que o paciente revela dados pessoais, ele se torna membro integrante do grupo. Neste momento, ele adquiriu seu “bilhete de entrada”.

Encontramos participantes que iniciam a terapia de forma cautelosa, permanecendo em silêncio em um primeiro momento, mas acompanhando atentamente; em uma segunda fase, tecem seus comentários a respeito do que está sendo discutido, porém evitando entrar em sua intimidade, para que posteriormente, passem a se revelar. Nesta fase, com o propósito de encorajá-lo a prosseguir em sua experiência de auto-revelação, costumamos assinalar-lhe: agora você iniciou realmente a psicoterapia.

OS PARTICIPANTES E A PSICOTERAPIA DE GRUPO

Aspecto importante e indispensável na psicoterapia de grupo é a igualdade de status dos membros. Todos são tratados do mesmo modo, com respeito e dignidade, independentemente da idade, do nível socioeconômico e cultural, talento e capacidade individual. Deve-se considerar que cada participante é uma fonte rica de experiência tanto para si próprio quanto para os demais.

Muitos pacientes, ao serem convidados a participar da psicoterapia de grupo, manifestam-se da seguinte forma: “Sou muito tímido; o que irei fazer num grupo se não sei me expressar?” Outros, assim revelam seus receios: “Como posso revelar a estranhos meus problemas… meu relacionamento extraconjugal?” Ou ainda: “Como irei dizer que sou homossexual?” (…) “Como posso confiar em pessoas que não conheço?” (…) “Será que esse grupo é de pessoas do meu nível?” (…) “Poderá um grupo de neuróticos como eu auxiliar a resolver meus problemas?” Já outros ficam logo entusiasmados com o convite e expressam seu desejo de se agregar ao grupo: “Será muito bom!” Ou ainda: “É o tipo de experiência que irá me acrescentar muito” (…) “Será um desafio para mim”. De acordo com a forma de se expressar, presume-se o papel que o participante irá assumir no grupo.

Para participar da terapia de grupo, assim como de outras modalidades de psicoterapia, é necessário que os pacientes tenham alguma disciplina e aceitem as regras propostas. Concomitantemente, uma condição imprescindível é que sintam motivação, e que a psicoterapia de grupo seja uma das atividades consideradas prioritárias na sua vida. Essa condição reflete o desejo de se envolver no processo terapêutico e exerce importante papel no resultado a ser obtido.
Referência

1.Bechelli LPC, Santos MA. Psicoterapia de Grupo. Noções Básicas. Ribeirão Preto: Editora Legis Summa; 2001.

2.Rosenbaum M, Lakin M, Roback HB. Psychotherapy in groups. In: Freedheim DK, organizer. History of Psychotherapy. A Century of Change. Washington: American Psychological Association; 1992. p. 695-724.

3.Kadis AL, Krasner JD, Winick C, Foulkes SH. A Practicum of Group Psychotherapy. New York: Hoeber Medical Division Harper & Row; 1963.

As Primeiras Sessões Desenvolvimento da Psicoterapia de Grupo