Aluno: Pedro Madsen Andrade

Os quadros de uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas caracterizam-se por uma forma particular de relação entre os seres humanos e certas substâncias químicas que apresentam ação definida sobre o sistema nervoso central (SNC) e, consequentemente, sobre o psiquismo.

Uma substância psicoativa é qualquer substância química que, quando ingerida, modifica uma ou mais funções do SNC, produzindo efeitos psíquicos e comportamentais. Exemplos de substâncias psicoativas: álcool, maconha, cocaina, café, chá, diazepam, nicotina e heroína. De modo geral, as substâncias psicoativas produzem sensação de prazer ou excitação, cuja correspondência cerebral está vinculada às chamadas áreas de recompensa do cérebro, como o nucleus accumbens, área tugumentar e locus ceruleus.

Das síndromes:

A intoxicação é definida como uma síndrome reversível específica, causada por substância psicoativa recentemente ingerida. O abuso de substância psicoativa ocorre quando há uso recorrente, e este uso é lesivo ou mal-adaptativo. O uso nocivo de substância psicoativa é mais restrito, e refere-se a um padrão de uso que causa dano à saúde física e/ou mental.

Fissura (correspondente ao craving, em inglês) é o desejo intenso de usar uma substância. Embora fosse uma palavra utilizada apenas por usuários, Dalgalarrondo aponta que foi incorporada pela terminologia técnica. Binge é o termo usado para descrever episódios de uso intenso e compulsivo.

Tolerância é a diminuição de um efeito após repetidas administrações. O organismo necessita cada vez mais de quantidades maiores da substância para que se obtenha o mesmo nível inicial de seu efeito. Substâncias que produzem tolerância tendem a gerar mais dependência física.

Síndrome de abstinência é o conjunto de sinais e sintomas que ocorrem horas ou dias após o indivíduo cessar ou reduzir a ingestão da substância que vinha sendo consumida geralmente de forma pesada e contínua. Embora cada substância ou grupo de substâncias manifestem diferentes sinais e sintomas de abstinência, alguns sintomas gerais são observados com certa frequência: ansiedade, inquietação, náuseas, tremor, sudorese, podendo, nos casos muito graves, ocorrer convulsões, coma e morte.

A dependência a substâncias psicoativas é definida como um padrão mal-adaptativo de uso de substâncias em que há repercussões psicológicas, físicas e socias resultantes da interação entre o ser humano e uma substância psicoativa. A dependência também inclui fenômenos como a tolerância, sintomas de abstinência e uso contínuo.

A dependência física é um estado de adaptação do corpo manifestado por distúrbios físicos quando o uso da substância é interrompido. Dependência comportamental ou psíquica (também chamada de habituação) constitui uma compulsão ao uso da substância, e o indivíduo busca a diminuição do desconforto.

De particular interesse à psicopatologia é a diferenciação entre psicoses tóxicas, induzidas por substâncias e funcionais desencadeadas por substâncias.

Psicoses tóxicas são quadros psicóticos causados diretamente pela ação da substância sobre o cérebro. Quadros de curta duração (horas ou, no máximo, dias), que remitem à medida que a substância desaparece do sistema nervoso. Geralmente trata-se de rebaixamento do nível da consciência, confusão mental, ilusões e alucinações causados por alucinógenos e anfetaminas (eventualmente, cocaína e maconha em altas doses).

Psicoses induzidas por substâncias duram dias ou, no máximo, semanas. Geralmente ocorrem após períodos de uso intenso e podem se manifestar como quadros paranóides, maniatimorfos, esquizofrenimorfos ou polimorfos. São geralmente causadas por cocaína, crack, anfetamínicos, alucinógenos e, mais raramente, maconha.

Psicoses funcionais (desencadeadas pelo abuso de substâncias) apresentam duração mais prolongada do quadro psicótico (mais de um mês). Há a ocorrência no futuro de episódios psicóticos independentes da exposição à substância, e no caso da esquizofrenia, a presença de sintomas residuais deficitários, mesmo meses depois de passado o quadro psicótico agudo.

Referência: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 344-351

Síndromes Relacionadas a Substâncias Psicoativas