Aluno: Monique De Lima Da Silva

O objetivo do trabalho é clarificar as causas do aumento do consumo de benzodiazepínicos nos consultórios de Psicologia e Psiquiatria por pacientes Dual e suas consequências, bem como a importância do papel e função de uma equipe Multi e Interdisciplinar para o tratamento dos mesmos dentro de um Centro de Recuperação e nos consultórios particulares de psiquiatria e psicologia.

Introdução

O surgimento dos BDZs na década de 60, acontece com grande entusiasmo e aceitação, pois foi um grande passo para fundar o tratamento farmacológico dos transtornos de ansiedade, porém, a partir da década de 80, os BDZs passaram a perder a reputação devido ao seu potencial de abuso e adicção de sua utilização.

Hoje, há uma epidemia farmacológica da prescrição inadequada de benzodiazepínicos, onde a busca pela felicidade e noites tranquilas de sono levam profissionais a prescreverem de forma inadequada e descontrolada o uso de BZDs. Como atuam diretamente na ansiedade e tensão, fazem com que o indivíduo diminua a capacidade reagir e interagir com os estressores externos. Tendo por objetivo também alcançar a adaptação e aceitação de muitos pacientes em tratamento psicológico dentro dos consultórios e nas clínicas de recuperação.

Devemos considerar que também atuam como hipnóticos, ansiolíticos, miorrelaxantes e anticonvulsivantes, e, por esse motivo, se faz necessário o uso por pacientes dual diagnosticados, porém sob controle extremo e com máximo de cuidado, e indicado apenas após o paciente passar por uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, tendo também o cuidado de controlar o tempo de uso para que não ocorra outra dependência. O impacto terapêutico dos BDzs nas décadas supracitadas foi tão grande que se tornaram conhecidas como: “As pílulas da felicidade”, porém começaram a surgir vários casos de mortes associado ao seu uso, por isso surgiram os primeiros estudos sobre suas reais funções e possíveis reações. ( Propsiq, Ciclo 4/ vol.3 pg.87).

Desenvolvimento

Segundo o DSM-V (DSM-V- Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Fifth Edition), a dependência química é um transtorno psiquiátrico crônico e recorrente, uma condição física e psicológica de muitos sujeitos, entretanto muitos desconsideram a possibilidade de ser um paciente Dual.

De acordo com o Dr. Jorge Jaber a “Patologia Dual foi descrita na década de noventa nos EUA como duplo diagnóstico.” Sendo assim, é o nome que se dá no campo da saúde mental para os pacientes que desencadeiam simultaneamente durante o tempo de vida, o comportamento de dependência química e outros transtornos mentais, conforme Néstor Szerman, 2014. Citado no artigo (Diagnóstico Dual: uma condição quase desconhecida- Dr. Jorge Jarbas). De acordo com uma pesquisa feita por uma equipe multidisciplinar e Interdisciplinar na clínica Dr. Jorge Jaber, verificou-se a seguinte distribuição dos diagnósticos mais frequentes associados com os transtornos de uso de substância psicoativa: depressão (33,8%), transtorno bipolar (24,5%), transtorno de personalidade (13,7%), esquizofrenia (10,6%), psicose não-esquizofrênica (9,1%) e outros diagnósticos (8,3%). Assim podemos confirmar a partir do artigo: DUAL DIAGNOSIS AND TREATMENT: THE EXPERIENCE OF A MULTIPROFESSIONAL TEAM IN MENTAL HEALTH que; “a formulação de diagnóstico duplo promove uma melhor abordagem na estratégia terapêutica e no planejamento do tratamento dos pacientes”. Auxiliando assim da melhor forma possível o tratamento e as medicações adequadas a cada paciente. É perceptivo as dificuldades nos diagnósticos psiquiátricos e psicológicos, quando falamos de patologia Dual devido sua complexidade e sua condição muito nova no meio das equipes de saúde.

De acordo com Célia Franco 2014, o diagnóstico de doença mental grave no doente dependente químico é geralmente tardio, devido desejo ao uso de drogas lícitas e ilícitas serem manifestada logo na tenra idade entre 12 e 15 anos. Sabemos também que, em muitas doenças mentais, suas manifestações clínicas surgem inicialmente no final da adolescência e início da idade adulta entre 16 e 18 anos. Então concluímos que, muitas vezes, quando começam a surgir os primeiros sintomas da doença mental grave o paciente já faz consumo frequente de alguma substância. Por outro lado, segundo Celia Franco 2014 “os efeitos das substâncias mimetizam muitos sintomas de doenças psiquiátricas” p.3. Assim, podemos dizer que tanto o doente, quanto aos que estão ao seu redor e inclusive os médicos e equipe técnica de saúde tendem a interpretar estes sintomas como efeitos da utilização da droga, adiando o diagnóstico preciso.

É fundamental que o profissional se mantenha atento no processo terapêutico antes de quaisquer prescrições de BDZs, e também leve em consideração que pode ser longa a identificação do diagnostico dual, pois neste trajeto poderá haver recaídas frequentes e necessitando assim, de um longo tempo de escuta, de ações e estratégias específicas, tanto nos consultórios como nas CTs. Evitando assim, longos períodos da utilização de BZDs.

Considerando a patologia Dual muito frequente nos ambientes de tratamento como foi supracitado, o uso de BZDs é usado com frequência, mas precisa ser indicado com alta precisão e cautela.

Para tal não existe um melhor tratamento, e sim a preparação e capacitação de uma equipe multi e interdisciplinar, que se preocupe em acolher e escutar atentamente sem julgamento para uma avaliação e diagnostico correto, descobrir potencialidades do paciente, dar voz a esse sujeito que muitas vezes é atravessado por influências externas a qual não dá conta e precisa de ajuda.

Conclusão

Devido o uso e a indicação indiscriminada dos BZDs, é preciso haver algum tipo de controle sobre o uso desse medicamento. A maioria dos países impõe restrições, determinando as reais necessidades de quem precisa receber essa medicação. O controle para prevenir o uso indevido tem sido objeto de debates pela OMS.

A recomendação no geral é que os BDZs não sejam indicados de forma alguma, já que podem ocasionar problemas posteriores, impedindo também o sujeito de elaborar suas questões e suas reações frente a elas. Há efeitos indesejáveis no uso indiscriminado de benzodiazepínicos que na maioria das vezes não são discutidos e repassados aos pacientes no setting terapêutico, tais como: efeitos tranquilizantes, hipnótico-sedativos, amnésias e alterações psicomotoras. (Bernik, 1999, p.29)

A função das psicoterapias e da equipe Multi e interdisciplinar de forma geral é de mudar pensamentos, sentimentos e comportamentos auto abusivos, fazendo o sujeito resinificar conceitos e atitudes em seu cotidiano. São de extrema importância criar vínculos afetivos para que assim o paciente se submeta e se perceba necessitado de tal ajuda.

De acordo com o artigo, DUAL DIAGNOSIS AND TREATMENT: THE EXPERIENCE OF A MULTIPROFESSIONAL TEAM IN MENTAL HEALTH, a formulação de diagnóstico duplo promove uma melhor abordagem na estratégia terapêutica na equipe Inter e multidisciplinar agindo diretamente no planejamento e na forma do tratamento de cada um, assim da melhor forma prescrever os medicamentos de acordo com a real necessidade de cada paciente. Nos últimos anos começou a surgir uma visão centrado no sujeito, em que percebemos que os mesmos desenvolvem dependências de drogas Ilícitas ou Lícitas, (que são os casos de usuários de BDZs), já têm alguma área do seu psiquismo afetada e, assim, precisamos como profissional de saúde investigar de forma mais cuidadosa e cautelosa as inúmeras situações externas que atravessam a vida desse sujeito em questão.

Bibliografia

Bernik, Antonine, Marcio. Benzodiazepínicos quatro décadas de experiência. São Paulo, 1999. Coleção Fac.Med.-USP 4 p.23, 24 e 29.

Diagnóstico Dual: uma condição quase desconhecida. Disponível em: <http://www.clinicajorgejaber.com.br/curso/2017/mar_11.pdf > Acesso em: 14 mar. 2018.

Jaber Filho, JA: Veríssimo Jr, Jr;Holanda, A;Trapaga,R. DUAL DIAGNOSIS AND TREATMENT: THE EXPERIENCE OF A MULTIPROFESSIONAL TEAM IN MENTAL HEALTH. Disponivel em:  <https://clinicajorgejaber.com.br/novo/2018/04/dr-jorge-jaber-participa-de-jornada-de-patologia-dual-em-madri/> Acesso em: 14 mar. 2018.

Patologia Dual: Integração das Adições na saúde mental. Disponivel em:  <http://www.patologiadual.pt/docs/publicacoes.pdf.> P.3. Acesso em: 14 mar. 2018.

DSM-V–  Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Fifth Edition)

Fé na prevenção; Prevenção do uso de drogas por instituição Religiosa e Movimentos Afins. 3° edição.Brasilia 2104. P. 242.

Propsiq, Ciclo 4/ vol.3 pg.87.

Pacientes Dual e o uso indiscriminado de benzodiazepínicos nas Clínicas de Recuperação e nos Consultórios Terapêuticos