Andréa Beatriz Veiga Coelho

RESUMO:

Através de uma revisão bibliográfica, esse artigo, visa descrever o impacto emocional, que sofre uma família, perante o uso abusivo de substâncias psicoativas, por um membro desta.

Identificando as dificuldades enfrentadas, o adoecimento psiquico e algumas vezes físicos, as dificuldades economicas e as relações intrafamiliares. Onde se instala um alto nível de stress e desesperança.

Também será descrito a importância do aporte psicológico para esse codependente, e o real valor do seu envolvimento no processo de tratamento e recuperação de usuário.

PALAVRAS-CHAVES: Codependência, Stress, Família, Tratamento

INTRODUÇÃO:

¨ A família é definida como um conjunto de pessoas que possui grau de parentesco entre si e vive na mesma casa, formando um lar. ¨ (MICHAELIS-2010)

¨ Um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo, mais ou menos longo, e que se acham unidas(ou não) por laços consanguíneos. Eles tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulado com a estrutura social na qual está inserido. ¨ (MIOTO,1997)
Aqui temos duas definições de família. Mas, o modelo de família vem mudando em tamanho e formato. Mesmo com todas as mudanças em sua estrutura, a família ainda é considerado o primeiro e principal espaço de socialização, local onde se encontra refúgio, mas também, muitas vezes é o local onde surgem os conflitos e violência.
Essas relações sociais sofrem alterações com a codependência, e esta condição leva as famílias a se tornarem reféns desta situação, onde o codependente deixa de viver a própria vida e passa a viver a vida do outro.
Quando surge o problema do uso abusivo\dependência de substâncias, as pessoas mais próximas são as que mais sofrem, as que mais se envolvem, as que mais adoecem, as que se desesperam, as que se culpabilizam…também serão as mais importantes no processo de recuperação daquele familiar.
Foi nos Alcoólicos Anônimos(AA), que surgiu esse conceito (de co-dependência), onde mostrava que o problema não era só do dependende químico(DQ), mas também de seus familiares.
GOMES,(1987) define que: ¨…a família é uma sociedade humana, onde os indivíduos interagem diretamente, através de relações emocionais e da história de que ambos fazem parte.¨ Para o autor, é muito importante às famílias o auxilio de pessoas qualificadas, visto que ali representa a principal rede de apoio do dependente químico, tornando-a mais preparada para enfrentar a situação.

DESENVOLVIMENTO

Muitas serão as dificuldades enfrentadas pela família, durante o tratamento do dependente químico. Sendo peças fundamentais nesse processo, é de extrema importância que se vinculem o quanto antes ao processo. Logo na primeira fase, que é a de aceitação, passasse a ter consciência de grande parte dos problemas. E daí vem a aceitação de que aquele ente querido possui uma DOENÇA. Isso muda a maneira como os familiares se envolvem, pois muda a forma de enxergar todo o processo. E assim a família pode se tornar uma aliada eficiente para a reabilitação. Mas, não é fácil chegar até aqui. Como também não são faceis as próximas etapas que estão por vir.
Até então, o que se tem são aspectos de culpa com desespero, medo ou descrença total.
Passando por várias etapas: Começando pela Negação, depois pela Preocupação(onde tentam controlar a situação), logo após, na próxima etapa já se tem a desorganização familiar, onde os codependentes já estão assumindo os atos do dependente, e assim o mesmo não percebe as consequências pelos seus atos.
Agora surge a quarta etapa, que é caracterizada pela exaustão emocional(podendo surgir graves distúrbios de comportamento e de saúde em todos os familiares). A rotina passa ser a do outro, tudo mudo no âmbito
familiar e existe uma dificuldade em se pedir ajuda, e as consequências podem ser nefastas.
O stress é inevitável, ele chega trazendo uma série de problemas, atingindo a pessoa no seu bem estar e na sua autoestima, desenvolvendo insatisfação e a desmotivação. Com o stress também podem vir a insônia, doenças cardiovasculares e outras patologias, incluindo as psiquicas.

HANS SELYE(1984) indica um modelo trifásico do stress:
1º – Alarme
2º – Resistência
3º – Exaustão

LIPP(2000) identifica uma 4º fase, entre a resistência e a exaustão, é a quase exaustão. Ficando assim:
1º – Alarme\Alerta
2º – Resistência
3º – Quase Exaustão
4º – Exaustão

Assim o modelo passa a ser quadrifásico.

Na fase de alerta existe um confronto inicial com o estressor. Se os fatores estressantes persistirem acontece a fase da resistência, com fatores de longa duração e intensidade. Já na fase de quase exaustão a pessoa tenta lidar com os fatores estressantes, mas a persistência dos mesmos quebra a sua resistência física e emocional, ultrapassando o que chamamos de gerenciável. A 4º fase, é a da exaustão, quando não há alívio para o stress, ele atinge sua fase final. Onde podem ocorrer doenças graves, enfarte, úlceras, depressão,…além de instabilidade emocional, apatia sexual, ansiedade aguda, auto-dúvida, irritabilidade,etc.
Ainda segundo LIPP(2000), afirma que: ¨ Pesquisas em várias partes do mundo, tem enfatizado as implicações do stress excessivo para a saúde física e mental da pessoa e, para sua produtividade e qualidade de vida, principalmente em situações de stress persistente ou que ultrapasse a capacidade de resistência do sujeito.¨
O II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), revelou que são as mulheres que mais sofrem impacto negativo, ficando sobrecarregadas por terem de cuidar do dependente e ainda serem responsáveis pela família. Revelou ainda que familiares de DQ apresentam mais sintomas físicos e psicológicos que a média da população. O impacto nas financas também é bem relevante, o que também é um fator estressante.
O tratamento, na maioria das vezes, é oferecido somente ao DQ, o que dificulta sua melhora, pois a família adoecida, quando não tratada, não tem como fazer parte desse processo. E como já vimos antes, é de suma importância a participação familiar, nesse processo de reestruturação do dependente químico. Então, sabendo-se da importância do tratamento familiar, tornou-se essencial, a formação de grupos de apoio. Surgindo assim o Al-Anon e o Nar-Anon, que são uma associação de parentes e amigos(dos dependentes), que compartilham experiências, força e esperança, a fim de solucionar os problemas que tem em comum. Também utilizam os 12 passos. Além disso, temos o Alateen, que tem a proposta de trabalhar com filhos de alcoolistas, que geralmente apresentam emoções mistas, ex.: amor e ódio
Existem outros grupos, ex.: Codependentes Anônimos
São muitos os critérios na terapia familiar, é necessário se conhecer a fundo a dinâmica daquele grupo, as histórias daquelas pessoas, onde os próprios membros são incentivados a buscar soluções par o problema apresentado. Essa mudança pode ser lenta, é gradativa e um membro pode provocar mudanças no outro.
Existem os CAPS( Centro de Atenção Psicossocial), que tem o objetivo de oferecer um atendimento com acompanhamento clínico e a reinserção
social. Acho que OLIVEIRA;MENDONÇA(2011) colocam de maneira suscinta e esclarecedora.
¨A intervenção junto aos familiares visa não apenas instrumentalizá-los como cuidadores, mas como pessoas que também precisam ser cuidadas, de modo a minimizar a sobrecarga emocional por meio da oferta de espaços acolhedores e facilitadores de ações e de troca de experiências cuidadoras.¨

CONCLUSÃO

Com esse vínculo doentio, perigoso, exaustivo e interminável, chegamos a conclusão que: ¨ A dependência química não se trata apenas de uma doença do dependente, mas envolve a família e os mais próximos do convívio social do mesmo. Os integrantes da família tornam-se co-dependentes e culpam o dependente pelos seus próprios problemas atribuídos a essa co-dependência do outro. ¨(MONARI;SILVA;RIGHETTI,2015)

Também existe diferença, em como é essa busca por ajuda. Em alguns casos o indivíduo busca ativamente, em outros ele é levado, seja pela família, pela sociedade, ou pela própria justiça( algumas vezes contra a sua vontade).
É muito importânte uma equipe terapeutica como ativadora desse processo de competência familiar. Com todas as áreas de relacionamento sendo atingida(incluindo fortemente a financeira), gerando muitos sentimentos negativos como angústias, tristezas, medos…essa equipe terapeutica, vem para auxiliar nas diversas situações que podem ser enfrentadas.

Sendo assim, fica claro a importância de tratamento tanto para a família quanto para os usuários, uma vez que estão todos adoecidos.

BIBLIOGRAFIA

O Impacto da Dependência Química na Família: CVC Salesiano, GA de Souza Oliveira, NP das Neves…- unisalesiano.edu.br-2012

A PERSPECTIVA BIOPSICOSSOCIAL DA CO-DEPENDÊNCIA DOS FAMILIARES DO DEPENDENTE QUÍMICO: JCA Gonçalves-2017-periodicos.ufpr.br-2013

SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: OS DESAFIOS DA CO-DEPENDÊNCIAS NO ÂMBITO FAMILIAR: Maria Leia Gonçalves Dias-TCC de Curso-repositorio.ucb.br-2014

O PAPEL DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA DE USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS AD DE TUBARÃO\SC BR Pereira-Psicologia-Tubarão,2018-riuni.unisul.br

O TRATAMENTO DA FAMÍLIA NA DEPENDENCIA QUÍMICA C Motta, R Berta-magloo.silva.zip.net

 

A exaustão emocional no codependente