Glória Regina Elias de Oliveira

RESUMO

“O dependente químico vive em função da droga, o codependente vive em função do dependente químico e com isso a família adoece junto”.
A Terapia familiar coloca em foco essas relações entre as pessoas envolvidas em um problema. Sejam elas o casal, membros de uma mesma família ou quem mais participar do contexto desse problema, e realiza seu trabalho no sistema familiar e social, visando construir mudanças nessas relações. Através de conversas e reflexões as pessoas recriam novas formas de lidar com seus problemas.
A TERAPIA FAMILIAR surgiu nos estados Unidos após a Segunda Guerra, e hoje se destaca em todo o mundo como uma das práticas terapêuticas mais eficazes.
Suas correntes são tão numerosas e diversificadas quanto às das abordagens individuais.
Algumas características referenciais das terapias pós-modernas, onde se insere a relacional sistêmica:
Todos os envolvidos participam igualmente da construção do sistema terapêutico;
A mudança só pode acontecer a partir da própria pessoa; assegura a legitimidade do saber local de pessoas e contextos;
Tem visão da pessoa como autora de sua história e existência, e competente para a ação;
Crê no diálogo como prática social transformadora para todos os envolvidos, colocando ênfase nas conversas e questionamentos reflexivos.
O mediador atua como facilitador do diálogo entre as partes, identificando e desconstruindo impasses de diferentes naturezas.
Os pressupostos da prática da Mediação o protagonismo, a auto implicação, a colaboração dos mediando na busca por consenso, o reconhecimento da legitimidade do outro com suas diferenças e a consolidação das soluções de benefício mútuo, assim como o reconhecimento de nossa contribuição e participação como mediadores para o que é construído.
A ética como margem intransponível, o pensamento sistêmico como norteador indispensável, o processo de diálogo como veículo único para o entendimento baseado em consenso, e os processos reflexivos como prática imprescindível nas tomadas de decisão qualificadas pela informação e pela consideração, pelo ponto de vista do outro, são eleitos, como pilares teóricos que dão sustentação ao exercício da Mediação. (Tânia Almeida).
Palavras chaves: Codependente , Função do Terapeuta Familiar.
DESENVOLVIMENTO:
O PODER DA TERAPIA FAMILIAR
A terapia familiar nasceu na década de 1959. Cresceu nos anos 1960. E fiou adulta na década de 1970. A onda iniciou de entusiasmo por uma crescente diversificação de escolas, todas competindo pelo monopólio da verdade e pelo mercado de serviços.
Algum dia, talvez, veja os anos de 1975 a 1985, como o período dourado na terapia familiar. Esses anos testemunharam o pleno desabrochar das mais imaginativas e vitais abordagens de tratamento.
Foi uma época de entusiasmo e confusão. Os terapeutas familiares podem ter tido suas diferenças em relação à técnica, mas compartilhavam um senso de otimismo.
Quando as coisas dão errado nos relacionamentos, a maioria das pessoas dá o crédito, generosamente, ao outro. Uma vez que olhamos para o mundo do interior da nossa própria pele, vemos mais claramente a contribuição das outras pessoas para os nossos problemas mútuos. É muito natural pô a culpa nos outros. A ilusão da influência unilateral tenta também os terapeutas, em especial quando ouvem apenas um lado da história. No entanto, quando compreendem que a reciprocidade é o princípio que governa ao relacionamento, os terapeutas podem ajudar as pessoas a ir além do pensar apenas em termos de vilões e vítimas.
O poder da terapia familiar deriva-se de juntar pais e filhos para transformar suas interações.
Em vez de isolar os indivíduos das origens emocionais e de seus conflitos, os problemas são tratados na sua fonte.
As pessoas tem grande dificuldade de enxergar a própria participação nos problemas que as atormentam.
A tarefa do terapeuta é acordá-las para isso, sabendo ouvi-las procurando se mantiver neutra nas situações.
OBJETIVO
Através desse trabalho, mostrar a importância do trabalho do Terapeuta no desenvolvimento de um processo de escuta eficaz. Embora exista uma série de maneiras
de ouvir. Uma delas, por exemplo, é quando se ouve um amigo ou familiar, situação na qual se é convidado a oferecer os próprios pontos de vista enquanto se ouve com simpatia ou se faz comentários que têm o objetivo de acalmar quem é ouvido. Outra maneira seria quando o indivíduo procura um profissional para ouvir e aconselhar ou oferecer informações corretas sobre suas preocupações, como por exemplo, quando se procura um advogado para questões legais. Nesse caso, uma consultoria especializada é prestada e a informação transmitida. Uma terceira forma de ouvir, distinta das outras, envolve a absorção da narrativa de uma pessoa, sem o oferecimento de conselhos ou informações, de modo que, ao ouvir relatos de doença ou experiências de vida de um ponto de vista psicológico, tal atitude seja terapêutica.
A INTERVENÇÃO
A Nursing Interventions Classification apresenta a intervenção Listening Visits, que pode ser traduzida como Escuta Terapêutica em domicílio, a qual foi criada no Reino Unido para contornar barreiras relacionadas à acessibilidade e à aceitabilidade do tratamento da depressão em mulheres de minorias étnicas e de baixa renda. Esta intervenção consiste na utilização de técnicas provenientes do aconselhamento não diretivo, como a exploração de um problema por meio da Escuta Terapêutica e a resolução do mesmo em colaboração com o paciente atendido. A Escuta Terapêutica em domicílio apresenta-se como uma atividade eficaz na redução de índices de ansiedade e depressão em mulheres com depressão pós-parto ou mães de bebês prematuros. Para tais mulheres esta intervenção foi benéfica, pois se apresentou como uma oportunidade de falar e se concentrar em seus próprios sentimentos e circunstâncias. De acordo com estudiosos do tema, muitas vezes, o indivíduo necessita apenas de alguém que o escute para que possa ordenar e organizar sua própria experiência e, mesmo que a solução para seus problemas pareça distante ou até impossível, o simples falar causa uma sensação de alívio imediato, o que impede que o indivíduo se desestruture por experimentar um nível de tensão acima de seu limite. No entanto, para que o processo de escuta se desenvolva de forma satisfatória, é importante que o profissional tenha habilidades para fornecer apoio emocional e prático ao paciente, de modo que este se identifique e se sinta capaz de confiar neste profissional que presta o atendimento.
A habilidade para a Escuta Terapêutica, componente importante do processo de comunicação, envolve a compreensão do que a outra pessoa diz e sente e, em seguida, a comunicação desse entendimento de volta a ela. A equipe de saúde pode e deve proporcionar ao paciente uma assistência de qualidade, no entanto, para que isso ocorra é necessário assimilar habilidades de comunicação às quais não são adquiridas de forma
empírica ou com o passar do tempo, mas somente com educação adequada. Nesse contexto, torna-se relevante o estudo de métodos que possam auxiliar no processo de ensino da Escuta Terapêutica.
CONCLUSAO
A falta de habilidade para a prática da Escuta Terapêutica pode, por exemplo, a depender da forma como forem parafraseadas as declarações do paciente, gerar sentimentos de raiva e depressão no mesmo. Já o saber escutar terapeuticamente, pode ter um impacto positivo sobre aquele que é ouvido, como por exemplo, auxiliar na formulação de reações mais favoráveis ao estresse psicológico. Por fim, o processo de escuta exige tornar-se consciente do que se está fazendo quando se está a ouvir e entender que há uma diferença entre saber ouvir e apenas receber dados.
A influência de informações prévias sobre o paciente no processo de Escuta Terapêutica; a relação entre as atitudes e habilidades de escuta de supervisores e as condições de trabalho e reações de estresse psicológico de seus subordinados; e, finalmente, como a formulação das respostas no processo da Escuta Terapêutica pode influenciar a reação afetiva dos pacientes.
Escuta Terapêutica enquanto intervenção de saúde fornece uma direção para que enfermeiros e demais profissionais de saúde possam pensar o uso de tal intervenção em sua prática clínica, já que esta se apresenta como uma intervenção comprovadamente benéfica para o bem-estar do indivíduo. No entanto, é importante atentar para a necessidade da capacitação dos profissionais de saúde para a realização de tal atividade, visto que a falta de habilidades para a condução da Escuta Terapêutica pode acarretar prejuízos ao paciente. Novos estudos, principalmente experimentos que considerem os aspectos teóricos que sustentam esta intervenção, permitirão explorar com maior profundidade os efeitos da Escuta Terapêutica aplicados no contexto da saúde e conhecer possíveis condições dos pacientes que possam influenciar a obtenção dos resultados esperados com esta técnica.
BIBLIOGRAFIA
Rev Esc Enferm USP 2014; 48(6):1127-36 www.ee.usp.br/reeusp/ A Escuta Terapêutica como estratégia de intervenção em saúde: uma revisão integrativa Mesquita AC, Carvalho EC
Minuchin, S.1974 families and Family Therapy. http://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674292369&content=reviews
https://clinicajorgejaber.com.br/novo/wp-content/uploads/2018/06/jun_23.pdf

A Importância do trabalho da Terapia Familiar no tratamento do codependente