FÁBIO AUGUSTO FERREIRA MARQUES
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RESUMO

O grande apelo por um estilo de vida aceitável socialmente ganha proporções ilimitadas e perigosas pela juventude atual, que pelo incessante desejo de perfeccionismo estético e satisfação sexual, vem afundando-se vertiginosamente no consumo abusivo e letal de drogas sintéticas, tais como anfetaminas e metanfetaminas; tornando-se dependentes físicos, mentais, emocionais e sociais dessas drogas de alto poder de sedução e destruição, que causam efeitos extremamente danosos à saúde.
É crescente o número de pessoas que recorrem à inibidores de apetite como fórmula mágica para os padrões de beleza impostos pela sociedade e também o número de jovens ansiosos por sensações de deleite supremo, beirando a promiscuidade buscando metanfetaminicos para suprir essa necessidade.
O propósito deste artigo é apresentar os riscos e efeitos causados por essas drogas; e conscientizar a população de forma preventiva.

PALAVRAS-CHAVE: Drogas sintéticas; Sedução; Anfetaminas; Metanfetaminas; Dependência; Efeitos danosos a saúde.

INTRODUÇÃO
As drogas sintéticas estão sendo cada vez mais usadas de forma indiscriminada por todos os segmentos sociais; deve-se isso ao fato do poder de sedução que as mesmas têm. Tendo em vista que os usuários buscam diferentes motivações para usá-las: seja por conseguir o corpo com formas perfeitas, ou até a sensação de ápice de prazer; torna-se difícil traçar o perfil do usuário, bem como a etiologia do uso. A única certeza que se tem é que causam dependência física e mental, e crises de abstinências.
O glamour que permeia o uso dessas substâncias faz com que o usuário busque incessantemente seu consumo, comprometendo sua saúde e invertendo seus valores éticos e morais, compactuando com a criminalidade.
Atualmente a demanda nacional das drogas sintéticas migrou do consumo para a fabricação; colocando o Brasil no triste patamar de 50% de toda a produção e consumo mundial de inibidores de apetite (anfetaminas) e uso recreacional crescente de metanfetaminas entre os jovens nas baladas e festas rave. (LARANJEIRA & COLS 2011)

DESENVOLVIMENTO

A primeira finalidade terapêutica da anfetamina foi elevar a pressão arterial em caso de hipotensão durante procedimentos anestésicos. Devido seu efeito vasoconstritor, também foi usada como descongestionante nasal. Posteriormente foi utilizada como agente precursor para drogas terapêuticas (esctasy), e tratamento de asma (benzedrina), sendo está última utilizada de forma abusiva durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de combater a fadiga e inibir o apetite dos combatentes.
No final dos anos 60 e durante os anos 70 ocorreu a grande difusão do uso de anfetamínicos pelo mundo, culminando com a intensa produção e consumo de metanfetaminas nos anos 90, dando origem aos club drugs, atuais festas rave, alcançando um público com um perfil diversificado, desde obesos em busca de corpos perfeitos, atletas visando melhor performance, e jovens procurando prazeres extremos.
Dentre elas estão as Anfetaminas: Anfepramona (Hipofagin, Inibex); Dextroanfetamina (Reactivan, conhecido como rebite ou bolinha); Femproporex (Desobesi); Metilfenidato (Ritalina) e as Metanfetaminas entactógenas: MDMA(Ecstasy, cristal, adam); DMA(Pílula do amor); DOB(Cápsula do vento); MET(Meth, speed); Metanfetaminas alucinógenas: DOET(Stp, que significa serenidade tranqüilidade e paz)
Tipos de consumo da droga:
 Terapêutica: sob orientação médica para tratamento;
 Instrumental: com um fim determinado (aumentar concentração e emagrecer);
 Recreacional: para fins únicos de diversão e alteração da consciência.
Vias de administração:
 Oral (principal via) – efeito: início 15 min; duração até 12hrs
 Inalada – efeito: início: 3 min; duração até 12 hrs
 Injetada ou Fumada – efeito: início imediato; duração até 4hrs
Os efeitos colaterais do uso abusivo das anfetaminas são diversos, dentre eles destacamos: alteração da percepção; manifestação psicótica; aumento da pressão arterial; arritmia cardíaca; constipação ou diarréia; dificuldade de urina; contração uterina(podendo provocar cólicas e aborto); inibição do sono; aumento do estado de alerta; diminuição da fadiga; inibição do apetite; estimulação do humor; aumento da iniciativa, da autoconfiança e da concentração; provoca euforia; agitação psicomotora com taquilalia(fala rápida); aumento do desempenho físico. O uso prolongado ou de altas doses leva a ansiedade; depressão; fadiga. Outros efeitos tóxicos e adversos são: cefaléia; palpitação; tontura; confusão mental; agressividade; alucinações paranóides; delírios; crises de pânico; tremores e hipertermia.
Por sua vez os efeitos do uso das metanfetaminas são: alucinógenos ou entactógenos(aumento da autoestima, desenvolvendo maior empatia e sensação de proximidade e intimidade com outros indivíduos): euforia; aumento da energia; intensificação da percepção de cores e sons; sinestesia(mistura de sons e cores que tomam forma); afrodisíaco; aumento da pressão arterial; taquicardia; inibição do apetite; agressividade; ranger de mandíbulas; boca seca; desidratação; rigidez muscular; hiper-reflexia e hipertermia.
Quanto ao tratamento, a abordagem difere para a intoxicação, o abuso ou a dependência. Na intoxicação aguda deve-se fazer resfriamento corporal, administração de anti-hipertensivo e sedativo. Para o tratamento do abuso e da dependência, não existe farmacologia efetiva, nem antídotos. Nesses casos recomenda-se a procura por ajuda profissional neurológica, bem como em grupos de mútua ajuda.

CONCLUSÃO

É importante salientar que as formas de uso abusivo instrumental e recreacional facilitam a dependência da droga, associado a padrões de comportamento tolerados pela sociedade e estimulados pelos meios de comunicação: a busca incessante pela estética perfeita e a permissividade da diversão juvenil.
Vale ainda lembrar que o Brasil está na contra mão do cenário global, visto que ao contrário da tendência mundial, encontra-se como grande produtor e consumidor dessas substâncias; levando-nos a refletir sobre nossas crenças, valores morais e éticos, bem como numa política de prevenção ao uso de tais substâncias psicoativas, a fim de combater a degradação total dos usuários, cada vez mais dependentes de aceitação social.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Almeida SP, Silva MTA. Sintéticas, recreativas e ilegais: drogas de uma geração química. In: Silveira DX, Moreira FG, editores. Panorama atual de drogas e dependências. Atheneu: São Paulo; 2006.
 Pedroso ERP, Oliveira RG. Obesidade. In: Blackbook clínica médica. Belo Horizonte: Blackbook; 2007.
 Pacifici R, Zuccaro P, Farré M, Pichini S, Di Carlo S, Roset PN, et al. Effects of repeated doses of MDMA (“ecstasy”) on cell-mediated immune response in humans. Life Sci. 2001
 Alessandra Diehl, Daniel Cruz Cordeiro, Ronaldo Laranjeira e Colaboradores Dependência Química Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas; 2011

Anfetaminas e metanfetaminas: o poder da sedução das drogas sintéticas