Anna Paula de Aguiar

Resumo

Como seres humanos, temos muitas vezes a necessidade de ajudar ao outro. Queremos que ele pare de sofrer e melhore. Não medimos esforços para amparar quem amamos e proteger das coisas que lhes fazem mal. Mas qual é o limite? Até onde devemos ir? Quanto devemos fazer para ajudar o outro? A intensidade e o grau de envolvimento devem ter um limite. Uma pessoa que vive o problema do outro como se fosse seu e se preocupa mais em ajudar o outro do que em ajudar a si mesma é chamada de codependente.

O termo codependência surgiu no final da década de 70, simultaneamente em diversos centros nos EUA. Originalmente, era usado para designar pessoas que tinham suas vidas afetadas pelo envolvimento com alcoolistas, desenvolvendo com elas um padrão de relacionamento nocivo a ambos.

Codependência é um termo usado para se referir a pessoas fortemente ligadas emocionalmente a um dependente químico. Define o codependente como uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra afetá-la e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa . A codependência é uma doença crônica e progressiva,porém possui tratamento. Estes comportamentos incluem um ajudar ao outro compulsivamente e uma obsessão em tomar conta do outro.

A pessoa codependente tem baixa auto-estima, valoriza-se pouco, e considera o outro de quem cuida mais importante que ela mesma. Sente muita culpa, o que faz com que se responsabilize pelos comportamentos da outra pessoa. Sente também muita raiva, mas não se permite expressar abertamente este sentimento.

O presente artigo visa trazer ao conhecimento a definição de Codependência, como se manifesta e os danos causados por ela, as fases e padrões característicos e como pode se dar o tratamento.

Palavras-chave:​​ codependência, dependência química, adicto.

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INTRODUÇÃO

É um fato conhecido que uma pessoa que cuida de um familiar adicto pode colocar as necessidades desse acima das suas, anulando a si mesma, gerando uma dependência de cuidar do outro, denominada codependência, que causa grande impacto e sofrimento na vida das pessoas próximas e de si mesmas, mas poucos percebem como a codependência é altamente prejudicial para ambas partes envolvidas. Ao invés de ajudar o adicto a melhorar, certos tipos de co dependentes acabam reforçando o comportamento adicto, são, na maior parte dos casos, pais ou cônjuges que vivem em função da pessoa dependente, assumindo e se responsabilizando por todos os comportamentos desta. Não há causas definidas para a codependência, mas observa-se que a preocupação com o outro e o medo de perdê-lo por conta do seu comportamento adoecido podem desenvolver a dependência patológica.

DEFINIÇÃO Infelizmente, muitas famílias encontram-se imersas em situações problemáticas causadas pelo uso de drogas lícitas ou ilícitas. Aflição, dor, angústia e culpa são sintomas conflitantes e que dilaceram laços afetivos. Estes traços tornam-se visíveis nos semblantes de muitos pais e mães. Aos poucos, a codependência química transforma os indivíduos e faz com que o comportamento do adicto dite como serão suas vidas. A codependência causa renúncia à própria vida, além de transformar sua existência em medo e frustração, por não conseguir recuperar o adicto. A codependência pode ser definida como um transtorno emocional característico de familiares ou pessoas da convivência direta do adicto. Nesse transtorno observa-se um conjunto de padrões de conduta e pensamentos patológicos que, além de compulsivos, produzem sofrimento . A vida se torna incontrolável e como forma de defesa o codependente desenvolve seu próprio estilo de vida, modificando sobremaneira o seu modo de se relacionar consigo, com a pessoa problemática e com as demais pessoas de seu convívio familiar, social, e profissional. Quem é codependente demonstra um comportamento inconsciente e compulsivo esquecendo-se de si mesmo. Muitas vezes, abre mão de sua rotina, trabalho e planos para protegê-lo, visando impedir que a adicção chegue ao conhecimento de amigos, vizinhos e conhecidos. Alguns, inclusive, chegam a regular a vida do ente querido, impondo regras e controlando refeições, banhos, lazer etc. Por essa dedicação tão exclusiva, disfuncional e irrestrita, o codependente torna-se infeliz, explorado e impotente. Suas intenções, por melhores que sejam, apenas fazem dele um administrador de crises. A ansiedade e a constante frustração tornam a codependência, aos poucos, uma adicção. O adicto luta para tentar controlar seu vício e o codependente para controlá-lo, resultando em um círculo vicioso.
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Codependência é também um termo da área de saúde usado para se referir à pessoas fortemente ligadas emocionalmente a uma pessoa adicta, ou seja, dependente de drogas. O termo Codependência teve origem nos estudos com a dependência química e foi atribuído aos familiares, partindo do princípio de que os familiares de dependentes químicos também apresentariam uma dependência, não das drogas, mas dependência emocional ou uma preocupação constante e fixa no dependente. Posteriormente, tornou-se claro que não é necessário conviver com um dependente químico para sofrer de dependência emocional. De início, a descrição deste quadro incluía apenas familiares de pacientes alcoólicos, mas com o tempo o seu significado foi ampliado e atualmente o termo também inclui a conduta de familiares e pessoas significativas que têm um problema de comportamento.

CARACTERÍSTICAS DA CODEPENDÊNCIA

Algumas das características comumente apresentadas por codependentes são: ● Considerar-se e sentir-se responsável pelo adicto, inclusive pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dele; ● Sentir ansiedade, pena e culpa quando o adicto tem um problema; ● Sentir-se compelido, quase forçado, a ajudar o adicto a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções; ● Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente; ● Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está; ● Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente; ● Achar que a outra pessoa o está levando à loucura; ● Sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não sente sendo apreciado; ● Achar que não é bom o bastante; ● Contentar-se apenas em ser necessário a outros. ● Não reconhecem a si próprios como pessoas de valor. ● Codependentes crêem que os outros são incapazes de cuidar de si próprios; ● Tentam convencer os outros sobre como deveriam pensar e agir; ● Ficam ressentidos quando os outros recusam suas ofertas de ajuda; ● Oferecem conselho e orientação sem que lhe peçam; ● São pródigos em presentear e favorecem aqueles de quem gostam; ● Usam o sexo para ganhar aprovação e aceitação; ● Têm de se sentir necessários a fim de se relacionar com os outros.
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FASES DA CODEPENDÊNCIA

Negação A pessoa nega que o outro é um dependente químico ou possui um comportamento destrutivo, como se o problema fosse externo ou atribui a outra pessoa. Desespero Questionamentos como “o que foi que eu fiz de errado?”, “ será que briguei demais na infância?”, “por que está acontecendo comigo?”, “ eu deveria ter dado mais atenção” mostram o codependente se sentindo responsável pelo problema do outro, procurando um resposta ou culpa própria que possa justificá-lo. A tendência nessa fase é a agressividade e muitas cobranças. Controle O codependente acredita que pode controlar o outro. Atitudes como controlar as ligações telefônicas, as saídas, verificar mochilas e gavetas e controlar os horários são comuns nessa fase. Exaustão Emocional É quando o codependente encara o outro como doente, reconhece a doença que afeta o outro e para de vê-lo como irresponsável ou delinqüente . Nessa fase começa-se a busca pelo tratamento. O tratamento deve ser sistêmico, ou seja, familiar, pois se a família falhar o usuário falhará também. TRATAMENTO

A pessoa codependente tem baixa auto-estima, valoriza-se pouco, e considera o outro de quem cuida mais importante que ela mesma. Sente muita culpa, o que faz com que se responsabilize pelos comportamentos da outra pessoa. Sente também muita raiva, mas não se permite expressar abertamente este sentimento. O codependente pode usar esta raiva para se auto-agredir, protegendo assim o outro, de quem realmente sente raiva, mas que não pode ferir de nenhuma maneira. O tratamento da codependência não é fácil, mas é possível. O ideal é combinar a psicoterapia com os grupos de auto-ajuda de 12 passos. Na psicoterapia, a pessoa codependente tem como desafios: aceitar suas limitações em ajudar aos outros e colocar-se como sua prioridade número um; desenvolver um projeto de vida próprio, com objetivos e metas realistas; aprender que ajudar o outro significa dar-lhe autonomia e responsabilidade para decidir que ajuda precisa, lidar com a culpa; perceber e expressar a raiva; e que só pode ajudar o outro quando a ajuda estiver dentro das suas possibilidades; e também comunicar seus desejos e necessidades de forma clara e aberta. É importante que o codependente faça algum tipo de acompanhamento psicológico, seja ele terapia de casal, terapia em grupo, terapia familiar ou
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terapia individual, sem ajuda profissional qualificada não é possível tratar essa patologia. Em alguns casos o acompanhamento psiquiátrico também é recomendado. O codependente somente pode iniciar a modificação de seu relacionamento patológico com a vida do outro a partir do reconhecimento desta compulsão. É fundamental que o sujeito se conscientize do comportamento nocivo, perceba e reconheça que seu relacionamento com a pessoa adoecida é patológico, e que seus esforços em ajudá-lo e protegê-lo estão fadados ao fracasso. Ao tratar a codependência, o familiar perceberá que não é responsável pelo uso de drogas do dependente químico e que a tão desejada sobriedade depende deste, em muitos casos, o auxílio ao dependente químico inicia com o tratamento dos familiares. É necessário aprender a abrir mão do dependente químico sem abandoná-lo, ao compreenderem e tratarem a codependência, tem grandes chances de, com uma nova postura, auxiliarem o dependente químico de maneira efetiva.

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CONCLUSÃO

Pode-se então considerar que é um fato conhecido que uma pessoa que cuida de um familiar adicto pode colocar as necessidades desse acima das suas, anulando a si mesma, gerando uma dependência de cuidar do outro, denominada codependência, que consiste num termo da área de saúde usado para se referir à pessoas fortemente ligadas emocionalmente a uma pessoa adicta, ou seja, dependente de drogas. A pessoa acometida por esse comportamento é denominado codependente, este permite que o comportamento do adicto possa afetá-lo e é obcecado em controlar o comportamento dessa outra pessoa, crendo que sua felicidade depende de tentar ajudá-la, e assim se torna dependente dela emocionalmente, sendo excessivamente permissivo, tolerante e compreensivo com os abusos do outro e colocando as necessidades deste acima de suas próprias, é o processo de auto anulação, que ocorre a longo prazo. A codependência apresenta padrões de negação, de baixa autoestima, de conformidade e de controle. Apresenta também fases, são elas: negação, desespero, controle e exaustão emocional. O tratamento recomendado para codependência é o acompanhamento aos familiares de dependentes químicos a participação em grupos de mútua ajuda, assim como acompanhamento psicológico, e, se necessário, psiquiátrico.

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Codependência