Aluno

Mauricio Francisco Ribeiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rio de Janeiro, Novembro/2018

mf.terapeutass@gmail.com

 

 

Introdução:

 

 

Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool

também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua no sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência.

O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo

admitido e até incentivado pela sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual ele é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas.

Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas,

quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de

trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool em longo prazo, dependendo da dose, freqüência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo. Desta forma, o consumo inadequado do álcool é um importante problema de saúde pública, especialmente nas sociedades ocidentais, acarretando altos custos para sociedade e envolvendo questões, médicas, psicológicas, profissionais e familiares.

Palavra chave: álcool, doenças, gravidez, acidentes, mortes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desenvolvimento:

Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a conseqüências irreversíveis. A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho.

O abuso de álcool é diferente do alcoolismo porque não inclui uma vontade incontrolável de beber, perda do controle ou dependência física. E ainda o abuso de álcool tem menos chances de incluir tolerância do que o alcoolismo (a necessidade de aumentar as quantias de álcool para sentir os mesmos efeitos de antes).

Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool.

Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de

álcool pelo ser humano data de aproximadamente 6000 a.C., sendo, portanto, um costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noção de álcool como uma substância divina, por exemplo, pode ser encontrada em inúmeros exemplos na mitologia, sendo talvez um dos fatores responsáveis pela manutenção do hábito de beber ao longo do tempo.

Inicialmente, as bebidas tinham conteúdo alcoólico relativamente baixo,

como, por exemplo, o vinho e a cerveja, já que dependiam exclusivamente do

processo de fermentação. Com o advento do processo de destilação, introduzido na Europa pelos árabes na Idade Média, surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas, que passaram a ser utilizadas na sua forma destilada. Nesta época, este tipo de bebida passou a ser considerado como um remédio para todas as doenças, pois “dissipavam as preocupações mais rapidamente do que o vinho e a cerveja, além de produzirem um alívio mais eficiente da dor”, surgindo então à palavra whisky (dogálico usquebaugh, que significa “água da vida”).

A partir da Revolução Industrial, registrou-se um grande aumento na oferta

deste tipo de bebida, contribuindo para um maior consumo e, conseqüentemente gerando um aumento no número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema devido ao uso excessivo de álcool.

 

 

 

Efeitos agudos do álcool:

A pessoa que consome bebidas alcoólicas de forma excessiva, ao longo do

tempo, pode desenvolver dependência do álcool, condição esta conhecida como “alcoolismo”. Os fatores que podem levar ao alcoolismo são variados, podendo ser de origem biológica, psicológica, sociocultural ou ainda ter a contribuição resultante de todos estes fatores. A dependência do álcool é uma condição freqüente, atingindo cerca de 5 a 10% da população adulta brasileira.

A transição do beber moderado ao beber problemático ocorre de forma

lenta, tendo uma interface que, em geral, leva vários anos. Alguns dos sinais do beber problemático são: desenvolvimento da tolerância, ou seja, a necessidade de beber cada vez maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeitos; o aumento da importância do álcool na vida da pessoa; a percepção do “grande desejo” de beber e da falta de controle em relação a quando parar; síndrome de abstinência (aparecimento de sintomas desagradáveis após ter ficado algumas horas sem beber) e o aumento da ingestão de álcool para aliviar a síndrome de abstinência.

A síndrome de abstinência do álcool é um quadro que aparece pela

redução ou parada brusca da ingestão de bebidas alcoólicas após um período de consumo crônico. A síndrome tem início 6-8 horas após a parada da ingestão de álcool, sendo caracterizada pelo tremor das mãos, acompanhado de distúrbios gastrointestinais, distúrbios de sono e um estado de inquietação geral (abstinência leve). Cerca de 5% dos que entram em abstinência leve evoluem para a síndrome de abstinência severa ou delirium tremens que, além da acentuação dos sinais e sintomas acima referidos, caracteriza-se por tremores generalizados, agitação intensa e desorientação no tempo e espaço.

A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases

distintas: uma estimulante e outra depressora.

Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os

efeitos estimulantes como euforia, desinibição e loquacidade. Com o passar do

tempo, começam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenação

motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito

depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.

Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características

pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com outra pessoa que não está acostumada a beber. Outro exemplo está relacionado à estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte terá uma maior resistência aos efeitos do álcool.

O consumo de bebidas alcoólicas também pode desencadear alguns efeitos

desagradáveis, como enrubescimento da face, dor de cabeça e um mal-estar geral.

Esses efeitos são mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem

dificuldade de metabolizar o álcool. O oriental, em geral, tem uma maior

probabilidade de sentir esses efeitos.

 

 

Efeitos no resto do corpo

Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças. As

mais freqüentes são as doenças do fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e

(cirrose). Também são freqüentes problemas do aparelho digestivo (gastrite,

síndrome (de má absorção e pancreatite), no sistema cardiovascular (hipertensão),

(problemas no coração). Também são freqüentes os casos de polineurite alcoólica, caracterizada por dor, formigamento e câimbras nos membros inferiores.

 

 

 

Durante a gravidez

O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode trazer

conseqüências para o recém-nascido, sendo que, quanto maior o consumo, maior a chance de prejudicar o feto. Desta forma, é recomendável que toda gestante evite o consumo de bebidas alcoólicas, não só ao longo da gestação como também durante todo o período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do leite materno.

Cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool, que fizeram

uso excessivo durante a gravidez é afetados pela “Síndrome Fetal pelo Álcool”.

Os recém-nascidos apresentam sinais de irritação, mamam e dormem pouco, além de apresentarem tremores (sintomas que lembram a síndrome de abstinência). As crianças severamente afetadas e que conseguem sobreviver aos primeiros momentos de vida, podem apresentar problemas físicos e mentais que variam de intensidade de acordo com a gravidade do caso (CEBRID, 2002).

 

 

Álcool e transito:

O consumo de bebidas alcoólicas pode ser apontado como um dos

principais fatores responsáveis pela alta incidência dos acidentes automotivos com vítimas. De uma maneira geral, em vários países, costuma-se considerar que entre metade e um quarto dos acidentes com vítimas fatais estejam associados ao uso do álcool (PINSKY; LARANJEIRA, 1989).

Vale ressaltar que o consumo de bebidas alcoólicas também é apontado no

Brasil como um dos principais fatores causais de acidentes. Em aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o álcool é o principal responsável. De acordo com estatísticas do Grupo de Socorro Emergencial (GSE) do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 30,9% dos motoristas que precisaram de socorro exibiam sinais da presença de teor alcoólico no organismo (LIMA, 2003).

É importante observar que qualquer bebida contém a mesma quantidade de

álcool puro por dose padrão e, ao beber um copo de 300 ml ou uma “latinha” (350(ml) de cerveja, estará ingerindo a mesma quantidade de álcool puro, ou seja, em torno de 12 gramas, a mesma quantidade que há em uma taça de vinho ou dose de cachaça / uísque, alcançando a taxa de 0,2g/l (alcoolemia). Portanto, uma pessoa pode atingir 0,6g/l de álcool ao consumir três latas de cerveja ou três doses de uísque, variando um pouco conforme a massa corporal e a sensibilidade ao álcool do organismo (LIMA, 2003)

Ainda, a alcoolemia em torno de 0,4-0,6g/l já pode representar efetivo fator

de risco ao provocar manifestações neuro-cognitivas e comportamentais em

algumas pessoas a depender de certos fatores individuais (LIMA, 2003).

Acima dessa taxa, o álcool pode promover euforia, desinibição,

impulsividade, agressividade ou passividade. Tais considerações são importantes no que tange à possibilidade de riscos com níveis mais baixos do que é habitualmente permitido (0,5g/l de sangue). O simples fato de coibir níveis de alcoolemia acima do permitido é insuficiente, em tese, para garantir ausência dos acidentes. Dessa forma, os resultados dependem em grande parte da maneira de implementação de programas de prevenção (MOURÃO, 2000).

O álcool é um depressor de muitas ações no Sistema Nervoso Central, e

esta depressão é dose-dependente. Apesar de ser consumido especialmente pela sua ação estimulante, esta é apenas aparente e ocorre com doses moderadas, resultando da depressão de mecanismos controladores inibitórios. O córtex, que tem um papel integrador, sob o efeito do álcool é liberado desta função, resultando em pensamento desorganizado e confuso, bem como interrupção adequada do controle motor (SILVA E AMARAL, 1999).

Grande parte dos acidentes acontece em decorrência de condutores alcoolizados.

Segundo o site Vias Seguras (2009), dentre as causas comportamentais de

acidente tem-se:

  • Subavaliação da probabilidade de acidente;
  • Desatenção;
  • Cansaço;
  • Deficiências (visual, auditiva, ou motora);
  • Consumo de álcool;
  • Consumo de droga;
  • Excesso de velocidade;
  • Desrespeito à distância mínima entre veículos;
  • Ultrapassagem indevida;
  • Outras infrações de motoristas;
  • Não-uso de cinto, de capacete, de proteção para criança;
  • Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas.

Essas causas potenciais de acidentes são extremamente bem conhecidas e

foram combatidas eficazmente em muitos países pelas seguintes etapas:

  • Conscientização;
  • Regulamentação (se for o caso);
  • Repressão (se for o caso).

As alterações sofridas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), lei n. 9.503

de 23 de setembro de 1997, principalmente em seu artigo 218, através da lei n.

11.334 de 25 de julho de 2006, alterando os limites de velocidade são mais uma ação em prol da diminuição dos acidentes de trânsito, visto que o excesso de velocidade, distração e alcoolismo são os grandes vilões.

 

A ingestão de álcool, mesmo em pequenas quantidades, diminui a coordenação motora e os reflexos, comprometendo a capacidade de dirigir veículos, ou operar outras máquinas. Pesquisas revelam que grande parte dos acidentes são provocados por motoristas que haviam bebido antes de dirigir. Neste sentido, segundo a legislação brasileira (Código Nacional de Trânsito, que passou a vigora em janeiro de 1998) deverá ser penalizado todo o motorista que apresentar mais de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. A quantidade de álcool necessária para atingir essa concentração no sangue é equivalente a beber cerca de 600 ml de cerveja (duas latas de cerveja ou três copos de chope), 200 ml de vinho (duas taças) ou 80 ml de destilados (duas doses).

Tratamento:

A natureza do tratamento depende do grau de dependência do indivíduo e dos recursos disponíveis na comunidade. O tratamento pode incluir a desintoxicação (processo de retirar o álcool de uma pessoa com segurança); o uso de medicamentos, para que o álcool se torne aversivo, ou para diminuir a compulsão pelo álcool; aconselhamento, para ajudar a pessoa a identificar situações e sentimentos que levam à necessidade de beber, além de construir novas maneiras de lidar com essas situações. Os tratamentos podem ser feitos em hospitais, em casa ou em consultas ambulatoriais.

O envolvimento e apoio da família são essenciais para a recuperação. Muitos programas oferecem aconselhamento conjugal e terapia familiar como parte do processo de tratamento.

Quase todos os programas de tratamento do alcoolismo também incluem encontros de Alcoólicos Anônimos (AA), cuja descrição é “uma comunidade mundial de homens e mulheres que se ajudam a ficarem sóbrios”. Enquanto os AA são geralmente reconhecidos como um programa eficiente de ajuda mútua para recuperar dependentes de álcool, nem todas as pessoas respondem positivamente ao estilo e mensagens do AA, e outras abordagens podem estar disponíveis. Até mesmo os que vêm conseguindo ajuda pelo AA geralmente descobrem que a recuperação funciona melhor com outros tratamentos juntos, inclusive aconselhamento e tratamento médico.

 

Conclusão:

Concluímos que, o álcool constitui um grave problema de saúde publica com complicações que podem atingir a vida pessoal, familiar, escolar, ocupacional e social do usuário e pode ter diversas causas diferentes, como fatores genéticos, doenças mentais, fatores metabólicos e etc.

 

O uso do álcool pode causar efeitos variados, como raciocínio prejudicado com perda de controle sobre o comportamento, menor capacidade de expressar informações, euforia entre outros.

 

O consumo de bebidas alcoólicas é o principal responsável pelas mortes no transito.  Estima-se que, 50% das mortes violentas são devido ao consumo de álcool.

 

O consumo de álcool aumentou nos últimos anos, e isso contribui para uma problemática grave no país.

A dependência normalmente se instala de forma imperceptível. Não salta aos olhos, nem mesmo é reconhecida como doença no seu inicio de desenvolvimento. Na grande maioria das vezes a sua evolução e lenta e gradativa. Varias são as justificativas para as questoes que vão surgindo, como a negação da mesma. A dependência se instala com o falso prognostico de que e fácil a libertação. Mas sabemos que 10% da população não esta livre, e sim aprisionada e submetida a compulsões destruidoras, com fim normalmente trágico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:

 

Fonte: http://dicassobresaude.com/os-5-principais-sinais-de-dependencia-ou-abuso-de-alcool/

Fonte: http://www.ultracurioso.com.br/10-coisas-estranhas-que-acontecem-durante-a-gravidez/

Fonte: http://avnutrition.webnode.com.br/news/efeitos-do-alcool-no-organismo-/

As drogas e nossos filhos/ Celso Martins –ed -Rio de Janeiro: CELD, 2011.

Senad. Prevençao-Prioridades na área de prevenção.

Ribeiro, M.S Alcoolismo, Personalidade e Transtornos de Personalidade:

Possibilidade diagnostica e tipologia. Medicina 32(Supl1), 17-25, 1999.

SANCHES, Kátia Regina de Barros, A AIDS e as mulheres jovens: uma questão de vulnerabilidade, 1999.

MAIA, as bases evolutivas do comportamento humano.

ROGERS, Carl R., Grupos de Encontros, 2002.

 

 

Uso abusivo de álcool e suas conseqüências