“Tirei férias neste mês de abril e como em 2015 busquei contactar profissionais que trabalham na área de saúde mental, e por indicação do Dr. Jorge Jaber tive a oportunidade de conhecer o Dr. Néstor Szerman, Presidente da Sociedade Espanhola de Patologia Dual.
Na Espanha, em Madri:
1- Por intermédio de uma amiga que fez doutorado em Madrid, recebi indicação para conhecer um dos serviços de saúde mental que trabalha com Adicções e fui recebida pela Psicóloga María Pérez, Chefe da Seção CAD de Arganzuela.
Lá eles oferecem tratamento terapêutico diário, para adolescentes e adultos, que são assistidos por diferentes profissionais da equipe: psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e enfermeiros. A linha do tratamento terapêutico é através da TCC (terapia cognitivo comportamental) e utilizam um viés pedagógico para desenvolver o trabalho. Eles também desenvolvem um trabalho com crianças, nas escolas, que é focado na prevenção ao uso de drogas.
2- Por indicação do Dr. Jorge Jaber, tive a oportunidade de conhecer o Dr. Néstor Szerman, Presidente da Sociedade Espanhola de Patologia Dual, e fui muito bem recebida. Na ocasião, conheci o Serviço de Saúde Mental do Retiro que trabalha em integração e cooperação (como uma rede) constante em Madrid. No contato, falei sobre o trabalho de Arteterapia que desenvolvo e coordeno na Clínica Jorge Jaber, sob a orientação do Dr. Jorge Jaber. O Dr. Néstor se interessou pelo trabalho que desenvolvemos na CJJ e fez um convite para apresentarmos um trabalho no “V Congresso Internacional de Patologia Dual” que acontecerá de 23 a 26 de março de 2017.
Na Italia, em Frascati:
1- Em 2015, conheci uma assistente social italiana chamada Cristina que trabalha com pacientes com transtornos por uso de substâncias químicas, num Centro Diurno de Saúde Mental que objetiva a redução de danos em Frascati. Este ano ela me recebeu novamente e me apresentou outros profissionais e centros de tratamento.
Na Itália, eles também trabalham em rede, o serviço tem uma comunicação constante o que possibilita maior integração e cooperação entre os serviços objetivando melhor atendimento e acolhimento do paciente.
Ela me levou à “Comunidade Terapêutica San Carlo”, que recebe pacientes, encaminhados dos centros de saúde mental, que desejam voluntariamente tratamento para interromper o uso de substâncias. Lá os pacientes são acolhidos e passam a viver (por períodos em média de 6 meses a 18 meses) dentro das regras estabelecidas pela comunidade, eles tem trabalhos diários onde são responsáveis pela manutenção do centro (limpeza, jardim, lavanderia, cozinha, etc.), a linha adotada é pedagógica educativa. Gradualmente eles vão apresentando mudança comportamental e alcançando as 4 fases que são propostas.
Nas duas primeiras, eles permanecem dentro da comunidade na terceira e quarta ele passam a residir em outro centro de tratamento e passam a ter mais autonomia até chegar na quarta fase, onde eles continuam recebendo apoio terapêutico diário, porém já começam a buscar a reinserção no mercado de trabalho e no núcleo familiar (quando possível), para seguir a vida.
2- Ainda em Frascatti, conheci um “Centro Diurno de Acolhimento e Sociabilização” que oferece aos moradores de rua um espaço onde eles podem lavar roupas, receber alimentação, ver televisão e tomar banho.
Na Italia, em Roma:
Em 2015, através de um amigo psiquiatra e psicanalista que reside em Roma, conheci a assistente social Lucia Simonelli, responsável pelo desenvolvimentos de projetos no Centro Diurno de Saúde Mental de Roma. Na ocasião, visitei oficinas de artes (mosaico e cerâmica), audiovisual e bicicleta que são oferecidas aos pacientes.
Este ano mais uma vez visitei o Centro porém fui convidada a participar do “Grupo Terapêutico Multifamiliar”. Um grupo terapêutico interessante, onde numa grande sala participam pacientes, familiares (aproximadamente 30 pessoas) e diversos profissionais do serviço (2 médicos psiquiatras, 4 psicólogas, 1 enfermeiras e 2 assistentes sociais). Após o término do grupo fui apresentada a todos os membros da Equipe e tive a oportunidade de falar do trabalho que desenvolvemos na CJJ. Fui bem recebida e convidada a participar da reunião de Equipe.
Na Itália, Comunidade de Formello:
Passeando por Formello, Centro Histórico que pertence a Comunidade de Roma, fui atraída por uma música típica italiana e ao me aproximar percebi que se tratava de um espaço terapêutico onde estava sendo desenvolvido um trabalho de arteterapia através de uma dramatização. Me apresentei e fui convidada a entrar e assistir o ensaio. A responsável pelo desenvolvimento, Valentina, me informou que eles estavam ensaiando uma peça “Uma Cena da Vida Cotidiana” que seria apresentada no teatro local em 3 dias e eu era a primeira platéia deles. Os pacientes atendidos neste centro são portadores de diversos transtornos (down, paralisia cerebral, problemas neurológicos, etc.) Foi uma vivência muito especial, os pacientes que foram muito carinhos e receptivos.
Sem dúvida em todo lugar por onde passo busco agregar novos conhecimentos para a minha vida pessoal e também profissional; muitas das vivências que experimentei terão desdobramentos para o desenvolvimento do meu trabalho. Com as experiências que tenho tido percebo cada vez mais que o caminho do tratamento, através da arte, não encontra barreiras e sim oferece cada vez mais novas formas de alcançar uma melhor qualidade de vida. Para mim a arte é uma linguagem universal que atravessa barreiras e nos faz estar mais próximo da saúde!