Resumo do texto
A técnica e a habilidade em realizar entrevistas é um atributo fundamental e insubstituível do profissional de saúde.
Pode-se afirmar que a habilidade do entrevistador revela-se pelas perguntas que formula, por aquelas que evita formular e pela decisão de quando e como falar ou apenas calar. Também é atributo essencial do entrevistador a capacidade de estabelecer uma relação ao mesmo tempo empática e tecnicamente útil do ponto de vista humano.
É fundamental que o profissional possa estar em condições de acolher o paciente em seu sofrimento, de ouvi-lo realmente, escutando o paciente em suas dificuldades e idiossincrasias. Além de paciência e respeito, o profissional necessita de uma certa têmpera e habilidade para estabelecer limites aos pacientes invasivos ou agressivos, e assim, proteger-se e proteger o contexto da entrevista.
Deve-se ressaltar que, de modo geral, algumas atitudes são na maioria das vezes inadequadas e improdutivas, devendo o profissional, sempre que possível evitar:
• Posturas rígidas, estereotipadas, fórmulas que o profissional acha que funcionaram bem com alguns pacientes e, portanto, deveriam funcionar com todos. Assim, o profissional deve buscar uma atitude flexível, que se adapte à personalidade do paciente, aos sintomas que ele está apresentando no momento, à sua bagagem cultural, à seus valores e linguagem particulares.
• Atitude excessivamente neutra ou fria, que muito frequentemente em nossa cultura, transmite ao paciente sensação de distância e desprezo.
• Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas, que produzem, na maioria das vezes, uma falsa intimidade. Uma atitude receptiva, mais discreta, de respeito e consideração pelo paciente, é o ideal de uma primeira entrevista.
Criar um clima de confiança (estabelecendo um vínculo terapêutico) para que a história do paciente surja na sua plenitude, tem grande utilidade, tanto diagnóstica como terapêutica.
• Comentários valorativos ou emitir julgamentos sobre o que o paciente relata ou apresenta.
• Responder com hostilidade ou agressão às investidas hostis ou agressivas de alguns pacientes. O profissional deve se esforçar por demonstrar serenidade e firmeza ao paciente agressivo e hostil. Também deve ficar claro que na entrevista há limites.
• Entrevistas excessivamente prolixas, nas quais o paciente fala, fala, fala, mas no fundo, não diz nada de substancial sobre seu sofrimento. Fala, às vezes, para se esconder, para dissuadir a si mesmo e ao entrevistador. Neste sentindo, o profissional deve ter a habilidade de conduzir a entrevista para termos e pontos mais significativos, interrompendo a fala do paciente quando julgar necessário.
• Fazer muitas anotações durante a entrevista, pois, em alguns casos, isso pode transmitir ao paciente que as anotações são mais importantes do que a própria entrevista (observar se o fazer anotações incomoda o paciente).
Fonte:
Livro: Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais
Autor: Paulo Dalgalarrondo
Editora: Artmed
Capitulo 8 – A entrevista com o paciente: Anamnese psicopatológica.
Aluna: Gabriella Panno da Rocha