por Gabriella Panno da Rocha
A inclusão de intervenções focadas na família, através da terapia unifamiliar, ou da terapia multifamiliar vem crescendo como uma forma de enfrentar um problema tão grave e complexo como é a dependência química.
A dependência química é um fenômeno de extrema relevância em termos de saúde pública, é multifatorial e sua complexidade exige que o tratamento implique em múltiplas abordagens terapêuticas. A terapia unifamiliar e/ou multifamiliar é inserida nesse contexto, intervindo nas famílias em plena crise.
A dependência de drogas é um fenômeno que afeta não somente o usuário, mas também seu sistema familiar, enfatizando assim a importância do estudo do funcionamento relacional dessas famílias.
Para cada indivíduo envolvido com álcool e/ou outras drogas, estima-se que 4 a 5 pessoas, incluindo cônjuges, companheiros, filhos e pais serão direta ou indiretamente afetados. Um episódio de embriaguez e intoxicação pode repercutir em um importante comprometimento das relações familiares refletindo-se diretamente nas crianças.
Na maior parte dos casos, as instituições e os terapeutas recebem o dependente químico com a incumbência de entregá-lo “curado” à família, que efetivamente não é percebida como parte integrante do problema e, portanto, do processo de mudança.
Uma característica da abordagem multifamiliar é possibilitar a cada membro do grupo ver os demais em interação, isto é, passar da compreensão particular à compreensão do outro, ampliando a percepção tanto das dificuldades quanto das formas de solucioná-las. O atendimento multifamiliar oportuniza às famílias repensarem os seus conceitos e incluírem-se no projeto de mudança.
A abordagem multifamiliar como uma intervenção breve na dependência química não entende os problemas das famílias como uma doença e sim como padrões relacionais disfuncionais e é focada nos recursos e habilidades que as famílias possuem para resolver os seus problemas.
A terapia multifamiliar é uma técnica particularmente útil e aplicável para abusadores e suas famílias. Esse tipo de terapia pode ser utilizado em qualquer contexto de tratamento da dependência química, mas é mais efetivo nos tratamentos em regime hospitalar porque é quando as famílias estão mais disponíveis.
Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652009000200008 acessíveis.