Aluna: Anna Laura Pompilio Schmidt
O suicídio na criança e no adolescente é uma manifestação dramática e grave. Atualmente há uma tendência entre os autores de denominarem a tentativa de suicídio de comportamento autodestrutivo deliberado.
A ocorrência de comportamento suicida entre os jovens vem aumentando nas últimas décadas. Atualmente o suicídio é a 2ª causa de mortes entre jovens de 15-24 anos de idade, tanto nos EUA, quanto na Inglaterra, e o índice nesta faixa etária, é de 0,01%. Se calcula que 25-40% dos jovens que se suicidaram já tiveram, pelo menos 1 tentativa de suicídio prévio.
Outro dado relevante é que o comportamento suicida é 2 a 4 vezes mais comum em indivíduos com parentes de 1º grau também com esse comportamento.
São fatores de risco para o suicídio: abuso físico da criança, violência sexual, abuso de substâncias alcoólicas em adolescentes, uso de drogas, estresse pós-traumático, transtornos ansiosos, depressão, transtorno bipolar do humor, história familiar positiva para suicídio, e comportamento agressivo e/ou impulsivo.
No Brasil em investigação de comportamento suicida em adolescente na faixa de 13 a 20 anos de idade, acompanharam diariamente em um período de 4 meses as tentativas de suicídio atendidas no Pronto Socorro de Porto Alegre e encontraram os seguintes resultados: 88% foram causados por intoxicações ( overdose ), 84,4% ocorreram em garotas, 47% já haviam tido uma tentativa de suicídio anterior, 28% apresentaram diagnóstico de depressão. Miranda e Queiroz, pesquisando a ideação suicida e tentativas de suicídio em amostra de 875 estudantes de medicina em Belo Horizonte – MG, obtiveram as taxas de 37% para ideação de suicida, e 2,3% para tentativa de suicídio.
Quanto ao método aplicado pelos adolescentes, em torno de 80% das tentativas de suicídio ocorreram através de intoxicações, seguido de corte de pulsos, enquanto aproximadamente 65% dos suicídios são cometidos com arma de fogo, seguidos por enforcamento, saltos e intoxicações.
Alguns estudos nos EUA citam que 57% dos suicídios em adolescentes foram por arma de fogo.
A maioria dos adolescentes vítimas de suicídio o fazem de modo impulsivo e frequentemente se encontram intoxicados ( álcool e drogas ).
Todo profissional de saúde deve considerar o paciente de risco até segunda avaliação. Portanto, a avaliação clínica torna-se primordial para evitar maiores consequências. Não é raro o paciente apresentar múltiplas lesões, portanto, um exame físico completo pode evidenciar alguma lesão que o paciente preferiu não revelar. A abordagem inicial é o tratamento psiquiátrico seguida por acompanhamento com psicólogo. E em casos extremos como ideação suicida, tentativa de suicídio ou surto psicótico são indicativos de internação psiquiátrica.
Portanto o comportamento suicida é uma intercorrência grave e necessita de uma avaliação e abordagem precisa pela equipe de saúde. Considera-se fundamental uma avaliação completa e criteriosa, além da solicitação de acompanhamento da equipe de saúde mental. Tais medidas podem ser fundamentais para a saúde física e mental da criança, do adolescente e da família.
Referências: 1- Jornal de Pediatria, 2002, vol 78, No 5, Saint-Clair Bahls
2- Instituto da criança – Hospital das Clínicas, 2015, Alexandre Boronat, cap 15 págs 174-180