Aluna:Maria Aparecida Xavier Vieira

Introdução
O uso de drogas psicotrópicas é uma prática antiga e popular. Porém, o manejo e o padrão de uso atual são completamente diferentes da época de nossos ancestrais. Deixou de ser um uso com fins específicos para se tornar rotineiro, alterou fortemente seus efeitos e resultados sociais.

A dependência tem se mostrado um transtorno de saúde pública ao redor do mundo. Mesmo que seja um problema antigo, somente no último século é que tem recebido maior enfoque nas discussões no meio acadêmico, político e na comunidade em geral, o que resulta em estratégias para intervenção. Porém, um dos principais problemas é a não adesão dos dependentes. (Crives e Dimenstein, 2003).

A palavra ‘‘dependência’’ deixa de ser um termo referente às complicações clínicas decorrentes do uso para ser considerado um comportamento em si, devido às proporções que o uso dessas substâncias tomou. As consequências negativas ficam nítidas nas relações familiares, no trabalho, nos vínculos afetivos, em situações corriqueiras do cotidiano (como no trânsito) e até em outros contextos de saúde pública, como no aumento de casos de infecção por HIV (Brasil, 2003). Percebem-se diferentes estágios na modelagem desse comportamento, assim como nas complicações decorrentes do uso contínuo de uma droga, influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais que devem ser considerados na elaboração dos cuidados terapêuticos, incluindo tratamentos ambulatoriais, terapêuticos, de internações breves ou longas, dentre outros. É necessária, para além das intervenções farmacológicas, a inclusão de estratégias comportamentais, sociais e laborais. (Scaduto e Barbieri, 2009).

Certo é que o uso abusivo e prolongado de qualquer tipo de substância psicotrópica, lícita ou não, provoca danos, por vezes irreparáveis, ao organismo do indivíduo. Normalmente o sistema nervoso central é o mais afetado. No que concerne ao uso do álcool, por exemplo, o organismo promove neuro adaptações no funcionamento das monoaminas, dos aminoácidos neurotransmissores, dos canais de cálcio e de outros mecanismos de sinalização celular, adapta-se à presença do álcool e gera uma importante síndrome em decorrência de sua abstinência, com problemas emocionais, cognitivos e de percepção somática característicos. (Zaleski et al., 2004).

Em meio às várias drogas disponíveis atualmente, as mais usadas são o tabaco, o álcool e a cocaína. Essa pode ser
encontrada na sua forma pura ou derivada, usada por via nasal, intravenosa ou pulmonar, como o crack. Estudos e levantamentos feitos entre estudantes nas capitais dos estados brasileiros, desde 1997, apontam que o uso de álcool na vida foi de 54,3% entre os adolescentes de 12-17 anos e de 78,6% entre os jovens de 18 a 24 anos, 5,7% dos entrevistados entre 12-17 anos apresentaram algum problema associado ao seu uso, na faixa de 18-24 anos esse percentual sobe para 12%. (Galduróz et al., 1997; Brasil, 2007).

Dessa forma, o uso abusivo de drogas é uma questão de ordem urgente, um dos temas mais debatidos e mobilizadores na atualidade. Os efeitos negativos dessa pandemia têm desestruturado as bases da sociedade, ameaçado os valores humanos, econômicos e culturais, infligido prejuízos consideráveis pelos gastos no combate ao tráfico e no tratamento dos usuários, além do impacto na saúde e na qualidade de vida da sociedade. (Brasil, 2011).

O exercício físico é um aliado importante no tratamento de várias patologias e suas comorbidades, por efeitos diretos, como a redução da gordura corporal e dos níveis de colesterol e a melhoria cardiorrespiratória, ou indiretos,
como a melhoria na autoestima e na sensação de bem-estar, com redução de sintomas depressivos. Há uma consciência de que além de tratar problemas de saúde, o condicionamento físico previne problemas e reduz o agravo de patologias. Especificamente nos problemas de saúde relacionados ao uso de drogas, o exercício físico estimula a
liberação de substâncias neurotróficas, propicia melhoria funcional do sistema nervoso e até mesmo sensações de prazer e relaxamento, interfere de maneira positiva na prevenção e no tratamento da dependência (Abu-Omar; Rut-
ten; Lehtinen, 2004; Brum, 2004; Mialick; Fracasso; Sahdm, 2010; apud Ferreira, 2012).

O exercício físico tem sido proposto como adjuvante no tratamento da dependência de drogas lícitas e ilícitas, complementa abordagens psicoterapêuticas e farmacológicas tradicionais. Assim, representa um incremento significativo nas possibilidades para abordagem e tratamento, torna-se alvo de interesse de pesquisadores que buscam a compreensão das bases fisiológicas para sua inclusão terapêutica, de forma segura, com vistas à redução das alterações neuroquímicas, do desejo e da compulsão pelo uso (fissura) dos distúrbios do humor e da cognição, bem como dos níveis de estresse e das dificuldades para relacionamento social e afetivo decorrentes do uso de drogas. (Zschucke et al., 2012).

Assim, este trabalho aborda o tema da dependência, incorporando o exercício físico como uma estratégia para estimular a recuperação, reabilitação e socialização dos dependentes. Destacamos a necessidade de especificidades na avaliação do estado geral dos indivíduos, para que o programa de exercícios físicos seja melhor dimensionado no planejamento e na intervenção terapêutica.

Exercício Fisico na Dependência Química