Cristine Pereira Rebouças

 

INDICE

Resumo……………………………………………………………………….. 03

Introdução…………………………………………………………………… 03

Desenvolvimento………………………………………………………….. 04

Algo que precisamos nos preocupar…………………………………. 05

Uso e abuso de drogas…………………………………………………… 06

A pressão dos pares como fator de risco para o uso de drogas. 07

A família como fator de risco para o uso de drogas pelos filhos.07

Percepção dos famílias ………………………………………………….. 08

Importância da família no tratamento………………………………. 08

Família o poder de transfomação…………………………………….. 09

Conclusão……………………………………………………………………. 10

Bibliografia………………………………………………………………….. 11

 

 

 

 

 

 

A Família e seu poder de transformação

Cristine Pereira Rebouças

 

RESUMO

O estudo objetivou ressaltar a importância da Família e seu poder de transformação. Vários estudos têm apontado à importância do seio familiar no processo de reabilitação de pacientes envolvidos com dependência química, no tocante aos fatores de proteção e prevenção.

Palavras-Chave: Família, Dependência Química, Prevenção.

 

INTRODUÇÃO

A primeira célula elementar social é a família, onde o indivíduo desenvolve habilidades, intelecto, emoções e valores. É a família a primeira sentir as consequências das mazelas que a droga faz. A dependência química pode ser considerada uma doença familiar, pois afeta diretamente a família. As substâncias encurtam a vida do usuário e prejudicam a qualidade de vida de si e dos outros.

O que mais se espera da família é o cuidado, a proteção, o aprendizado dos afetos,  a construção de identidade e vínculos afetivos, visando uma melhor qualidade de vida a todos os seus membros e à inclusão social em uma comunidade. É a família quem primeiro encoraja o usuário a se tratar.Muitas das vezes, o dependente não consegue entender o quanto a família o quer recuperado, mesmo que ela tome partido da situação, a fim de ajudá-lo.

Nas últimas três décadas, o reconhecimento do papel que as famílias podem desempenhar no tratamento por abuso/dependência de substâncias psicoativas, é notório em termos de prevenção e/influência no curso do problema da dependência, ajudando a reduzir os efeitos negativos em seus membros.

 

DESENVOLVIMENTO

A família como instituição cuidadora de seus membros e responsável pela transmissão de valores éticos e morais, é de indiscutível relevância como instituição capaz de contribuir para a prevenção frente aos inúmeros problemas acarretados pelas drogas. Para desenvolver projetos de atenção à família, o ponto de partida é olhar para esse agrupamento humano como um núcleo em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas, dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham cotidiano e, no decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu futuro, acolhem-se.

Ainda que mudanças sejam constantes na estrutura familiar brasileira, especialmente na última decada, e, mesmo havendo mitos, valores e tabus a respeito de estruturas familiares que divergem do modelo tradicional, o uso indevido de drogas no âmbito familiar não se associa diretamente ao tipo de estrutura que a família apresenta. Assim, depreende-se que o papel da família é mais importante sob a perspectiva de prevenção às drogas do que atribuir à estrutura familiar a relação de causa.

A estrutura familiar no Brasil vem sofrendo alterações em sua dinâmica. A mulher assume cada vez mais o papel de provedora do lar, que outrora nas camadas médias e altas da população era papel predominantemente masculino. Por outro lado, masmo em famílias maternas são representativas e, muitas das vezes, as reponsáveis pela transmissão dos valores vigentes na sociedade, assim como na função de cuidadora de seus membros, os quais convivem por afetividade, assumindo compromisso de cuidado mútuo.

As mães, no universo familiar, são as que permitem as trocas afetivas marcantes para o indivíduo e decisórias no modo de ser e agir consigo mesmo e com o outro.

 

ALGO QUE DEVEMOS NOS PREOCUPAR

No Brasil, a partir de 1987, houve aumento do consumo de substâncias psicoativas entre crianças e adolescentes e o percentual de adolescentes no país que já consumiu drogas entre 10 e 12 anos de idade é extremamente significativo: 51,2% já usaram bebidas alcoólicas; 11% tabaco; 7,8% solventes; 2% ansiolíticos e 1,8% usaram anfetaminas.

Tal aumento, principalmente entre os jovens, é considerado problema de saúde pública, tendo em vista que a droga afeta o indivíduo, a família e a comunidade, com sérias repercussões à saúde devido à associação com a violência, os acidentes, a gravidez não programada e as doenças sexualmente transmissíveis, contribuindo dessa forma, para os quadros de morbidade e mortalidade.

O uso de drogas pode se iniciar em idade cada vez mais precoce, como também no começo da idade adulta, sendo as crianças e os adolescentes os principais alvos das drogas, tanto as legais e, nesse caso, o tabaco e o álcool, quanto as ilegais, com possibilidades de envolvimento com o tráfico.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), entretanto, pouco se tem feito no campo da prevenção que, segundo o Ministério da Saúde, é definida como um processo de planejamento e implementação de múltiplas estratégias voltadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e riscos específicos e fortalecimento dos fatores de proteção.

A Dependência Química, nos dias de hoje, corresponde a um fenômeno extremamente divulgado e  discutido devido ao uso abusivo de substâncias psicoatievas, que tornou-se um grave problema social e de saúde pública. A dependência química é definida pela 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) da Organização Mundial de Saúde (OMS), como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetitivo de determinada substância. A dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiácias) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes.

É uma doença crônica multifatorial, isso significa que diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso de    substância, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais. Para o dependente e usuário, o uso das substâncias químicas, inicialmente, significa fonte de prazer e de satisfação momentânea ou como uma forma de esquecer as dificuldades da vida. Com o tempo, muitas pessoas continuam a consumir visando evitar os efeitos indesejáveis de sua abstinência.

O uso e abuso de drogas – O perigo está muito perto

[… ] Aqui na comunidade em cada esquina jovens, adolescentes são vistos comprando e vendendo drogas na maior naturalidade ( Borél). […] Vivendo com as drogas no seu local de moradia fica mais fácil o acesso, talvez a distância dificulta-se mais o acesso. Morando dentro do problema, influencia sim! A criança fica mais vulnerável. (PEDREIRA). […] Tem muita influência, porque em cada esquina vocês tem acesso às drogas. Aqui não tem como esconder (CHATUBA). […] Quando se mora na comunidade, que tem a boca de fumo do lado às vezes vejo os viciados que param lá e fumam na frente da criança (JORGE TURCO).

Em um contexto, onde a venda e o consumo de drogas, por alguns membros da própria comunidade, ocorrem no entorno, testemunhados por crianças e jovens, o papel da família é fundamental no que concerne ao monitoramento e à imposição de limites aos filhos. São formas ou estratégias de prevenção adotadas pelas famílias, em face da proximidade, do fácil acesso e dos riscos de envolvimento com suas consequências para o indivíduo, família e comunidade. Nessas circunstâncias, é de suma importância o papel dos pais, no intuito de apreender a percepção das expectativas e o cumprimento, ou não, das regras estabelecidas pelas família, minimizando a oportunidade de uso/abuso de drogas.

 

A pressão dos pares como fator de risco para o uso de drogas

As trocas afetivas na família são dinâmicas e marcadas, em alguns circunstâncias, por comflitos de idéias e interesses, cabendo à família a vigilância e a imposoção de limites, principalmente na adolescência, vista como momento de crise e de novas descobertas. Nessa fase, ocorre distanciamento dos pais e a possibilidade de identificação com outros grupos,podendo o adolescente, devido à vulnerabilidade e à necessidade de ser aceito pelos pares, adotar comportamento e atitudes que se encaminham para o risco do uso e abuso de drogas.

Enquanto os filhos são menores, frequëntam creches e escolas, é possível o monitoramento pelos pais e professores. No entanto, com a chegada da adolescência, devido à necessidade de auto-afirmação e de decidir sobre sua vida, o adolescente pode assimilar o comportamneto e atitudes dos  desviantes, havendo o risco de envolvimento com o uso de drogas como relatado pelas mães.

Na adolescência, o jovem ainda não tem capacidade amadurecida de abstração para refletir, avaliar e optar. Assim, se o grupo ao qual se integrou estiver experimentalmente usando drogas, pressiona-o usar também. O risco para o desenvolvimento de comportamento dos desviantes se agrava quanto mais desengajada é a família em suas relações interpessoais. Os adolescentes não são cooptados por amigos anti-sociais, mas ele são atraentes, quando os pais não implementam práticas efetivas de educação que equilibram afeto, atenção e limites para os filhos.

A família como fator de risco para o uso de drogas pelos filhos

É fundamental na constituição do indivíduo a forma como ele é criado pela família, estando a cargo dos pais, principalmente, a proteção contra os fatores de risco relacionados às drogas.

Da mesma forma que a família é o pilar da construção de vínculos saudáveis entre seus membros, as famílias disfuncionais podem conduzir normas desviantes pela forma de comportamneto dos responsáveis para com seus filhos. Tais distúrbios ocorrem na maioria dos casos nos quais carecem de habilidades para a criação dos filhos, reduzindo as possibilidades de difusão de fatores de fatores protetores.

A influência da família no uso e abuso de drogas pelos filhos, apontam como fator de risco a utilização de drogas entre os membros da própria família, que banalizam o uso e se eximem das responsabilidades, na medida em que não conversam com os filhos sobre osa riscos envolvidos.

Constata-se que o acesso às informações, a estrutura familiar protetora e a existência de laços afetivos entre pais e filhos são razões importantes para a negação e afastamento dos jovens das drogas. No entanto, mesmo ao se enfatizar informações completas com relação às consequëncias do uso e abuso de drogas, o cosumo de drogas por algum membro da família pode predispor o uso pelos demais, principalmente no que se refere a crianças e adolescente.

O risco de consumo de drogas se agrava, quanto mais desengajada é a família em suas relações interpessoais. Como os filhos valorizam o comportamento dos respónsaveis, transfomando-os em espelho para sua formação, o ambiente  parte importante na determinação do uso de drogas pelas futuras gerações.

 

Percepção dos Familiares

É na família que a prevenção ao uso de drogas pode ser mais eficaz. Porém, o medo, o preconceito, a falta de intimidade com os filhos, a desinformação, impedem uma conversa mais franca sobre o assunto. Sobram dúvidas e inseguranças diante de uma questão tão importante.

Importância da Família no Tratamento

É na família que as pessoas encontram conforto, segurança e motivação para fazer o tratamento. A evolução positiva de um tratamento para dependentes químicos, está relacionada com a participação adequada dos familiares, pois a família é um sistema onde cada membro está interligado, de forma que a mudança em uma das partes provoca repercussões nos demais.

Os familiares são essenciais no processo de tratamento do doente, onde têm de saber como lidar com as situações estressantes, evitando comentários críticos ao paciente ou se tornando exageradamente superprotetores (dois fatores que reconhecidamente provocam recaídas).

Conhecendo melhor a doença e tendo um diagnóstico claro, a família passa a ser aliada eficiente, em conjunto com a medicação e profissionais especializados. É importante que a família sinta que pode fazer algo para ajudar seu familiar a recuperar-se. Ser capaz de compreender a situação e acompanhar o paciente, dando apoio, compreensão, carinho e dedicação.

As intervenções familiares levam a resultados positivos, tanto para os usuários de substâncias psicoativas quanto para os membros da família. É a família que fornece dados que corroboram com o dagnóstico do dependente químico, bem como funciona como ponto de partida para a definição do tipo de intervenção mais adequada, tanto para à família quanto ao dependente.

A necessidade de buscar constantemente a droga altera a vida do dependente, afetando as relações familiares, siciais e profissionais. Com isso, o indivíduo irá presenciar um intenso sofrimento físico e emocional em alguns momentos, fazendo-o acreditar que a droga elimina o sofrimento e lhe permite viver mais feliz, sem problemas ou frustações. Assim, o tratamento da dependência química envolve toda rede social: o indivíduo, a família, a comunidade, os serviços de saúde, entre outros.

O dependente químico causa sofrimento a si mesmo, aos familiares e todos em seu entorno. Violência, brigas e  separações são ocorrências comuns nas famílias de dependentes químicos, uma vez que o usuário, sob o efeito de drogas, tem o pensamento voltado ao uso e obtenção de mais substâncias químicas, o que traz perdas significativas, como: perda de emprego, bens, prejuízo para a saúde e quebra de relacionamento com a família.

Família – Poder de Transformação

A participação dos familiares dos paciente é de extrema importância no processo de recuperação, pois percebe-se que com o envolvimento de seus familiares, os pacientes se mostram mais motivados a prosseguirem com o tratamento proposto. É possível verificar a importância do acompanhamentto dos familiares nesse processo de reabilitação. Assim, é possível notar hábitos mais saudáveis e o retorno da atenção familiar.

CONCLUSÃO                         

Finalizando esse trabalho chegamos à conclusão que cada indivíduo tem sua estrutura peculiar, mesmo sendo da mesma família, diferem no aspecto das resistências diante de convites e visão quanto ao uso  de drogas. Entendemos que a família tem um papel fundamental, tanto quanto à prevenção como sendo suporte para aqueles que já se encontram como dependentes.

A ajuda à um membro da família que passa pela reabilitação é fundamental e requer acolhimento e tratamento amoroso à pessoa afetada. Tal processo muitas das vezes é demorado, precisa paciência e apoio, mas vale a pena, pois a família é o nosso bem maior.

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A família e seu poder de transformação