Aluna: Ana Carolina Franco

 

 

 

RESUMO

 

 

 

A influência da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) vêm se estendendo desde que seu método surgiu, na década de 60. Um grande número de estudos controlados demonstra que a TCC é um tratamento eficaz em diversos quadros clínicos.

 

O presente artigo tem como objetivo apresentar o modelo cognitivo-comportamental, suas técnicas e contribuição para o tratamento da dependência química.

 

 

Palavras-chave: Dependência química. Drogas. Tratamento. Terapia Cognitivo-Comportamental.

 

 

 

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

 

 

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem como pioneiro o psiquiatra norte-americano Aaron Beck, com seus trabalhos sobre depressão e depois seus estudos se estenderam a diversas outras patologias, entre elas, a dependência química. A TCC tem como princípios centrais, as ideias de que nossas cognições possuem influência controladora sobre nossas emoções e comportamentos e o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar nossos padrões de pensamento e nossas emoções. (WRIGHT et al, 2008).

 

  • uma psicoterapia guiada por metas, estabelecendo alvos específicos e mensuráveis para a mudança. É importante que paciente e terapeuta consigam construir um relacionamento empírico-colaborativo, sendo assim, o terapeuta envolve o paciente em um processo altamente colaborativo, existindo uma

 

rsponsabilidade compartilhada na relação terapêutica, voltada para o senso de equipe no manejo dos problemas. (WRIGHT et al, 2008).

 

Para Beck et al (1993), o modelo cognitivo do uso de substâncias permite compreender o que contribui para a manutenção do uso de substâncias e recaídas. O modelo consiste em: situações atuam como estímulos de alto risco e esses estímulos, podendo ser internos ou externos, ativam crenças centrais sobre o indivíduo, o mundo e o futuro e as crenças sobre o uso de drogas. Uma vez ativadas, essas crenças, que geralmente não são conscientes, levam ao surgimento de pensamentos automáticos. Os pensamentos automáticos desencadeiam o surgimento de sinais e sintomas fisiológicos interpretados ou reconhecidos como fissura (craving). Regido pelo craving e autorizado pelas crenças facilitadoras, o indivíduo planeja e providencia o acesso à droga e inicia seu uso. Ao usar a droga, é desencadeado o desejo de continuar e ao mesmo tempo sentimentos de culpa e fracasso (Efeito de violação da abstinência – EVA). O desconforto psicológico então ativa mais crenças disfuncionais e o ciclo se reinicia.

 

 

Para Beck, J (2013) a TCC ajuda na compreensão de que partir do momento que se aprende a avaliar os pensamentos de forma mais realista e adaptativa, há uma melhora no estado emocional e comportamento. Encarar uma situação a partir de uma nova perspectiva pode fazer com que o paciente sinta-se melhor e passe a ter um comportamento mais funcional. Por isso, aprender como

 

reconhecer e mudar pensamentos automáticos e utilizar métodos comportamentais que ajudarão a lidar com os ativadores dos sintomas, se tornam habilidades adquiridas imprescindíveis na redução do risco de recaídas. (WRIGHT et al, 2008). “O desenvolvimento de habilidades para enfrentamento efetivo precisa envolver habilidades sociais básicas, comportamentos assertivos e habilidades de confronto, que incluem a capacidade de identificar situações de risco, lidar com emoções e fazer reestruturações cognitivas.” (RANGÉ & MARLATT, 2008).

 

 

Dentre as técnicas da TCC utilizadas, podemos citar algumas descritas por

 

Wright et al. (2008):

 

 

Psicoeducação – informar e esclarecer dúvidas do paciente acerca de seu problema, sobre seu diagnóstico, a causa e o funcionamento do tratamento mais aconselhado e predição de sua doença.

 

 

Identifcação dos Pensamentos Automáticos – existem padrões distintos de pensamentos automáticos e modificar padrões de pensamentos desadaptativos reduzem significativamente os sintomas. Inicialmente, o terapeuta ajuda o paciente a identificar esses pensamentos automáticos e depois usa de técnicas para que o paciente aprenda a modificar esses pensamentos automáticos negativos e direcioná-los para uma forma mais adaptativa.

 

 

Registro diário de pensamentos disfuncionais (RPD) – nessa técnica, é importante que se registre diariamente os pensamentos, sobretudo vigente do desconforto psicológico. Esse processo chama a atenção do paciente para cognições importantes e o ajuda a indagar sobre a validade de seus próprios padrões de pensamento, servindo também para intervenções específicas do terapeuta para modificar pensamentos disfuncionais e gerar alternativas mais adaptativas e racionais. O preenchimento do RPD como tarefa de casa, contribui para que o mesmo continue ponderando seus pensamentos automáticos e possibilitando ao terapeuta ter uma visão do ocorrido entre as sessões.

 

 

Seta Descendente – Através de um pensamento automático é feita a pergunta “se isto é verdadeiro, então significa o quê?” e a partir da resposta, a pergunta

 

  • usada repetidamente até se chegar a sua crença central. A identificação de crenças sobre as drogas e fissura, assim como as crenças intermediárias centrais do dependente poderão ser reconhecidas pelo manejo dessa técnica.

 

Geralmente, as crenças identificadas aditivas consistem em antecipatórias de um alívio ou permissivas, na qual devem ser alteradas e reforçadas as crenças de controle.

 

 

Questionamento socrático – Consiste em fazer perguntas ao paciente que estimulem a curiosidade e o desejo de inquirir. O terapeuta tenta fazer com que o paciente se envolva no processo de aprendizagem.

 

Reestruturação Cognitiva – Identificados os pensamentos automáticos e crenças, a reestruturação cognitiva visa ensinar habilidades para mudar as cognições e fazer com que os pacientes realizem uma série de exercícios planejados para expandir os aprendizados da terapia em situações cotidianas até que sejam modificadas as cognições desadaptativas arraigadas.

 

 

Dramatização (role-play) – O terapeuta faz o papel de alguém da vida do paciente e estimula uma interação que possa trazer à tona emoções e pensamentos automáticos e ao mesmo tempo como lidar com essas questões. Os papéis também podem se inverter.

 

 

Existem diversas outras técnicas, como: cartão de enfrentamento, treinamento de habilidades sociais, dessensibilização sistemática. E métodos para controle e redução da ansiedade, como: relaxamento, respiração e exercício físico.

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

 

Transtornos relacionados ao abuso de substâncias causam prejuízos tanto na deterioração da saúde como nos contextos pessoal, social e profissional. Aliada a outros métodos terapêuticos utilizados na dependência química, como a terapia dos doze passos, os grupos de auto-ajuda e tratamento farmacológico, a TCC é uma abordagem efetiva, pois é acompanhada de técnicas eficazes para compreender o que contribui para a manutenção do uso da droga e como reduzir o risco de recaída, melhorando quadro geral da dependência química no indivíduo.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

 

Beck A. et al. Cognitive therapy on substance abuse. New York: Gulford, 1993.

 

Beck, J. S. Terapia Cognitiva Comportamental: Teoria e Prática. 2. ed. Porto

 

Alegre: Artmed, 2013.

 

Rangé, B. P., Marlatt, G. A. Terapia cognitivo-comportamental de transtornos de abuso de álcool e drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, 30(2),88-95, 2008.

 

Wright, J. H., Basco, M. R., & Thase, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.

A Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento da Dependência Química