ALUNO: LUIS ANTONIO DA SILVA VIEIRA
INTRODUÇÃO
Durante muito tempo prevaleceu à ideia de que drogas seriam somente as substâncias ilícitas. Ignorávamos quão responsável pelos distúrbios que recebem o nome de “Dependência Química” é o álcool.
O alcoolismo, conhecido também como síndrome de dependência de álcool, consiste em um conjunto de fenômenos comportamentais e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetitivo do álcool, no qual o bebedor agride a sua saúde, aspectos social, econômico e moral, acompanhada por uma consistente incapacidade de controlar o uso no que se refere à quantidade e ocasião.
DESENVOLVIMENTO
Enquanto doença crônica, incurável, progressiva e fatal só se deu nos anos 1930 e 1940, por meio do desenvolvimento conjunto de teorias dos Alcoólicos Anônimos (AA) e de pesquisas conduzidas pelo Yale Center of Acohol e dirigidas pelo pesquisador estadunidense EM.M Jellinek, apresentando comprometimento psicológico, cerebral e fisiológico.
O consumo compulsivo do álcool é reconhecido como doença crônica e incurável na 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A compulsão só se torna evidente ao surgir uma conduta autodestrutiva – como causar prejuízos no trabalho(abandono), desorganização familiar, comportamentos agressivos (homicídios), acidentes de trânsito, viver como mendigo ou continuar bebendo mesmo depois de diagnosticada uma cirrose hepática – quando, só então, o doente é claramente definido pela sociedade como alcoólico.
As doenças físicas consequentes do alcoolismo são de gastrintestinal, como úlceras, varizes esofágicas, gastrite e cirrose; neuromuscular, como cãibras, formigamentos e perda de força muscular; ou cardiovascular, como hipertensão, além de impotência ou infertilidade. Os transtornos mentais , segundo o DSM-IV8, associados ao alcoolismo são o delirium tremens; a demência de Korsakoff13; as perturbações psicóticas do humor, da ansiedade ou de sono; e a disfunção sexual.
Para diagnosticar esta doença, é necessário que a pessoa tenha no mínimo três critérios destes no último ano anterior à consulta médica, conforme abaixo discriminado.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
1º – Um forte desejo ou um senso de compulsão para consumir a substância. Há um persistente desejo ou um não vitorioso esforço para parar de usar álcool e /ou substâncias químicas.
2º– Dificuldade em controlar o uso da substância no início, no término e também os níveis de consumo.
3º – Estado de abstinência fisiológico (síndrome de abstinência) ou a necessidade de usar para cessar o mal estar.
4º – Evidência de tolerância (necessidade de mais uma dose da substância para atingir o mesmo efeito).
5º – Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos.
6º Persistência do uso da substância a despeito da clara evidência de consequências nocivas(Exame de comportamento: repetição de ano na escola, envolvimento com a polícia, agressões físicas com familiares, acidentes de trânsito etc.).
FASES DA DOENÇA:
FASE 1 – Adaptação ou “Lua de Mel” – Logo após o primeiro contato com a bebida alcoólica, ocorre a fase da adaptação. É nela que se começa a beber para socializar, fazer parte da galera, enfim, usar a bebida como muleta para ter uma vida social.
Muitos adolescentes aproveitam bastante essa fase por conta dos efeitos inibitórios do álcool, que ajudam a aliviar a ansiedade e angústias de dessa fase da vida.
FASE 2 – Tolerância ou “Limiar da Doença” – Quando o sistema nervoso central se adapta ao álcool, o indivíduo passa a não sentir muitos seus efeitos. É o caso daquele cara que sempre bebe muito e nunca fica bêbado, além de se gabar que não é derrubado pela bebida.
Nessa fase que surgem os apagamentos, ou síndrome de blackout, caracterizada por uma amnésia dos momentos em que esteve sob efeitos do álcool.
FASE 3 – Síndrome de Abstinência – Nessa fase, há sintomas físicos de abstinência ao se passar muito tempo sem beber. Assim, o indivíduo continua bebendo para se livrar desses sintomas, sendo verdadeiro dependente da droga. É nessa fase que começa a deterioração física, mental e social de maneira mais visível.
Em geral, é nessa fase que começam a aparecer os problemas de saúde relacionados ao consumo excessivo de álcool.
TRATAMENTO:
O tratamento tem como objetivo salvar a Vida e oferecer a possibilidade de uma reformulação na vida do paciente e aumento em sua qualidade. O tratamento é realizado por uma equipe especializada multidisciplinar, onde o paciente será submetido a análises clínicas, psicológicas e terapias ocupacionais que visam a sua recuperação. O tratamento pode ser sem internação e com internação.
Sem Internação (Ambulatorial)
Indicado para aqueles que não apresentam um nível crônico de dependência química (alcoolismo). Também é indicado para aqueles que recaíram na dependência de drogas (álcool), mesmo após passarem por um tratamento e estarem a algum tempo sóbrios.
Com Internação (Voluntária/Involuntária)
A Internação Voluntária é realizada com o consentimento do paciente, quando o mesmo consegue perceber que precisa de ajuda. O paciente deve assinar uma declaração de que é de sua espontânea vontade ser internado para tratamento em uma instituição de tratamento da dependência química.
A internação involuntária é realizada a pedido dos familiares e/ou responsáveis quando percebem que o paciente representa perigo para sua própria saúde, da família ou da sociedade em que vive. A dependência é tão grande que a conscientização da necessidade de se submeter a um tratamento contra dependência química ou alcoolismo não é possível. Aas drogas ou o álcool já fazem parte da vida do dependente, que dominam completamente seus desejos e vontades.
MÉTODO UTILIZADO:
É indicado para tratamento de Dependência Química o modelo diretivo Minnesota, que consiste em uma visão Bio-Psico-Social do indivíduo, com a utilização dos 12 passos (AA), dando uma visão ampla e abrangente e com possibilidade mais efetivas de combate aos principais mecanismos de defesa da doença:
Os Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos:
- Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
- Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
- Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
- Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
- Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
- Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
- Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
- Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.
MECANISMOS DE DEFESA:
Negação – Se baseia em negar os fatos acontecidos à base de inverdades que acabam se confundindo e na maioria das vezes havendo uma contradição. O paciente nega que tem a doença. Exemplo: “Eu paro quando eu quiser!” ou “Não sou como os outros”.
Racionalização – Atribuição de motivos lógicos ou socialmente desejáveis para o que fazemos de modo a aparecer que agimos de forma lógica. O adicto dá desculpas, utiliza mecanismos para proteger o uso de drogas e crê fortemente em seu discurso. Exemplo: “Não tem como ir a uma festa sem beber, a sociedade exige isso de você!”.
Projeção – O adicto utiliza atributos pessoais de um de um determinado individuo para justificar o uso de drogas. Projeta sua adicção como culpa de outra pessoa. Exemplo: “Eu bebo, porque minha mulher me deixou”; “Uso drogas porque meu pai me abandonou!”.
Orgulho – O paciente é orgulhoso e tem a mania achar que sabe o que esta fazendo. Exemplo: “Meta-se com sua vida!”.
ORIGEM DO MÉTODO MINNESOTA
MODELO MODELO MODELO GRUPO
MÉDICO PSICOLÓGICO RELIGIOSO MÚTUA-AJUDA
ß ß ß ß
ORGANICISTA MENTAL PSÍQUICO ESPIRITUAL AGREGAÇÃO
BIO PSICO SOCIAL
MÉTODO MINNESOTA
Referência Bibliográfica
AA – Alcóolicos Anônimos
Yaller Center of Achool – EM M. Jellinek
CID10 – Classificação Internacional de Doenças 10ª Edição
OMS – Organização Mundial Saúde
DMS – Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais.
Bibliografia
ALCOOLISMO – Jorge A. Jaber Fillho /Charles André – Editora Revinter, 2002.
AULA DO CURSO DE TERAPEUTA EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA – Clinica Jorge Jaber – Antônio Tomé.