Aluna: Ana Carolina Franco

RESUMO
O tabagismo é um comportamento que sempre foi socialmente tolerado e exaltado durante muito tempo, tornando-se, nos dias de hoje, um problema de saúde pública.
Entre os vários fatores que dificultam a manutenção da abstinência da nicotina, encontra-se o alto índice de comorbidade entre sua dependência e outras doenças psiquiátricas. Sendo assim, as comorbidades psiquiátricas se tornam fatores importantes de serem considerados na avaliação de tabagistas.
No presente artigo, será discutida a relação do tabagismo com a depressão, especificamente.

Palavras-Chave: Tabagismo. Dependência. Comorbidades. Depressão.

DESENVOLVIMENTO
Comorbidade psiquiátrica no transtorno por uso de substância psicoativa é a presença concomitante de transtornos mentais em um mesmo indivíduo dependente de substâncias psicoativas (FORNEIRO, 1998). Existem alguns fatores que influenciam ao uso abusivo de substâncias nos transtornos psiquiátricos, como a diminuição da ansiedade, euforia e outras sensações percebidas como prazerosas pelos usuários.
A nicotina promove um rápido estado de alerta, melhorando a atenção, a concentração e a memória. Esse efeito contribui para a dificuldade de alcançar a manutenção da abstinência dessa droga, assim como os sintomas desagradáveis pela falta da substância, como: compulsão aumentada, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, agitação, sensação de sonolência ou embotamento, bem como reações de hostilidade.

Em um estudo de Lemos & Gicliotti (2006), foi verificado que cerca de 50% dos pacientes psiquiátricos fumam, em contraste com os 25% da população geral. É relevante a comorbidade entre tabagismo e transtornos depressivos. Tabagistas deprimidos tendem a fumar para aliviar seus sintomas e assim,
reforçam o desejo de fumar (GLASSMAN, et al., 1990). Sendo assim, há uma relação entre os fumantes terem mais depressão do que os não fumantes, e os depressivos serem mais fumantes do que os não depressivos. A nicotina faz com que o cérebro libere uma grande variedade de neurotransmissores. Alguns deles podem propiciar uma sensação de bem-estar. O ato de fumar pode afastar momentaneamente alguma situação estressante e pode distrair o indivíduo de seus problemas. Ainda de acordo com Glassman et al., (1990), por terem aumento no risco à dependência de nicotina, também aumenta duas vezes o risco de doenças cardiovasculares na associação da depressão e cigarro.
A terapia cognitivo-comportamental pode ser uma estratégia no tratamento do tabagismo, associada à medicação. Ela vem apresentando resultados positivos no tratamento, visando levar o fumante a identificar as situações de risco para recaídas e desenvolver estratégias de enfrentamento para lidar com tais situações.

CONCLUSÃO
O tabagismo é um dos comportamentos aditivos mais difíceis de serem tratados, dada à quantidade de fatores que estão envolvidos desde seu início, desenvolvimento e manutenção da sua dependência, incluindo desde condicionamentos e estados de humor até fatores genéticos e sociais.
A ligação entre tabagismo e quadros psicopatológicos remete à importância da atuação interdisciplinar entre os profissionais nos programas de tratamento da dependência à nicotina, para uma melhor avaliação de estratégias a serem usadas e adequação das propostas de tratamento, visando melhora nas taxas de cessação e redução dos índices de recaída.

REFERÊNCIAS
FORNEIRO, J. C. Dual Diagnoses. Ediciones Gráficas Delos Sl: Madrid, 1998.
GLASSMAN, A.H.; HELZER, J.E.; COVEY, L.S; COTTLER, L.B.; STETNER, F.;TIPP, J.E.; JOHNSON, J. – Smoking, smoking cessation and major depression. JAMA 264:1546-9, 1990.

LEMOS, T; GIGLIOTTI, A. Tabagismo e comorbidades psiquiátricas. Rio de Janeiro: ABP Saúde, 1990

O tabagismo e depressão