ALUNO: LUIS ANTONIO DA SILVA VIEIRA

 

RESUMO

Este estudo tem o objetivo de demonstrar e identificar as principais consequências do uso da maconha por adolescentes e como esta droga passa a influenciar de forma negativa a construção de sua identidade. Sendo assim, primeiramente houve uma revisão sobre o assunto abordado, com a finalidade de fornecer as bases teóricas sobre o tema e também servir de fundamento para a sua condução. Com as informações, busca-se apresentar o  as principais consequências da maconha e seu uso na construção da identidade do indivíduo. A adolescência é a fase da vida em que envolve amadurecimento, receios, riscos e decisões, em outras palavras, é o processo do adolescente se tornar adulto, e sua personalidade será moldada de acordo com o ambiente em que este esteja inserido. Com isso, qualquer decisão influenciada pela droga pode marcar a vida do indivíduo, uma vez que esta tem a capacidade de desviar negativamente, por vezes de modo irreversível, o curso da vida do adolescente. A maconha é considerada uma droga ilícita, capaz de causar dependência através do uso continuado, afetando significativamente a mente, alterando as funções normais do cérebro e interferindo em todas as áreas da vida humana. Partindo do principio de que o adolescente cresça sofrendo esses males e consequências, sua personalidade será formada por sentimentos negativos, dificuldades para o desenvolvimento e adaptação à vida, ao relacionamento afetivo e ao ambiente de trabalho, podendo até mesmo não chegar à idade adulta, uma vez que uma das consequências do uso da maconha leva à depressão e comportamentos suicidas.

 Palavras-Chave: maconha, adolescência, consequências

 

INTRODUÇÃO

Atualmente, os valores que direcionam e guiam o comportamento de cada indivíduo estão em crise. Isso porque se pressupõe que os sistemas sociais, culturais, familiares e econômicos que reproduzem o modo de percepção que esses sistemas refletem também se encontram em crise, refletindo, de forma negativa, as percepções, as escolha e o comportamento do adolescente perante a sociedade, e é exatamente nesta fase que o sujeito é marcado por diversas mudanças, sejam elas corporais, cognitivas ou sociais, e uma escolha negativa, no caso, as drogas, pode moldar, de forma negativa, a construção de sua identidade.

A adolescência é uma época da vida que envolve riscos, medos, amadurecimento e instabilidades. Os adolescentes procuram com os pares (amigos, turma, “galera”) a dose necessária de aconchego, solidariedade e compreensão, o que faz parte de uma adolescência considerada normal. Nesta etapa, os adolescentes querem ser diferentes dos adultos e, ao mesmo tempo, pertencer a um grupo. Então, é esperado que questionem e duvidem de verdades prontas e rebelem-se, expressando, assim, toda sua energia e criatividade. Mas, esta energia também pode ser canalizada para atividades de risco ou lesivas ao próprio bem-estar. É neste momento que as drogas, lícitas e ilícitas, têm a perversa capacidade de desviar o curso de vida dos jovens, por vezes, de maneira irreversível (PINSKY & BESSA, 2004).

Sem distinção de classe social ou nível intelectual, assuntos relacionados às drogas destacam-se em praticamente todos os campos de debates, muito embora nos espaços acadêmicos essa discussão já seja considerada superada, pelo menos as duas vertentes: favoráveis à liberação e à proibição já construíram, de forma sólida, seus argumentos.

Há muito se discute sobre a política criminal do uso das drogas, ou seja, sua permissão ou proibição, no entanto, na sociedade em geral, predomina a visão da proibição, do ilegal.

Em um panorama geral, estudos referentes ao uso da maconha têm aumentado progressivamente em nosso cotidiano, pelo simples fato de esta ser a droga lícita mais usada no Brasil, principalmente por parte de jovens e adolescentes ainda em formação escolar.

De acordo com a ABEAD – Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (2012), o interesse de pesquisas relacionadas ao consumo de maconha tem aumentado em função de: o maior número de pessoas ter utilizado esta droga; do uso inicial ter ocorrido mais cedo e; da concentração de THC1 ter aumentado. Aumentando também os estudos que discutem os efeitos adversos agudos e crônicos da maconha.

De acordo com Bastos (2003), a inserção da maconha na vida cotidiana de diferentes segmentos sociais e as discussões que ela vem suscitando nas pautas de políticas públicas de saúde e científicas justificam-se pelas consequências nefastas que o uso desta substância vem acarretando à sociedade, por ocasionar um sofrimento que interfere significativamente na diminuição da qualidade de vida, rompendo fronteiras de idade, classe socioeconômica, cultura, raça e espaço geográfico.

Sendo assim, com o aumento do consumo e maior facilidade ao acesso à maconha, a família, em parceria com o Governo e a sociedade, devem atuar através da realização de trabalhos de prevenção e conscientização, revelando os danos sociais, físicos e psicológicos, causados pelo uso desta droga.

Como justificativa para a importância da discussão do tema deste trabalho em nossa sociedade é que o uso da maconha não pode ser mais somente tratado em campos de debates acadêmicos ou televisivos sobre sua proibição ou liberação.

A falta de conhecimento sobre suas consequências podem vir a propiciar o aumento desordenado no número de usuários, expondo-nos a situações trágicas isoladas ou coletivas que de alguma forma poderiam ser evitadas através de informações, diálogos, políticas de prevenção, dentre outras maneiras.

Caso contrário, se medidas urgentes não forem tomadas, consequências drásticas podem vir a acontecer, uma vez que o adolescente pode vir a sofrer prejuízo em seu desempenho escolar e ferindo sua autoestima, afetando suas relações afetivas e sociais, influenciando-o à criminalidade, e nos casos mais graves, ocasionando quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentais que, muitas vezes, trazem prejuízos irreversíveis.

Com isso, é necessário urgentemente atentar para as consequências do uso da maconha por adolescentes e como esta afeta a formação de seu caráter e personalidade. Sendo assim, baseando-se nas pesquisas realizadas por autores especializados no tema, busca-se através deste trabalho, apresentar as principais consequências do uso da maconha, sejam elas biológicas, psicológicas ou sociais.

De acordo com o SENAD (2001) a maconha é a droga ilícita de maior consumo no mundo, segundo diversas pesquisas observou-se um crescimento de 400% em seu uso entre estudantes do ensino fundamental e médio durante a última década.

Não obstante, o consumo de drogas tem ligações nas diversas esferas da sociedade, sendo algo complexo, que envolve uma série de fatores políticos, econômicos, culturais e sociais, a serem considerados nas investigações científicas para seu melhor entendimento.

Em nossa atual sociedade, as pessoas que usam drogas passam a ser discriminadas, uma vez que não se encontram em seu estado normal, ou seja, não acompanham um diálogo, e, às vezes, comportam-se de forma inadequada e inconvenientemente e até, em certas ocasiões, de modo perigoso.

Muitas vezes o contato com drogas pelos jovens, está associado ao ambiente frequentado pelos mesmos, além do surgimento de oportunidades que proporcionem o uso continuado, acompanhado da atração pelo ousado e desconhecido. Outra forma de contato se dá pela curiosidade, através de comentários de amigos que haviam experimentado ou da própria curiosidade pelo simples fato de a maconha ser proibida. 1 É a substância psicoativa encontrada na maconha e no haxixe – delta-9-tetrahidrocannabinol. O THC é encontrado, também, em tipos mais potentes de maconha, como o skank, teor de até 33% de THC, enquanto os habituais não passam de 8% de teor de THC.

Em geral, o que se pode observar é que a curiosidade em relação à maconha pode estar associada também a um impulso de momento, simplesmente para “saber como é” ou para agir como os adultos, bem como pode associar-se aos comentários e usos da droga durante encontros de lazer, proposta pela sociabilidade em tal ambiente, e ainda, associa-se ao fato da maconha ser encarada como algo excitante, capaz de transformar emoções, consistindo numa espécie de desafio e superação de limites característicos da fase adolescente, sem levar em consideração as consequências que essa droga pode vir a causar no ambiente familiar e social, sem mencionar os danos físicos e psicológicos que podem influenciar de forma negativa a formação de sua personalidade.

 

OBJETIVO

Demonstrar as graves consequências do uso da canabis sativa (maconha) ao adolescente na construção de sua personalidade.

Maconha é o nome popular de uma planta chamada Cannabis Sativa, que tem sido usada, há séculos, por diferentes culturas, e em diferentes momentos da História, com fins médicos e industriais. Desde os anos 60, a maconha ficou mais conhecida pelo seu uso recreativo, com o propósito de alterar a consciência (CARLINI, 2010).

Planta herbácea de clima quente e úmido, originária da Índia, a maconha pertence à família Moraceae e pode atingir até 5 metros de altura. Possui folhas digitadas e flores pequenas, amarelas e sem perfume. É uma planta dióica que apresenta talos com flores femininas e talos com flores masculinas. O fato de a planta possuir talos com flores diferentes influencia na colheita, pois as flores masculinas endurecem mais rápido, morrendo após a floração, enquanto que as inflorescências femininas permanecem com uma cor verde-escura até um mês após a floração, quando as sementes amadurecem. Quando não ocorre fecundação das flores femininas, elas excretam grandes quantidades de resina pegajosa composta por dezenas de substâncias diferentes. O fruto da maconha é amarelo-esverdeado, pequeno, ovalado e contém uma substância ácida que serve de alimento para algumas espécies de aves (LOREDO, 2011).

Ainda segundo a autora, a Cannabis sativasintetiza várias substâncias (chamadas coletivamente de canabinóides) dentre as quais os três principais são o canabinol, e uma substância conhecida como delta-9-tetrahidrocanabinol (ou simplesmente THC), que provocam alterações psíquicas importantes no usuário. Normalmente, a droga é fumada sob a forma de cigarros (conhecidos por diversos nomes como baseado, fino, fininho, finório, erva, pacau, charão, vela, etc.), mas também pode ser ingerida por via oral.

Dependendo do tipo de preparo, muda a concentração de canabinóides na droga. Na sua utilização mais comum, são fumadas as folhas e flores secas (algumas vezes também sementes), com um teor aproximado de 2% de canabinóides. Conhecida por marijuana, marijuana, diamba, liamba ou banguê.

Em latim Cannabissignifica cânhamo, que denomina o gênero da família da planta, e sativa diz respeito à cultura plantada ou semeada, e indica a espécie e a natureza do desenvolvimento da planta. É uma planta originária da Ásia Central, com extrema adaptabilidade no que se refere ao clima, altitude, solo, apesar de haver uma variação quanto à conservação das suas propriedades psicoativas, pois essa requer clima quente e seco e umidade adequada do solo (GONTIÈS & ARAÚJO, 2003)

 

OS EFEITOS DA MACONHA

 

O consumo de substâncias psicoativas é uma característica comum à maioria das civilizações. Entre estas substâncias a maconha é a mais utilizada por todos os consumidores de drogas ilícitas na realidade brasileira. Esse psicotrópico tem a capacidade de produzir alterações no funcionamento do sistema nervoso central, podendo modificar o comportamento dos indivíduos que fazem uso dele (SENAD, 2001).

Como qualquer outra droga, seus efeitos vão depender da quantidade usada, da combinação com o uso de outras drogas e com outros fatores relativos ao ambiente, ao estado emocional do usuário e às suas expectativas. Algumas pessoas, ao usarem maconha, sentemse relaxadas, falam bastante, riem à toa. Outras sentem-se ansiosas, amedrontadas e confusas. A mesma pessoa pode, de um uso para outro, experimentar efeitos diferentes (CARLINI, 2010).

Ainda de acordo com a autora, em doses pequenas, a maconha distorce os sentidos e a percepção. As pessoas podem relatar que as músicas ficam mais bonitas, as cores mais vivas, o cheiro, o gosto e o tato mais aguçados. A percepção de tempo e distância também fica alterada e a consciência corporal aumentada. Todas essas sensações podem ser prazerosas para algumas pessoas e desagradáveis para outras.

Em altas doses, a possibilidade de experimentar sensações desagradáveis aumenta, podendo gerar confusão mental, paranoia (sensação de estar sendo perseguido), pânico e agitação, podendo também ocorrer alucinações.

De acordo com Sanjack (2012), “os efeitos do THC (é a substância psicoativa encontrada na maconha) são característicos, que é impossível não classificá-lo como uma droga que afeta o cérebro e o comportamento. Dentre alguns efeitos temos: as inibições do sistema nervoso central; a euforia; alucinações e percepções visuais e auditivas intensificadas; a interferência na memória de curto prazo; a diminuição da testosterona (quantidade e mobilidade do esperma podem ocorrer no uso prolongado); a irritabilidade seguida de inquietação, calafrios, náuseas e vômitos; a progressiva perda de habilidade de realizar tarefas múltiplas; o desinteresse e a baixa produção profissional ou escolar”. Ainda segundo o autor, o THC age em várias áreas do cérebro, alterando o equilíbrio, os movimentos e a memória. A euforia produzida por essa substância relaciona-se com compostos semelhantes à morfina, atuando sobre os circuitos de recompensa do cérebro, produzindo a sensação de bem-estar. O THC também causa dilatação nos vasos sanguíneos da superfície do globo ocular, deixando os olhos vermelhos; diminui também a quantidade e função dos glóbulos brancos, reduzindo a imunidade do organismo.

No que tange aos efeitos prejudiciais da maconha em curto prazo, Noto e Formigoni (2002) salientam que eles não são bem evidentes, se comparados à cocaína; no entanto, são frequentes os problemas de concentração e memória,dificultando a aprendizagem e a execução de tarefas de dirigir ou operar máquinas. O uso contínuo dessa substância pode causar tosse crônica, alteração da imunidade, redução dos níveis de testosterona e desenvolvimento de doenças mentais como a esquizofrenia, depressão e crises de pânico, redução do interesse e de motivação pela vida, com a observação da síndrome amotivacional.

Para Graeff (1989), outras consequências relacionadas à esfera psicológica, segundo, são a hipersensibilidade a estímulos sensoriais e principalmente alterações da percepção temporal. Com doses mais elevadas surgem perturbações da memória,alterações do pensamento e sentimentos de estranheza.Somente em doses muito altas aparecem alucinações e despersonalização.

Finalizando, sobre os maiores efeitos prejudiciais do uso da maconha, Lemos & Zaleski, (2004) afirmam que “o uso crônico da maconha pode levar a déficits de aprendizagem e memória, diminuição progressiva da motivação (isto é, apatia e improdutividade, o que caracteriza a ‘síndrome amotivacional’), piora de distúrbios preexistentes, bronquites e infertilidade (reduz a quantidade de testosterona). No caso de adolescentes, o déficit cognitivo está relacionado a dificuldades na aprendizagem e repetência escolar”.

Os autores corroboram entre si ao afirmar os efeitos da maconha e, como todas as outras drogas, seus efeitos e implicações ocorrerão de acordo com a quantidade utilizada, além de fatores relacionados ao ambiente e ao estado emotivo do usuário, podendo gerar efeitos prazerosos, sentidos mais aguçados, sensação de relaxamento, como também pode gerar ansiedade, pânico, diminuição das habilidades mentais e capacidade motora, dentre outros.

Portanto, conclui-se que, quando comparada a outras drogas a maconha causa uma menor dependência física, quando utilizada em pequenas e esporádicas doses, mas se o consumo é maior e se prolonga ao longo do tempo, pode provocar complicações clínicas, além de sintomas irreversíveis que geralmente são prejudiciais à saúde.

 

 

O USO DA MACONHA POR ADOLESCENTES E AS GRAVES CONSEQUÊNCIAS NA CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTIDADE

 

Neste tópico serão abordadas as principais consequências do uso da maconha e sua influência negativa na construção da personalidade de adolescentes usuários. É importante salientar que, as afirmações observadas neste tópico serão baseadas no trabalho de pesquisa de alguns autores relacionados ao tema.

A sociedade exige cada vez mais das pessoas tomadas de decisão e responsabilidades, com isso, os adolescentes estão sendo cobrados a fazerem escolhas como carreira, relacionamento, amizades, dentre outros mais cedo, e muitas dessas decisões ocorrem de maneira equivocada, uma vez que, geralmente o adolescente não conhecem as opções que a vida oferece, ou escolhem certos caminhos para associar-se a certo grupo e obter sucesso. Essas situações podem gerar conflitos e ansiedade, podendo ser uma dos fatores que tendem a influenciar o aumento do uso de drogas pelo adolescente.

Na adolescência, o sujeito é marcado e atravessado por diversas mudanças, sejam elas corporais, cognitivas ou sociais e atualmente, observa-se a demanda cada vez maior de jovens que entram em contato com o mundo das drogas, cada vez mais cedo, fazendo com o esse vício faça parte destas mudanças.

Chaves (2008, p. 96) afirma que: para o indivíduo, o processo de se tornar adulto sofre influências históricas que atravessam e compõem o modo de ser, e as matérias de expressão nas quais a juventude está inserida. Para a autora, o ambiente familiar, social e escolar estão presentes na construção das relações sociais do indivíduo, que podem ser saudáveis ou não.

Em outras palavras, a personalidade de um indivíduo é moldada de acordo com o ambiente onde este esteja inserido, e os acontecimentos ocorridos nesta fase poderão, de forma absoluta, moldar a construção de sua identidade.

Além de observarem que o consumo da maconha tem aumentado entre os adolescentes, alguns estudos abordam os prejuízos acarretados ao longo do tempo, devido a este uso.

De acordo com Ribeiro & Marques (2002), “há evidências de que o uso prolongado de maconha é capaz de causar prejuízos cognitivos relacionados à organização e integração de informações complexas, envolvendo vários mecanismos de processo de atenção e memória”. Confirmando as palavras do autor acima citado, Pope et al. (1995), afirma que as alterações neuropsicológicas relevantes identificadas em usuários crônicos desta substância são déficits em tarefas psicomotoras, atenção e memória de curto prazo.

Após períodos breves de tempo de uso desta substância, em alguns casos, são detectadas dificuldades de aprendizagem em função de prejuízos na memória de curto prazo. Também prejuízos da atenção podem ser detectados a partir de fenômenos tais como aumento da vulnerabilidade à distração, afrouxamento das associações, intrusão de e erros em teste de memória, inabilidade em rejeitar informações irrelevantes e piora da atenção seletiva. Tais prejuízos parecem estar relacionados ao tempo de uso, mas não a frequência do consumo de maconha (POPE, 1996).

Diante do exposto, fazem-se necessários estudos que possam esclarecer os efeitos neuropsicológicos do uso da maconha devido ao crescente aumento do consumo desta substância na adolescência e suas consequências adversas na vida deste.

Pesquisas têm demonstrado que o uso crônico de maconha pode provocar déficits cognitivos, alterações em funções associada direta ou indiretamente ao córtex pré-frontal, principalmente quando o uso desta substância ocorreu durante a adolescência (BOLLA apud RIGONI, et al, 2007).

Na pesquisa realizada por Bolla (apud RIGONI, et al, 2007), para avaliar os efeitos neuropsicológicos em usuários de maconha, através da administração dos testes que avaliaram memória visual e verbal, atenção, destreza manual, velocidade psicomotora e funções executivas, constatou-se que o uso grave de maconha (78 a 117 cigarros de maconha por semana, no período de 3 a 15 anos) fez com que persistissem alterações cognitivas relacionadas ao córtex pré-frontal, como a memória, funções executivas e destreza manual, após 28 dias de abstinência.

Em outro estudo para investigar os efeitos cognitivos residuais em usuários graves de maconha foram administrados testes para a avaliação das funções cognitivas. Os resultados demonstraram que houve uma redução na função do sistema executivo e atencional compreendido pelo decréscimo na flexibilidade mental e perseveração, bem como, redução na capacidade de aprendizado (POPE &YURGELUN-TODD, 1996).

No estudo longitudinal com usuários exclusivos de maconha, no qual foi aplicado o testes para se obter o QI (quociente intelectual) na faixa etária dos 9 aos 16anos. Observou-se que o uso recente de maconha esteve relacionado com declínio no nível de QI nos usuários graves de maconha, isto é, nos usuários que fumavam ao menos 5 baseados por semana (FRIED, WATKINSON, JAMES & GRAY, 2002).

Fergusson, Horwood e Swain-Campbell (2002) encontraram em seu estudo uma associação entre o uso da maconha e maiores taxas de evasão escolar, referindo-se a uma chance três vezes maior de abandono da escola aos 16 anos em adolescentes que iniciaram o uso desta substância antes dos 15 anos. Também concluíram que o uso regular de maconha pode ser associado a um aumento no risco de uso de outras drogas ilícitas, a um maior envolvimento em crimes, depressão e comportamentos suicidas.

Em outro estudo, também realizado por Fergusson, Horwood e Beautrais(2003) foram detectadas associações entre o uso de maconha e crescentes riscos de adolescentes usuários abandonarem os estudos do Segundo Grau (Ensino Médio no Brasil) e de deixarem a escola sem qualificações, fracassando sua entrada na Universidade ou na obtenção de um grau na mesma.

De acordo com os autores dos estudos e pesquisas citados, procurou-se verificar se o abuso ou dependência de maconha causa algum déficit cognitivo em adolescentes abusadores ou dependentes desta substância quando comparados aos adolescentes não usuários, além de comparar a capacidade de flexibilização do pensamento de adolescentes abusadores ou dependentes de maconha com os sem abuso ou dependência desta substância.

 

 

CONCLUSÃO

A identidade é uma construção social que se caracteriza pela vinculação do sujeito a um grupo social e diferenciação dos demais grupos, a partir das relações de poder estabelecidas na sociedade onde está inserido (HALL, 2005). Para um adolescente, quando essas relações de poder implicam em baixa estima, preconceito, dentre outros males causados pelo uso das drogas, podem afetar a construção de sua identidade, ferindo sua auto estima, prejudicando suas relações afetivas e sociais, além de prejudicar seu desempenho escolar.

Em relação à educação, uma das consequências do consumo da maconha é a falta de interesse e desistência escolar. Quem antecipadamente desiste de frequentar a escola, perde a oportunidade de construir uma base sólida para a descoberta e o desenvolvimento de seus principais talentos, alterando o rumo de seus propósitos sociais e existenciais.

Partindo do princípio e do entendimento de que o adolescente atinja a maioridade sofrendo os males e as consequências da maconha, este terá sua personalidade formada com sentimentos negativos, além da baixa autoestima, poderão ter dificuldades para o desenvolvimento e adaptação à vida, ao relacionamento afetivo e ao ambiente de trabalho, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá até mesmo não chegar à idade adulta, podendo tentar ou cometer suicídio, uma vez que uma das consequências da maconha é a depressão e comportamentos suicidas.

Diante do exposto, é cada vez mais preocupante o uso de drogas na adolescência e suas consequências, uma vez que é nesta fase da vida que envolve amadurecimento, riscos, medos e instabilidades. Sendo assim, há a necessidade de pesquisas que contemplem as representações sociais de futuros profissionais quanto ao uso da maconha.

Com isso, também se faz necessário uma ação conjunta entre a família, Governo e a sociedade como um todo, que podem atuar no âmbito da intervenção, prevenção e diálogo, uma vez que a falta de conhecimento sobre a droga, sua existência, seu funcionamento e suas consequências podem vir a propiciar o aumento desordenado no número de usuários, e, principalmente, na gravidade de novos casos, expondo-nos a situações trágicas isoladas ou coletivas que de alguma forma poderiam ser evitadas.

 

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O uso da maconha (canabis sativa) por adolescentes e suas consequências