Aluna: Cristine Pereira Rebouças
ÍNDICE
- ………………………………………………………03
- Introdução…………………………………………………….03
- …………………………………………..04
- Os efeitos devastadores da nicotina………………….06
- Efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Central…………………..06
- Efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Periférico…………………06
- O mecanismo de adição da nicotina…………………..07
- Benefícios da ausência de nicotina no corpo……07-09
- Tipos de tratamento…………………………………………10
- Outras terapias recomendadas……………………..11-12
- Conclusão………………………………………………….13-14
- ………………………………………………..14-15
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de mostrar os efeitos, devastadores na vida das pessoas que fumam. E o impacto da droga “nicotina” no organismo humano e suas consequências, além de apontar para os benefícios de se parar de fumar e tratamentos adequados para quem toma a decisão sábia de parar com esse vício mortal.
Palavras Chave: tabagismo, drogas, doenças, nicotina, tratamentos e benefícios.
INTRODUÇÃO
icotiana tabacum é originária da América do Sul. Por vários séculos, antes da chegada de Colombo, era cultivada pela população nativa que fumava as folhas durante vários rituais. O extrato das folhas da planta era utilizado para matar parasitas dentro e fora do corpo, como inseticida (Longenecker, 2002).
A viagem de Colombo ao Novo Mundo trouxe a possibilidade dos colonizadores europeus observarem índios fumando rolos feitos de folhas (Valle et al., 2007).
O cultivo, o ato de mascar e de fumar tabaco eram costumes indígenas antigos em todo o subcontinente americano e também no australiano, quando os exploradores europeus visitaram pela primeira vez estes lugares. O ato de fumar se espalhou por toda a Europa durante o século XVI, vindo para a Inglaterra principalmente como resultado de sua entusiástica adoção por Raleigh, na corte da Rainha Elizabeth I. James I desaprovou severamente Raleigh e o tabaco, e iniciou a primeira campanha antitabagista no início do século XVII com o respaldo do Royal College of Physicians. O parlamento respondeu impondo um imposto substancial sobre o tabaco, instalando o dilema de fornecer ao estado um interesse econômico na persistência do tabagismo, ao mesmo tempo que seus consultores oficiais faziam advertências enfáticas acerca de seus perigos (Rang et al.,2004).
Os termos tabacum e tabaco vêm do nome de um tipo de junco vazado que era usado pelos nativos americanos para inalar o fumo. Nicotiana vem do nome de um médico francês, Jean Nicot (1530-1600), que introduziu a planta com sucesso na França. Nicot estudou a fundo os efeitos da nicotina e a recomendava como uma substância que “curava-tudo” (Longenecker, 2002). Jean Nicot remeteu à Europa sementes e a planta, acreditando que a erva usada pelos índios fosse dotada de propriedades curativas (Valle et al., 2007). Da Europa, a prática de fumar o tabaco expandiu-se rapidamente para todo o mundo.
A produção de cigarros começou no fim do século XIX e agora os cigarros são os responsáveis por mais de 90% do consumo de tabaco( Rang et al., 2004).
A primeira expansão do uso de cigarros ocorreu por volta da Primeira Guerra Mundial, tendo crescido ainda mais depois da Segunda Guerra Mundial (Valle et al., 2007).
DESENVOLVIMENTO
O fumo é a causa mais importante de morte e doença previníveis. É responsável por 20% de todas as mortes nos EUA sendo que 45% dos fumantes morrerão de uma causa induzida pelo fumo. O percentual de fumantes no Brasil é considerado alto quando comparado com outros países da América Latina. Vários órgãos e sistemas sofrem os efeitos farmacológicos da nicotina.
Os sintomas de abstinência a nicotina começam em poucas horas, com pico em 24-48 horas, com duração media de 4 semanas. A severidade dos sintomas varia de paciente para paciente.
Sintomas: fissura (craving) ,humor disfórico, insônia ou hipersonia, irritabilidade, ansiedade, dificuldade em se concentrar, inquietação, bradicardia, cefaléia, obstipação intestinal, aumento de apetite. A fissura e a irritabilidade podem perdurar por 6 meses ou mais
.A dependência e abstinência a nicotina podem desenvolver-se com todas as formas de uso do tabaco ( cigarros, cachimbos, charutos, e fumo mascado). A capacidade de estes produtos induzirem ou manterem a dependência e abstinência aumenta com a rapidez de absorção , a dose e a disponibilidade da nicotina. A severidade da dependência a nicotina pode ser ilustrada com o fato de que apenas 33% das pessoas que deixam de fumar sozinhas permanecem abstinentes por um período superior a 2 dias., e menos de 5% mantém-se abstinentes por mais de 1 ano. Segundo o IV Manual Diagnóstico Estatístico da Associação Psiquiátrica Americana, os critérios para dependência de substâncias psicoativas, que são aplicáveis à nicotina são:
1.Usar a substância em quantidades maiores ou por um período de tempo maior do que o pretendido.
- Tentativas ou desejo persistente em reduzir ou parar de usar a substância.
- Gastar muito tempo para obtenção da substância.
- Prejuízo das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais por causa do uso da substância.
- Persistência no uso da substância a despeito do conhecimento de que está causando prejuízo físico ou psicológico.
- Desenvolvimento de tolerância, o que significa que a mesma dose torna-se menos eficaz com o uso continuado.
- Presença de sintomas de abstinência. No caso da nicotina: irritabilidade, ansiedade, depressão; diminuição da concentração: inquietação; insônia ou hipersônia; aumento de apetite ou de peso; diminuição dos batimentos cardíacos; e diminuição da pressão arterial.
OS EFEITOS DEVASTADORES DA NICOTINA
A nicotina é absorvida rapidamente do cigarro fumado, ao entrar na circulação arterial é rapidamente distribuído pelos tecidos do corpo, atingindo o cérebro num intervalo de 10 e 19 segundos (Henningfield et al., 1993). A nicotina é imediatamente absorvida pelo trato respiratório, mucosas orais e pele. Por ser uma base relativamente forte, sua absorção pelo estômago é limitada, exceto se o pH intragástrico for elevado. A absorção intestinal é muito mais eficiente. A nicotina no tabaco para mascar, pode ser absorvida mais lentamente do que a nicotina inalada, possuindo então, uma maior duração de efeitos (Benowitz et al., 1998).
A fumaça do cigarro contêm mais de 4 mil substâncias químicas, muitas das quais podem contribuir para os efeitos reforçadores positivos do tabaco. Contudo, a maioria dos estudos pré-clínicos e clínicos demonstra que a nicotina é o principal agente responsável pelo desenvolvimento da depêndia ao tabaco (Stolerman & Jarvis, 1995). A fumaça do cigarro é composta de duas fases: a particulada (condensada) e a fase gasosa (Longenecker, 2002).
Entre os componentes da fase gasosa que produzem efeitos indesejáveis estão o monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, amônia, nitrosamidas voláteis, cianeto de hidrogênio, compostos voláteis,, contendo enxofre, hidrocarbonetos voláteis, álcoois, aldeídos e cetonas. Algumas das últimas substâncias citadas são potentes inibidoras do movimento ciliar. A fase particulada contém nicotina, água e alcatrão (Goodman & Gilman, 2005).
Efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Central
Wise e Bozarth (1987), propuseram que todas as drogas que induzem à dependência têm em comum a propriedade de causar efeitos euforizantes ou prazerosos e, dessa forma, atuariam como reforçadores positivos. Segundo eles, o efeito reforçador positivo das drogas é decorrente da ativação do sistema dopaminérgico meso-corticolímbico. Esse sistema é parte do sistema de recompensa e tem como principais componentes a área tegumental ventral (sítio de corpos celulares de neurônios dopaminérgicos) e suas projeções para regiões do sistema límbico incluindo o núcleo accumbens, o tubérculo olfativo, a amígdala e o córtex frontal e límbico (Koob & Le Moal, 2001).
A nicotina aumenta as concentrações de dopamina, preferencialmente no núcleo ccumbens (Di Chiara, 2000).
Efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Periférico
A nicotina é conhecida por seus efeitos sobre a função cardiovascular via estimulação simpática neural. Efeitos simpaticomiméticos da nicotina são mediados por vários mecanismos, podendo ocorrer pela ativação de quimiorreceptores periféricos e efeitos diretos no tronco cerebral, resultando em aumento da freqüência cardíaca, da contração do coração, vasoconstrição coronária e da pressão arterial, também causa secreção de adrenalina e noradrenalina pela medula adrenal (Benowitz, 1996). Segundo Rang et al (2004), isso contribui para os efeitos cardiovasculares, pela liberação do hormônio antidiurético pela hipófise posterior causando diminuição do fluxo urinário e aumento da concentração plasmática de ácidos graxos livres.
Enfim, fica claro que o ato de fumar não é algo tão inofensivo assim. Este vício acaba com a vida do fumante e de quem está perto.
Fumar cigarro causa câncer de pulmão, cavidade oral, laringe, bexiga, rins, colo de útero, doença cardiovascular, doença pulmonar crônica obstrutiva, ulcera péptica, distúrbios gastrointestinais e complicações materno-fetais, entre outras. É responsável por 90% dos cânceres de pulmão. Fumo passivo causa a morte de milhares de não fumantes e maior morbidade nos filhos e cônjuges de fumantes.
O mecanismo de adição da nicotina
A grande maioria dos fumantes que fazem uso do cigarro regularmente, tornam-se aditos da nicotina. Adição é caracterizada pela procura e uso compulsivo da droga, mesmo com o usuário ciente das conseqüências negativas para saúde (Volkow, 2006). A dependência do tabaco é revelada por estimativas. Nos Estados Unidos, 80% dos fumantes regulares desejam parar de fumar, desses apenas 35% tentam de fato e menos de 5% são bem-sucedidos e abandonam o tabaco sem ajuda especializada (Planeta & Cruz, 2005).
Alguns fumantes revelam que fumar ajuda a aliviar o estresse e a depressão. Os efeitos neuroquímicos da nicotina incluem a liberação de dopamina, noradrenalina e serotonina, semelhantes aos efeitos de alguns antidepressivos (Jones & Benowitz, 2002). Muitos pacientes que fizeram uso de cigarro por um longo período apresentam um severo quadro de depressão quando tentam parar de fumar, agravando ainda mais o ato de parar de fumar (Volkow, 2006).
A nicotina também inibe a enzima monoamino oxidase (MAO) A e B em humanos, enzima responsável pela degradação da dopamina, consequentemente aumentando os níveis de dopamina em fumantes, contribuindo para o aumento dos efeitos reforçadores da nicotina (Fowler et al., 1996).
UMA BOA NOTÍCIA PARA QUEM DECIDE PARAR DE FUMAR ……parar de morrer lentamente.
BENEFÍCIOS DA AUSÊNCIA DE NICOTINA NO CORPO
Que benefícios o corpo sente quando o cigarro é abandonado?
Sua saúde começa a agradecer pela distância do tabagismo em menos de meia hora.
O fumo é um vício que não traz benefício nenhum: o tabagismo é o principal responsável pelo desenvolvimento de câncer de pulmão, os elementos químicos dos cigarros deixam dentes e unhas amarelados, o simples cheiro que fica impregnado nas roupas dos fumantes é capaz de piorar quadros de asma e de bronquite de pessoas com quem eles convivam. Para as mulheres que fumam, há no horizonte um quadro pouco animador: um estudo publicado na revista Cancer Research deste mês indica que até 2030 mulheres de todo o mundo terão 43% mais riscos de morrer de câncer de pulmão do que de câncer de mama. Nos EUA, de acordo com a publicação, atualmente o câncer de pulmão já é a principal causa de morte por câncer no sexo feminino. Mesmo assim, sabemos que não é fácil abandonar o fumo, já que se trata de um vício físico e mental. É preciso ter acompanhamento médico multidisciplinar, com pneumologista, psicólogo e, em muitos casos, terapeuta ocupacional.
- Sem cigarro, a pressão arterial e a frequência cardíaca se normalizam
O tabaco e outros componentes químicos dos cigarros elevam a pressão arterial já na primeira tragada. Quando se deixa de fumar, a pressão se estabiliza em 20 minutos. Claro que, se a pressão original for alta, a simples ausência de cigarros não vai levá-la ao desejável nível de 12 por 8; apenas fará com que ela fique menos alta e menos perigosa. É preciso consultar um cardiologista para cuidar disso, combinado? A frequência cardíaca também se estabiliza em menos de meia hora quando não há cigarro sendo consumido. Para uma mulher adulta média, o normal é que o coração chegue a algo em torno dos 60 batimentos por minuto.
- A oxigenação do sangue aumenta em 8 horas sem cigarro
O que leva a uma circulação sanguínea melhor e órgãos internos mais bem servidos das substâncias de que necessitam para funcionarem adequadamente. Uma consequência interessante disso é que a temperatura dos pés e das mãos se estabiliza – nunca mais membros frios por causa do cigarro!
- O risco de infarto diminui quando você deixa de fumar
Em apenas 24 horas. Isso mesmo: em um dia, os acidentes cardíacos relacionados ao fumo já ficam mais longe de você.
- Cigarros longe, olfato e paladar mais potentes
Pode perguntar a qualquer ex-fumante, e você ficará sabendo que, sem o cigarro no dia a dia, ele ou ela começou a sentir melhor o gosto dos alimentos e os cheiros em geral. Isso começa a ocorrer apenas 48 horas depois de abandonar o fumo, e é causado pela recuperação das terminações nervosas.
- A função pulmonar é melhor sem cigarros
Com a melhora da circulação de que falamos lá em cima, os pulmões passam a funcionar 30% melhor em um período de duas semanas a três meses. Isso é fácil de notar no dia a dia, já que o fôlego melhora e caminhar e subir escadas, por exemplo, fica muito mais fácil.
- A saúde bucal melhora muito quando não há tabagismo
Porta de entrada para todos os males que os cigarros causam no organismo, a boca sente de forma muito intensa os efeitos do tabagismo. A placa bacteriana é uma constante, os tecidos bucais e as gengivas vivem irritados, os tecidos das gengivas são prejudicados pela vasodilatação baixa e há um risco enorme de perda óssea, o que pode levar ao amolecimento e até à queda dos dentes. Três meses depois de parar de fumar, a pessoa já nota a diminuição da placa bacteriana e uma melhora na sensibilidade geral da boca. Sem contar que é possível fazer um clareamento dental no consultório odontológico para eliminar o amarelado dos dentes e saber que eles permanecerão branquinhos e brilhantes.
- A “tosse de fumante” some em menos de um ano longe do cigarro
Aquele pigarro característico de quem fuma vai gradativamente diminuindo depois que a pessoa abandona os cigarros, e em nove meses tende a desaparecer. Isso porque os cílios de defesa dos brônquios conseguem voltar a funcionar – os elementos químicos do cigarro os paralisam – e, assim, aumentar a capacidade de eliminar muco e limpar os pulmões.
- Os riscos de câncer de pulmão e de mama caem pela metade
Em dez anos, uma pessoa ex-fumante tem 50% menos risco de ter câncer de pulmão ou câncer de mama do que tinha quando fumava.
Tipos de tratamento
- Terapia de reposição da nicotina
A terapia de reposição da nicotina (TRN) consiste no tratamento de primeira linha para auxiliar os fumantes a abandonar o vício, aliviando a síndrome de retirada física e psicológica. Esse tratamento pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde em pacientes que fumam mais de dez cigarros por dia, principalmente por ser um tratamento seguro e menos dispendioso (Marques et al., 2001).
A TRN reduz o desconforto da retirada da nicotina, mantendo os níveis de nicotina relativamente estáveis no cérebro e facilitando a dessensibilização dos receptores nicotínicos (Jones & Benowitz, 2002). Esse tratamento apresenta quatro formas de apresentação do produto com nicotina: a goma de mascar, o sistema transdérmico, o spray nasal e o vaporizador oral. No Brasil estão disponíveis apenas a goma de mascar e o adesivo transdérmico. Essas preparações são contraindicadas para mulheres grávidas, para menores de 18 anos e para portadores de doenças cardiovasculares instáveis, como infarto do miocárdio recente, angina instável ou determinadas arritimias (marques et al., 2001). Os principais efeitos colaterias consistem em náusea, cólicas gastrintestinais, tosse, insônia e dores musculares (Jones & Benowitz, 2002).
O sistema de nicotina transdérmica apresenta adesivos disponíveis de 7 mg, 14 mg e 21 mg, trocados a cada 16 ou 24 horas. Essa forma de reposição é a mais indicada, pois apresenta um início de liberação lenta que se mantêm constante ao longo do dia, reduzindo os efeitos colaterais. O tratamento recomendado consiste de doze semanas, sendo as primeiras quatro semanas com o adesivo de 21 mg, reduzindo gradualmente para os de 14 mg e 7 mg nas semanas restantes (Benowitz, 1996).
A goma de mascar contém 2 mg de nicotina ativa por unidade, sendo a média de consumo de aproximadamente 10 gomas por dia. Os principais efeitos colaterais são irritações na língua e na cavidade oral (Marques et al., 2001). O tratamento recomendado é de um tablete de goma a cada 1 ou 2 horas por 4 semanas, aumentando-se esse intervalo nas semanas seguintes até a total retirada em 3 meses. A absorção bucal é lenta e ocorre em meio preferencialmente básico, por isso deve se evitar a ingestão de bebidas e alimentos ácidos 15 minutos antes da mastigação (Benowitz, 1996).
A administração de outras substâncias, como antidepressivos, ou o tratamento com duas formas de apresentações diferentes da nicotina, mostrou uma melhor eficácia no tratamento da dependência para fumantes compulsivos (Jones & Benowitz, 2002). –
O melhor tratamento para o paciente
Fumantes diferentes fumam por razões diferentes, consomem quantidades diferentes de nicotina, experimentam sintomas de abstinência diferentes e são diferentes em outros aspectos como idade, presença de comorbidades clínicas ou psiquiátricas, educação, classe socioeconômica etc. Não seria de se espantar que necessitassem de tratamentos individualizados. Os médicos devem saber prescrever e monitorar corretamente as várias opções farmacológicas acima descritas. Depois, alguns questionamentos devem ser feitos antes de escolher um método:
- O que o paciente deseja que lhe seja prescrito? É fundamental para o sucesso do tratamento que o paciente tenha expectativas adequadas. Antes de tudo, pergunte que métodos o fumante tentou antes de lhe procurar e o que funcionou ou não. Não repita tratamentos que já fracassaram. Depois, deve-se mostrar para ele todas as opções terapêuticas disponíveis, com suas vantagens e desvantagens, e deixar que ele escolha seu tratamento. Isso aumenta o investimento do indivíduo em seu processo de parada.
- O paciente já teve algum efeito colateral sério com algum método?
- Quão eficaz é a medicação sozinha ou em combinação com outras?
- Quão dependente de nicotina é o paciente? Como já foi dito, pacientes mais dependentes podem precisar de doses maiores de nicotina e, talvez, de tratamentos mais longos. Aqui estão as características dos fumantes mais dependentes e de mais difícil tratamento:
- fumam mais de 20 cigarros/dia;
- fumam logo após acordar;
- queixam-se de sintomas de abstinência significativos na última tentativa de parar;
- tem história atual ou pregressa de depressão ou esquizofrenia;
- tem história de alcoolismo ou estão em recuperação.
O fumante deve ser corretamente instruído no uso apropriado da opção escolhida e as doses devem ser ajustadas de acordo com a percepção do paciente de alívio dos sintomas da abstinência e com o perfil de efeitos colaterais. O conforto do paciente deve orientar também a duração do uso da medicação.
Deve-se solicitar que o paciente retorne duas semanas após a primeira consulta para reajuste da medicação. Caso isso não seja possível, solicite que o mesmo lhe telefone.
Caso a abstinência não tenha sido atingida ao término dessas duas semanas, deve-se investigar a motivação do paciente e o regime medicamentoso. Pode-se ter que aumentar a dose da TRN ou adicionar outra TRN. Caso não se tenha atingido a abstinência após quatro semanas, deve-se suspender a medicação e reavaliar o tratamento. Nesse caso pode-se encaminhar o paciente para uma clínica especializada.
Pacientes com história atual de depressão maior talvez se beneficiem mais da bupropiona, por ser ela mesma um antidepressivo. Também pacientes com história pregressa de depressão maior podem necessitar de tratamentos mais prolongados com os TRN.
OUTRAS TERAPIAS RECOMENDADAS
A bupropiona é um antidepressivo muito utilizado no Brasil para o tratamento da dependência ao tabagismo, consistindo num tratamento de primeira linha (Marques et al., 2001). O mecanismo de ação desse fármaco envolve a inibição da recaptação de noradrenalina e dopamina, aumentando a atividade dopaminérgica no núcleo accumbens e ,conseqüentemente, diminuindo a vontade de fumar e os sintomas da síndrome de abstinência (Benowitz, 1996).
A bupropiona é indicada para adultos que consomem 15 cigarros ou mais por dia e principalmente para fumantes com depressão. A bupropiona é administrada a pacientes uma semana antes da cessação, sendo a dose inicial de 150 mg por dia até o terceiro dia, passando para 300 mg por 7 a 12 semanas. As principais contra-indicações são: condições que impliquem risco de convulsões, traumatismo cranioencefálico, retirada recente de álcool, transtorno bulímico ou anorexia nervosa, uso concomitante de inibidores da monoaminoxidase. Estudos mostram também resultados bastante favoráveis de redução dos sintomas de abstinência quando se faz o tratamento de bupropiona mais a terapia de reposição da nicotina (Marques et al., 2001).
A nortriptilina é um antidepressivo bastante utilizado como tratamento de segunda linha, porém, a sua efetividade tem sido comparada a bupropiona32, pois também inibe a recaptação de noradrenalina e dopamina na pré-sinapse, aumentando sua concentração na fenda sináptica. O tratamento deve ser iniciado com um comprimido de 25 mg, e a dose deve ser aumentada em 25 mg a cada 2 dias. Deva-se aguardar 4 semanas até que se atinjam níveis plasmáticos constantes. Só então se deve parar de fumar (Hall et al., 1998). A nortriptilina mostrou-se eficaz através de estudos clínicos como tratamento alternativo ao tabagismo, apesar dos seguintes efeitos colaterais: boca seca, tremores, visão turva e sedação; porém, tem menos efeitos anticolinérgicos se comparada aos outros tricíclicos, além de um menor risco de provocar convulsões e ainda possui um custo mais acessível que a bupropiona (Da Costa et al., 2002).
A clonidina, um agonista do receptor α2- adrenérgico pré-sináptico, que quando ativado reduz a liberação de noradrenalina (Rang et al., 2004), atenuando os efeitos da abstinência, como ansiedade e irritabilidade. A clonidina tem sido utilizada na dose de 0,1 mg até 0,75 mg ao dia (Marques et al., 2001), atualmente, muito pouco utilizada devido aos efeitos colaterias como boca seca, hipotensão ortostática e sedação, além do que a suspensão abrupta pode induzir quadros de crises hipertensivas (Jones & Benowitz, 2002). Estudos clínicos com a clonidina para o tratamento do tabagismo mostraram redução da dependência ao cigarro em fumantes regulares (Siu & Tyndale, 2007), porém, devido aos efeitos adversos, ela só é utilizada em indivíduos que não podem ou não desejam se submeter à terapia de reposição da nicotina, bupropiona ou nortriptilina (Roddy, 2004).
CONCLUSÃO
Com esse estudo concluímos que o tabagismo não tem nada de benéfico. A nicotina é uma droga prejudicial à saúde, como as demais drogas de abuso, exerce ações epecíficas sobre outros sistemas neurotransmissores, que dão origem a síndrome de abstinência.
O tabagismo está associado a um aumento no desenvolvimento de uma série de patologias, como câncer, doenças coronárias, pulmonares, dentre outras. A nicotina é responsável direta ou indiretamente por milhões de mortes anualmente no mundo, sendo um problema preocupante visto que é uma droga licita comercializada em todo o mundo e com tendência ao aumento do mercado de consumo.
Os efeitos devastadores da nicotina no Sistema Nervoso Central e no Sistema Nervoso Periférico são reais e assustadores. Em contra partida a decisão de parar de fumar trás benefícios imediatos para todo o organismo. Entendemos com isso que todo o fumante tem a possibilidade com esforço e força de vontade buscar tratamento e ajuda. Ninguém pecisa ficar refém do tabagismo, porque com certeza: Tabagismo é um vício mortal.
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