Aluna: Silvana Curty de Araujo

 

 

 

RESUMO

 

O presente trabalho busca analisar a recaída e a reinserção social do dependente químico, sendo a recaída uma das fases do tratamento que requer maior atenção, pois é neste momento que qualquer frustração, nervosismo, discussão, briga, ou algum fato que abale emocionalmente o dependente químico pode levá-lo a procurar as drogas novamente como forma de descontrole emocional., É uma fase complexa e complicada, caso aconteça. Medidas para que ela não ocorra devem ser tomadas.

 

Estratégias que podem ser aplicadas conjuntamente ou logo após o tratamento primário (desintoxicação ou reabilitação). Em geral estas estratégias têm o objetivo de antecipar (e lidar) com as situações em que os pacientes terão possibilidade de recair, ajudando-os a adquirir instrumentos eficazes para evitar uma recaída, também modificando seu estilo de vida. Assim sendo são efetivas na redução da exposição dos indivíduos às situações de risco, fortalecendo suas habilidades de evitar uma recaída.

 

A reinserção social deverá ser analisada quanto à necessidade de se combater alguma recaída no uso de alguma substância, por isso, é fundamental que a pessoa mantenha uma rotina diferenciada da que vivia anteriormente, seja nos locais onde frequentava, como seu lazer, ou seja, sem contato intenso com as suas amizades e influências negativas.

 

A procura de ocupação, como emprego, esportes, estudos, religiões pode auxiliar os usuários num primeiro momento, em que estão mais vulneráveis, proporcionando maiores chances de sucesso, pois como já vimos, a ocupação do tempo com temas produtivos podem ajudar o dependente a não “jogar” todo o trabalho e esforço fora.

 

INTRODUÇÃO

 

 

A prevenção a recaída nas drogas requer cuidados em relação a diversos fatores que podem desencadeá-los e, via de regra, têm origem psicológica e social: são os chamados gatilhos emocionais. O trabalho de reabilitação do paciente em adicção depende da abstinência, de modo que cabe ao paciente e às pessoas próximas evitar determinados tipos e situações.

 

 

A Prevenção da Recaída tem como objetivo principal a capacidade de modificação de comportamentos do indivíduo, no manejo junto as pressões e problemas que podem levar a uma recaída. O Paciente precisa aprender a identificar sinais de alerta precoces destas situações potenciais de recaída e as habilidades necessárias de enfrentamento, a fim de conseguir modificar suas crenças e expectativas acerca de seu comportamento.

 

Não importa qual a sua dependência, nem o tipo de droga que você use. O importante é saber que ninguém consegue fazer uma mesma coisa, da mesma forma, todo o tempo, seja ela boa ou má. Sempre vão existir exceções, que devem ser pesquisadas em conjunto pelo terapeuta e pelo paciente, que uma vez descobertas, poderão se tornar a base de sustentação de outras exceções. Se um paciente percebe a exceção como sendo alguma coisa sobre a qual ele tem um certo controle e, portanto, pode repetir, fica encorajado a “fazer mais vezes, aquilo que funciona”.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Existe uma série de mudanças envolvidas na prevenção da recaída, principalmente no que diz respeito a mudanças de hábitos, ambientes, amizades etc.

 

  • necessário evitar pessoas e situações que levem ao uso das substâncias e cabe a cada paciente, com ajuda especializada, descobrir quais são os ambientes onde se sente seguro em relação ao risco de recaída.

 

Muitos pacientes precisam reformular todo seu círculo de amizades, bares e lugares que costumava frequentar, amigos que seguem usando drogas, situações emocionais que despertam o desejo do vício. Por meio de terapia adequada, acompanhamento profissional e a busca por autoconhecimento e autocontrole, o paciente vai aos poucos desenvolvendo uma nova rotina onde o consumo de drogas não está incluso, estabelecendo novos laços sociais saudáveis e descobrindo o interesse em novas atividades.

 

A recaída começa muito antes do ato de consumir a droga novamente, começa com uma situação que gera algum tipo de necessidade de anestesiar as emoções. Ou seja, é o sofrimento emocional que leva o paciente a refugiar-se novamente no uso de drogas, desconectando-o do compromisso que assumira consigo mesmo ao aceitar seguir o tratamento.

 

 

Existe uma série de situações que podem aumentar drasticamente as chances de recaída, tais como:

 

  • Depressão e outras doenças emocionais;

 

  • Problemas em casa;

 

  • Pressão social ou no trabalho;

 

  • Ambientes onde ocorre o consumo de drogas;

 

  • Pessoas sob efeito de drogas;

 

  • Amigos ou conhecidos que oferecem as substâncias;

 

  • Estados de euforia;

 

  • Doenças graves;

 

  • Fim de relacionamento.

 

 

O papel da família é essencial na prevenção à recaída no uso de drogas, pois os pacientes com apoio familiar apresentam melhora rápida no tratamento, recuperação e prognóstico. Ou seja, o dependente tem menos chance de voltar a consumir drogas se puder contar com a compreensão e a ajuda de seus familiares e demais pessoas próximas.

 

A prevenção a recaída no consumo de substância, portanto, depende de cada caso, dos gatilhos emocionais do paciente e, sobretudo, do suporte emocional que ele recebe de seus entes queridos.

 

Somente quando o dependente acredita ter motivos para melhorar e manter-se sóbrio é que este encontra forças para lutar diariamente contra a força avassaladora do vício. Essa é uma doença grave e sem o tratamento adequado dificilmente o paciente vai conseguir se ajudar sozinho.

 

O crescimento do interesse público e governamental com relação ao uso e abuso de substâncias psicoativas se dá devido à relação entre o consumo dessas substâncias e a criminalidade, violência, morbimortalidades e, consequentemente, aos elevados custos para os serviços públicos de saúde e previdência social.

 

Considerando esse um problema complexo o Ministério da Saúde reforça que o uso e/ou abuso de álcool e outras drogas representam problema que é do âmbito da saúde pública, pressupondo uma interface entre os programas do Ministério da Saúde e de outros ministérios (Justiça, Educação, Secretaria de Direitos Humanos), organizações governamentais e não-governamentais e demais representantes da

 

 

sociedade civil organizada, garantindo, intersetorialidade na construção de uma política de prevenção, tratamento e educação para o uso/consumo de álcool e outras drogas.

 

A situação de dependência química envolve questões sociais, políticas e psicológicas que formam um contexto extremamente complexo, pois as substâncias psicoativas causam mudanças cerebrais irreversíveis, problemas físicos, familiares e profissionais, demandando tratamento abrangente e atuação terapêutica através de equipe multidisciplinar.

 

Atualmente os modelos terapêuticos mais utilizados para o tratamento de indivíduos dependentes contam com abordagem educacional e integrada, focalizando intervenções específicas de terapia de estimulação motivacional e prevenção de recaídas.

 

A importância da família na reinserção social do indivíduo é destacada pela relevância para a segurança emocional e social do dependente durante essa fase. A família também é importante na reabilitação psicossocial que é obtida por meio de apoio, confiança e diálogo com os próprios dependentes, em caso de internação o retorno à família constituiu o primeiro passo para a reinserção social, sendo este mais fácil ou difícil dependendo do interesse e preocupação dos envolvidos. Uma estratégia essencial para a reinserção social do dependente é a contínua interação de sua família.

 

Existe ainda uma grande ausência de políticas públicas que envolvam a reintegração desses indivíduos e a superação da discriminação social. Essa é, possivelmente, a parte mais complexa do tratamento e o fracasso da reabilitação psicossocial que muitas vezes associa o indivíduo à dependência.

 

CONCLUSÃO

 

A dependência química envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais do indivíduo. Para uma recuperação efetiva, todos esses fatores devem ser bem trabalhados. O restabelecimento das relações sociais, por exemplo, é fundamental para a construção de uma nova história e a continuidade das transformações ocorridas no processo de recuperação.

 

A desintoxicação é apenas uma parte do tratamento — tão importante quanto isso é a reinserção social. Nesse sentido, o isolamento não é a melhor forma de reintegrar o dependente em abstinência. Ao contrário, o ideal é que ele encontre

 

 

apoio nos relacionamentos e no convívio com outras pessoas. É essencial que ele saiba que pode contar com aqueles que estão ao seu redor.

 

Não é nada fácil conviver com um dependente químico, e somente quem já enfrentou essa situação sabe que muitas mágoas podem permanecer. Contudo, a pessoa que está em fase de recuperação necessita, mais do que nunca, de acolhimento, compreensão, atenção e respeito. Se o indivíduo se sentir amparado e valorizado em suas relações sociais, ele adquire muito mais força e motivação para reconstruir sua vida.

 

A família é um dos principais pilares para a recuperação do dependente químico, sendo corresponsável pelo tratamento e pela reinserção social de seus entes. Isso significa que, além de suporte emocional, presença e disposição para ajudar, os familiares também precisam passar por acompanhamento durante esse processo, a família também precisa de suporte para compreender a dinâmica que foi construída e de que forma as relações familiares podem contribuir para a melhoria ou para o agravamento da dependência química.

 

Sem dúvida, o retorno ao convívio familiar representa importante etapa no processo de reinserção social do tratamento da dependência química, devendo, na medida do possível ocorrer da forma mais natural e tranquila possível.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de assistência à Saúde(BR). Portarias nº 189 de 19/11/1991. (D.O.U. de 11/12/1991) e nº 224 de 29/01/1992 (D.O.U. de 30/01/1992).

 

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de assistência à Saúde(BR). Portaria 336 de 19 de fevereiro de 2002.

 

BRASIL. Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976. Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao trafico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 27 de novembro 2018

 

BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 27 de novembro 201

Dependentes químicos: prevenção a recaída e reinserção social