fonte: NewMag

Consumidas tanto no dia a dia quanto nos momentos de celebração por homens e mulheres de todas as idades e classes sociais – não raro, até por crianças –, fartamente anunciadas e vendidas praticamente sem restrição em inúmeros estabelecimentos, as bebidas alcoólicas muitas vezes parecem indissociáveis do nosso cotidiano, como uma presença eterna e inevitável em nossa rotina, uma marca registrada do estilo de vida de nossa gente. Um contexto em que defender a abstinência – ou pelo menos a moderação – seria uma tarefa fadada ao fracasso.

É uma visão amplamente aceita, mas que não corresponde exatamente à realidade, pelo menos segundo o último relatório do Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool). O estudo mostra que a maioria dos brasileiros – 64% – não consumiu álcool em 2025, contra 55% em 2023. O aumento foi provocado, principalmente, pela mudança nos hábitos dos chamados adultos jovens – na faixa entre 18 e 34 anos –, cuja taxa de abstinência ultrapassa os 60%. Um número animador – e semelhante, por sinal, ao de pesquisas sobre o tema em outros países.

O documento traz outra informação alvissareira: a redução, para 13%, no índice de entrevistados de até 24 anos que consumiram álcool de forma abusiva – ingerir, numa mesma ocasião, mais de 56 gramas da substância, no caso das mulheres, e 60, no dos homens, o que pode corresponder, respectivamente, a quatro e cinco copos de 350 ml de cerveja. Uma queda de sete pontos percentuais em relação a 2023, o que indica uma postura mais responsável das novas gerações diante da bebida, também seguindo uma tendência verificada mundo afora.

Embora o consumo abusivo tenha caído dois pontos entre a população geral, chegando a 15%, ele ainda é motivo de alerta, em especial entre os que ultrapassaram os 55 anos, que têm bebido cada vez mais e com maior frequência. Inclusive as mulheres: nessa faixa etária, quase 9% delas utilizam a droga de forma inadequada. Esse novo padrão de uso é fruto, entre outras causas, da inatividade compulsória – desemprego ou aposentadoria precoce, muitas vezes com renda insuficiente – e do isolamento social e familiar que muitos enfrentam ao chegar à velhice.

Nesta etapa da vida, as consequências desse abuso são particularmente preocupantes, pois a tolerância do organismo ao álcool cai, por conta das inevitáveis alterações fisiológicas e na composição corporal que o tempo traz. Não por acaso, desde 2010 as estatísticas de internações e mortes atribuíveis à substância só têm crescido na faixa acima dos 55 anos, permanecendo estáveis nas outras. Em 2023, por exemplo, 55% desses óbitos ocorreram entre os “55+”, e as hospitalizações entre eles tiveram um acréscimo superior a 80% no mesmo período.

Esses dados, como os de qualquer pesquisa, não raro refletem alguma distorção, e por isso não devem inspirar conclusões apressadas, mas mostram dois quadros distintos: de um lado, jovens bebendo menos ou optando pela abstinência; do outro, pessoas já maduras – pelo menos em tese, mais conscientes e cuidadosas com a saúde – na via inversa. Essa noção pode ajudar, por exemplo, a definir o foco das campanhas de prevenção, priorizando as mensagens para os mais velhos, que parecem, no momento, bem suscetíveis ao canto da sereia do álcool.

Outra medida interessante seria identificar e reforçar os fatores que têm mantido nossa juventude longe do copo – um cenário que muitos consideravam inimaginável. Isso sem dúvida representa uma vitória, mas o consumo segue alto no Brasil. É preciso investir ainda mais no trabalho de conscientização sobre os riscos do álcool e de repressão à venda ilegal para ampliar os avanços constatados pelo estudo do Cisa. Ele mostra que, apesar da quase onipresença da bebida na sociedade, tentar reduzir seu uso não é necessariamente uma batalha quixotesca.

Jorge Jaber é psiquiatra e grande benfeitor da Academia Nacional de Medicina

Novo comportamento

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