fonte: Museu da Pelada
Por mais que um jornalista exerça as tarefas da forma mais correta possível, sempre vai ter aquele para julgá-lo como “urubu”, que vai atrás da notícia, seja ela boa ou ruim, para estampá-la nas capas dos jornais ou tablets. O jovem Rafael Oliveira, do Jornal Extra, conseguiu provar o contrário após comover os leitores com o fato de que o atacante Valdiram, artilheiro da Copa do Brasil de 2006, estava morando nas ruas de Bonsucesso.
A notícia rapidamente tomou conta das resenhas, sobretudo nas peladas, e em poucos dias o jogador foi internado na Clínica de Reabilitação Jorge Jaber, em Vargem Grande, graças ao flamenguista Júnior Tomé e Iara Machado, assistente social do Vasco. Vale lembrar que o craque Mendonça também fez sua recuperação por lá.
Três semanas após a internação, Rafael reencontrou Valdiram em uma nova realidade e relembrou o dia que entrevistou o goleador.
– Estava carregando um papelão embaixo do braço. (…) Quando eu falei que era da imprensa ele resmungou, mas ele conversou numa boa e o resto todo mundo viu na notícia. – lembrou o jornalista.
Com piscina, academia, alimentação balanceada e um acompanhamento de 24 horas por dia na clínica, o jogador fez questão de agradecer Rafael por ter lhe dado visibilidade:
– Ele veio conduzido por Deus. Eu estava sentado na praça, alcoolizado, bebendo e encontrei meu amado irmão Rafael. Eu pedia a Deus toda noite para que enviasse uma pessoa para me tirar das ruas.
Para quem não lembra, Valdiram chegou ao Vasco em 2006 após se destacar no Esportivo-RS e foi tão bem que ganhou uma música personalizada da torcida cruzmaltina: “Aham, aham, hã! matador é o Valdiram”. Com uma pedalada que causava pesadelo nos marcadores e muita agilidade, o atacante foi peça fundamental da equipe na campanha do vice da Copa do Brasil de 2006. Foi dele, inclusive, o gol decisivo no Maracanã contra o Fluminense na semifinal do torneio.
– Esse gol eu não esqueço nunca! Fechei os olhos, bati forte e saí para o abraço! No momento difícil que eu passei nas ruas eu só conseguia me lembrar desse gol! – revelou.
Os atos de indisciplina, no entanto, sempre acompanharam sua carreira e foram decisivos na rescisão do contrato no ano seguinte.
Uma década depois, aos 35 anos, o goleador colhe os frutos dos exageros, mas se mostra focado e confiante na recuperação para realizar o sonho de voltar a jogar profissionalmente. De acordo com ele, a estrutura da clínica é similar a de clubes de grande porte do Brasil.
– Tenho feito trabalho físico, resistência, musculação e piscina. Não tenho do que reclamar aqui. (…) Creio que ainda consigo jogar por mais um ou dois anos.
Endossando as palavras de Valdiram, Eduardo Prosdocimi, preparador físico da clínica, revelou a sua expectativa:
– Ele está se empenhando da melhor forma e eu tenho certeza que muito em breve ele estará dando alegria para a gente para ele mesmo!
Nada disso seria possível se o jornalista Rafael Oliveira não desse o furo de reportagem que jamais esquecerá!