Aluna: Katia Regina Macena de Jesus

Os efeitos do crack aparecem quase imediatamente depois de uma única dose. Esses efeitos incluem aceleração do coração, aumento da pressão arterial, agitação psicomotora, dilatação das pupilas, aumento da temperatura do corpo, sudorese, tremor muscular. A ação no cérebro provoca sensação de euforia, aumento da autoestima, indiferença à dor e ao cansaço, sensação de estar alerta especialmente a estímulos visuais, auditivos e ao toque. Os usuários também podem apresentar tonturas e ideias de perseguição (síndrome paranoide).
Os principais efeitos do uso do crack são decorrentes da ação local direta dos vapores gerados em alta temperatura pela queima da droga (como queimaduras e olhos irritados) e dos efeitos farmacológicos da substância. Os efeitos farmacológicos incluem a ação da droga sobre os neurotransmissores (substâncias químicas produzidas pelos neurônios) dopamina e noradrenalina, com intensa estimulação dos Sistemas Nervoso e Cardiovascular
O pulmão é o principal órgão exposto aos produtos da queima do crack. Os sintomas respiratórios agudos mais comuns são: tosse com produção de escarro enegrecido, dor no peito com ou sem falta de ar, presença de sangue no escarro e piora de asma. A tosse é o sintoma mais comum, estando presente em até 61% dos casos, e a presença de sangue no escarro foi relatada em até 26% dos pacientes. O escarro escuro é característico do uso de crack e é atribuído à inalação de resíduos de carbono de materiais utilizados para acender o cachimbo com a droga. Atenção especial deve ser dada ao tratamento de pacientes com tuberculose. Muitas vezes esses pacientes convivem em ambientes fechados, dividem os instrumentos de consumo da droga e apresentam baixa adesão ao tratamento, favorecendo, dessa forma, a disseminação do bacilo da tuberculose.
O uso do crack promove vasoconstricção periférica o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, podendo ocorrer isquemias e infartos agudos do músculo cardíaco que podem ocorrer mesmo com quantidades mínimas da droga. Há ainda risco de arritmias cardíacas e outros problemas no músculo cardíaco (AFONSO; MOHAMMAD; THATAI, 2007).
O uso de crack pode diminuir temporariamente a necessidade de comer e dormir. Muitas vezes os usuários saem em “jornadas” em que consomem a droga durante dias seguidos. Frequentemente, a alimentação e o sono ficam prejudicados, ocorrendo processo de emagrecimento e esgotamento físico. Os hábitos básicos de higiene também podem ficar comprometidos. O crack pode aumentar o desejo sexual no início, porém com o uso continuado da droga o interesse e a potência sexual diminuem.
Quando consumido durante a gestação, chega à corrente sanguínea; aumentando o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a gestante aumenta o risco de descolamento prematuro de placenta, aborto espontâneo e redução da oxigenação uterina. Para o bebê o crack pode reduzir a velocidade de crescimento fetal, o peso e o perímetro cefálico (diâmetro da cabeça) no nascimento. Há ainda riscos de má-formação congênita, maior risco de morte súbita da infância, alterações do comportamento e atraso do
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Efeitos do Crack no Organismo