Aluna:Katia Regina Macena de Jesus
Muito provável que você já tenha se perguntado algum dia: Por que algumas pessoas se tornam dependentes de substâncias psicoativas e outras não. A dependência de substâncias pode ser entendida como uma alteração cerebral (neurobiológica) provocada pela ação direta e prolongada de uma droga de abuso no encéfalo. Essas alterações são influenciadas por aspectos ambientais (sociais, culturais educacionais), comportamentais e genéticos.
Ao longo do tempo, muitas ideias diferentes sobre esse assunto foram divulgadas. Hoje é possível afirmar que existem vários fatores envolvidos nesse processo, como se pode ver conceitos tanto da psicologia como da psiquiatria. Essa teoria, chamada de “teoria do reforço”, foi testada em laboratórios de pesquisa. Um trabalho pioneiro, realizado por Spragg, demonstrou que chimpanzés se administravam drogas voluntariamente. Após receberem repetidamente drogas opioides, os chimpanzés “pediam a droga” ao pesquisador – isto é, assumiam a posição própria para receber as injeções da droga, contrariando o esperado de seus comportamentos instintivos programados genéticamente. Isso aguçou a curiosidade da comunidade científica por esse tema.Olds e Milner, em 1954, observaram que ratos com eletrodos (fios elétricos) introduzidos em certas regiões profundas do cérebro “trabalhavam” (isto é, batiam as patas em barras, para receber um estímulo elétrico naquela região. Eles apresentavam o comportamento de “autoestimulação” de forma tão exagerada que, às vezes, deixavam de comer e dormir. Observou-se que somente um número limitado de regiões cerebrais desencadeava tais comportamentos. As estimulações elétricas nessas regiões também faziam com que os animais apresentassem comportamentos naturais de consumo de água e comida, implicando em sensações de recompensa e motivação.Os cientistas descobriram que as mesmas regiões cerebrais que provocavam “autoesimulação” também são as regiões ativadas pelas drogas de abuso
.As principais vias neurais envolvidas nesse circuito motivacional são as vias mesolímbica e mesocortical.As drogas de abuso estimulam as mesmas regiões do cérebro que induzem autoesimulação elétrica em animais e que são ativadas em situações prazerosas.
cada droga de abuso tem o seu mecanismo de ação particular, mas todas elas atuam, direta ou indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de recompensa cerebral.
Esse sistema é formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações reforçadas positiva e negativamente. Quando nos deparamos com um estímulo prazeroso nosso cérebro lança
um sinal (aumento de dopamina – importante neurotransmissor do SNC (Sistema Nervoso Central)- no núcleo accumbens– região central do sistema de recompensa e importante para os efeitos das drogas de abuso)Normalmente existe um aumento de dopamina com estímulos prazerosos: comida, atividade sexual, estímulos ambientais agradáveis, como olhar para uma paisagem bonita ou escutar uma música da qual gostamos.
As drogas de abuso agem no neurônios dopaminérgico , induzindo um aumento brusco e exacerbado de dopamina no núcleo accumbens, mecanismo comum para praticamente todas as drogas de abuso.Esse sinal é reforçador, associado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pela droga se torne cada vez mais provável

 

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O Cérebro e o Meio Ambiente na Vulnerabilidade à Dependência de Substâncias