por Juliana Baiense

RESUMO

Codependência é um termo usado para se referir a pessoas fortemente ligadas emocionalmente a um dependente químico. O presente artigo visa trazer ao conhecimento a definição de Codependência, como se manifesta e os danos causados por ela, as fases e padrões característicos e como pode se dar o tratamento.

Palavras chave: codependência, dependência química, adicto.

INTRODUÇÃO

É um fato conhecido que uma pessoa que cuida de um familiar dependente químico pode colocar as necessidades desse acima das suas, anulando a si mesma, gerando uma dependência de cuidar do outro, denominada codependência,  que causa grande impacto e sofrimento na vida das pessoas próximas e de si mesmas, mas poucos percebem como a codependência é altamente prejudicial para ambas partes envolvidas. Ao invés de ajudar o dependente químico a melhorar, certos tipos de codependentes acabam reforçando o comportamento adicto, são, na maior parte dos casos, pais ou cônjuges que vivem em função da pessoa dependente, assumindo e se responsabilizando por todos os comportamentos desta. Não há causas definidas para a codependência, mas observa-se que a preocupação com o outro e o medo de perdê-lo por conta do seu comportamento adoecido podem desenvolver a dependência patológica.

 

DEFINIÇÃO

Codependência é um termo da área de saúde usado para se referir à pessoas fortemente ligadas emocionalmente a uma pessoa adicta, ou seja, dependente de drogas. O termo Codependência teve origem nos estudos com a dependência química e foi atribuído aos familiares, partindo do princípio de que os familiares de dependentes químicos também apresentariam uma dependência, não das drogas, mas dependência emocional ou uma preocupação constante e fixa no dependente. Posteriormente, tornou-se claro que não é necessário conviver com um dependente químico para sofrer de dependência emocional. De início, a descrição deste quadro incluía apenas familiares de pacientes alcoólicos, mas com o tempo o seu significado foi ampliado e atualmente o termo também inclui a conduta de familiares e pessoas significativas que têm um problema de comportamento.

 

COMO SE MANIFESTA A CODEPENDÊNCIA

            O codependente permite que o comportamento do adicto possa afetá-lo e é obcecado em controlar o comportamento dessa outra pessoa, crendo que sua felicidade depende de tentar ajudá-la, e assim se torna dependente dela emocionalmente, sendo excessivamente permissivo, tolerante e compreensivo com os abusos do outro e colocando as necessidades deste acima de suas próprias. Nos relacionamentos codependentes não existe a discussão direta dos problemas, expressão aberta dos sentimentos e pensamentos, comunicação honesta e franca, expectativas realistas, individualidade, confiança nos outros e em si mesmo.

Os codependentes parecem fortes, mas se sentem indefesos. Parecem controladores, mas na realidade são controlados pelos vícios e comportamentos da outra pessoa. Eles não se dão conta de que o cuidado excessivo que exercem com o adicto anula os próprios objetivos e necessidades, é o processo de autoanulação. Esse processo consiste na necessidade extrema de controlar e salvar o outro de sua dependência que se torna uma dependência patológica de cuidar. Tal processo ocorre a longo prazo, normalmente durante vários anos, e resulta em muitas perdas, por exemplo, perda do tempo que deveria ter sido investido em si mesmo, em seu lazer, em projetos pessoais, perda de relações que poderiam ter sido saudáveis, perda esperança em resolver o problema do outro, podendo então desencadear danos à saúde, como depressão com pensamentos suicidas, desordens alimentares, abuso de substâncias químicas, violência familiar, relações sexuais extra-conjugais ou promíscuas, emoções ou explosões intensas, hipervigilância, ansiedade, confiança ou negação excessiva e doenças clínicas crônicas.

 

CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS DA CODEPENDÊNCIA

Algumas das características comumente apresentadas por codependentes são:

  • Considerar-se e sentir-se responsável pelo adicto, inclusive pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dele;
  • Sentir ansiedade, pena e culpa quando o adicto tem um problema;
  • Sentir-se compelido, quase forçado, a ajudar o adicto a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções;
  • Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente;
  • Comprometer-se demais;
  • Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está;
  • Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente;
  • Achar que a outra pessoa o está levando à loucura;
  • Sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não sente sendo apreciado;
  • Achar que não é bom o bastante;
  • Contentar-se apenas em ser necessário a outros.

As pessoas com codependência também são mais suscetíveis a atrair novos abusos de indivíduos agressivos, mais propensos a ficar em empregos estressantes ou relacionamentos, menos propensos a procurar atendimento médico quando necessário e também são menos propensos a receber promoções e tendem a ganhar menos dinheiro do que aqueles sem os padrões de codependência.

Padrões e fases característicos da codependência servem como ferramenta de avaliação.

 

PADRÕES DE CODEPENDÊNCIA

Padrões de negação

  • Codependêntes têm dificuldades para identificar sentimentos;
  • Minimizam, mudam ou negam seus sentimentos;
  • Avaliam-se como altruístas e dedicados ao bem-estar dos outros.

Padrões de baixa autoestima

  • Codependentes têm dificuldades para tomar decisões;
  • Depreciam seus pensamentos, palavras e ações, como nunca sendo suficientemente bons;
  • Envergonham-se de receber reconhecimento, elogios ou presentes;
  • São incapazes de pedir aos outros que os ajudem em suas necessidades e desejos;
  • Valorizam a aprovação dos outros quanto às suas ideias, sentimentos e comportamento;
  • Não reconhecem a si próprios como pessoas gostáveis e de valor.

Padrões de conformidade

  • Codependentes comprometem seus valores e integridade para evitar rejeição e a raiva dos outros;
  • São muito sensíveis aos sentimentos dos outros e assumem os mesmos sentimentos;
  • São extremamente leais, permanecendo em situações penosas por muito tempo;
  • Supervalorizam as opiniões e os sentimentos dos outros e temem expressar pontos de vista e sentimentos contrários aos deles;
  • Deixam de lado interesses pessoais e hobbies para fazer o que os outros querem;
  • Aceitam o sexo como substituto do amor.

Padrões de controle

  • Codependentes crêem que os outros são incapazes de cuidar de si próprios;
  • Tentam convencer os outros sobre como deveriam pensar e agir;
  • Ficam ressentidos quando os outros recusam suas ofertas de ajuda;
  • Oferecem conselho e orientação sem que lhe peçam;
  • São pródigos em presentear e favorecem aqueles de quem gostam;
  • Usam o sexo para ganhar aprovação e aceitação;
  • Têm de se sentir necessários a fim de se relacionar com os outros.

 

FASES DA CODEPENDÊNCIA

Negação

A pessoa nega que o outro é um dependente químico ou possui um comportamento destrutivo, como se o problema fosse externo ou atribui a outra pessoa.

Desespero

Questionamentos como “o que foi que eu fiz de errado?”, “ será que briguei de mais na infância?”, “por que está acontecendo comigo?”, “ eu deveria ter dado mais atenção” mostram o codependente se sentindo responsável pelo problema do outro, procurando um resposta ou culpa própria que possa justificá-lo.  A tendência nessa fase é a agressividade e muitas cobranças.

Controle

O codependente acredita que pode controlar o outro. Atitudes como controlar as ligações telefônicas, as saídas, verificar mochilas e gavetas e controlar os horários são comuns nessa fase.

Exaustão Emocional

É quando o codependente encara o outro como doente, reconhece a doença que afeta o outro e para de vê-lo como irresponsável ou delinqüente . Nessa fase começa-se a busca pelo tratamento. O tratamento deve ser sistêmico, ou seja, familiar, pois se a família falhar o usuário falhará também.

 

TRATAMENTO

É importante que o codependente faça algum tipo de acompanhamento psicológico, seja ele terapia de casal, terapia em grupo, terapia familiar ou terapia individual, sem ajuda profissional qualificada não é possível tratar essa patologia. Em alguns casos o acompanhamento psiquiátrico também é recomendado.

O codependente somente pode iniciar a modificação de seu relacionamento patológico com a vida do outro a partir do reconhecimento desta compulsão. É fundamental que o sujeito se conscientize do comportamento nocivo, perceba e reconheça que seu relacionamento com a pessoa adoecida é patológico, e que seus esforços em ajudá-lo e protegê-lo estão fadados ao fracasso. Ao tratar a codependência, o familiar perceberá que não é responsável pelo uso de drogas do dependente químico e que a tão desejada sobriedade depende deste, em muitos casos, o auxílio ao dependente químico inicia com o tratamento dos familiares. É necessário aprender a abrir mão do dependente químico sem abandoná-lo, ao compreenderem e tratarem a codependência, tem grandes chances de, com uma nova postura, auxiliarem o dependente químico de maneira efetiva.

 

CONCLUSÃO

Pode-se então considerar que é um fato conhecido que uma pessoa que cuida de um familiar dependente químico pode colocar as necessidades desse acima das suas, anulando a si mesma, gerando uma dependência de cuidar do outro, denominada codependência, que consiste num termo da área de saúde usado para se referir à pessoas fortemente ligadas emocionalmente a uma pessoa adicta, ou seja, dependente de drogas. A pessoa acometida por esse comportamento é denominado codependente, este permite que o comportamento do adicto possa afetá-lo e é obcecado em controlar o comportamento dessa outra pessoa, crendo que sua felicidade depende de tentar ajudá-la, e assim se torna dependente dela emocionalmente, sendo excessivamente permissivo, tolerante e compreensivo com os abusos do outro e colocando as necessidades deste acima de suas próprias, é o processo de autoanulação, que ocorre a longo prazo.  A codependência apresenta padrões de negação, de baixa autoestima, de conformidade e de controle. Apresenta também fases, são elas: negação, desespero, controle e exaustão emocional. O tratamento recomendado para codependência é o acompanhamento aos familiares de dependentes químicos a participação em grupos de mútua ajuda, assim como acompanhamento psicológico, e, se necessário, psiquiátrico.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Codependência. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Codepend%C3%AAncia> Acessado em 04/09/2018;

CARVALHO, L. S., NEGREIROS, F. A co-dependência na perspectiva de quem sofre. Bol. psicol vol.61 no.135 São Paulo jul. 2011. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432011000200002 > Acessado em 05/09/2018;

 

MARQUES, A. B. Famílias codependentes também precisam de ajuda. Disponível em < http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18943&revista_caderno=14 > Acessado em 05/09/2018.

 

 

 

Codependência na Dependência Química