ALUNA: Fernanda Cristina dos Santos Garcez
O consumo de álcool sofreu, nos útimos trinta anos, aumento significativo e, segundo estudos da OMS, aparece associado ao crescimento da indústria de bebidas alcoólicas, ao desenvolvimento do turismo em massa e ao desemprego1. O consumo de bebida alcoólica é muito difundido no Brasil. Cerca de 84% da população brasileira faz uso ocasional de bebidas alcoólicas e os índices de dependência variam de 3 a 15%2,5.
A adolescência é um período crítico na vida das pessoas, no qual ocorrem novas descobertas significativas que são fundamentais para a construção da personalidade e da individualidade, sob o ponto de vista biopsicossocial. Nesse período, o conceito de interação grupal é perceptível e o adolescente busca pertencer a um grupo com o qual se identifica, que terá a capacidade de influenciar suas ações e fará com que ele adote atitudes que serão a prova de sua aceitação na “tribo”6. Cabe mencionar que tribo, etimologicamente, diz respeito à comunidade étnica, porém, o termo como está sendo empregado, diz respeito à formação de adolescentes que têm em comum os mesmos ideais, compondo assim um grupo de pertença consensual6.
A lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens – seja no ambiente domiciliar, em festividades, ou mesmo em ambientes públicos. A sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado, condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo do consumo por meio da propaganda.
Metodologia
Com o propósito de atingir o objetivo da pesquisa foi feito um levantamento de artigos publicados nas bases de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online), via acesso à Internet, compreendendo o período de 2010 a novembro de 2018. As palavras-chave utilizadas para localização dos artigos foram: adolescente e alcoolismo, adolescência e alcoolismo, álcool e adolescência e álcool e adolescente.
Desenvolvimento
A envolvente publicidade de bebida (principalmente cerveja) tenta cada vez mais conquistar jovens consumidores, despreocupados com um futuro que lhes parece distante. Nas propagandas, beber é divertido, engraçado, porém, quando um jovem, ou mesmo um adulto está embriagado, pode provocar riscos à sua saúde ou à saúde de outras pessoas, tais como: acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, homicídios, suicídios, abandono do lar, fatores que nada tem de divertido e/ou engraçado.
O consumo de drogas lícitas no cotidiano cultural das pessoas tem permeado o cenário de nosso convívio. Neste cenário, encontram-se os adolescentes participando deste consumo sem dar-se conta que o álcool é uma das drogas lícitas mais potente consumida entre os jovens. Como qualquer outra droga, o álcool provoca alterações no sistema nervoso, modificando o comportamento da pessoa, produzindo prazer momentâneo e tornando o usuário dependente.
Segundo Andrade, diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica de uso contínuo. No caso do sistema nervoso, provoca amnésia em 30 à 40% dos casos, hipersensibilidade, dormência, formigamento nos membros superiores e inferiores, estados de euforia patológica, depressão, estados de ansiedade na abstinência alcoólica, delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado. Resultados de necropsia revelam que esses indivíduos têm o cérebro menor, mais leve e encolhido, sendo que a parte mais afetada é o córtex pré-frontal, região responsável pelo intelecto e o cerebelo que é responsável pela coordenação motora3.
Galvão relaciona os efeitos emocionais e comportamentais do alcoolista com os seguintes sintomas: perda da inibição, como por exemplo, dirigir um carro em alta velocidade; alteração do humor, ocasionando raiva, comportamento violento e até mesmo suicídio; prejuízo na vida familiar do alcoolista, ocasionando desentendimento entre o casal e problemas emocionais a longo prazo nas crianças, além de diminuição da produtividade no trabalho7.
De acordo com Stuart; Laraia, as pessoas usam álcool pelos motivos mais diversos: depressão, medo, ansiedade, fadiga, tédio, e, por produzir alterações agradáveis e imediatas nos estados mentais, tendo como conseqüência ser abusada, contribuindo, assim para profundos problemas individuais e sociais, como por exemplo, perturbações graves no trabalho e na vida social e familiar da pessoa8.
O uso de drogas principalmente o álcool é um fenômeno sociocultural complexo, o que significa dizer que sua presença em nossa sociedade não é simples e coloca importantes desafios. Não só existem vários tipos de drogas, como também são diferentes os efeitos por ela produzidos. Assim, seu uso e abuso devem ser compreendidos levando-se em conta o contexto em que a droga é usada, o momento da vida do indivíduo que a consome e qual a relação que esse usuário estabelece com a substância4.
Segundo Tiba, se existe uma maneira de evitar o uso indevido de drogas, com certeza, está na família e na escola, por meio da educação sobre o uso indevido de drogas. Desse modo, a criança aprende, dentro de casa e depois na escola, a cuidar de si mesma, a respeitar-se, sem ter de usar drogas para se valorizar ou se auto-afirmar perante os outros9.
Conclusão
O álcool é uma droga de fácil acesso, apelativa e o seu uso é facilitado pelos padrões culturais permissivos face a esta problemática. Os adolescentes são um grupo vulnerável ao consumo de álcool uma vez que estão numa fase de experimentação e curiosidade, sentem-se imunes aos riscos, e são sujeitos à pressão dos colegas para se sentirem integrados num grupo. Dado se encontrarem numa fase de crescimento e desenvolvimento, são também mais vulneráveis aos seus efeitos físicos. O consumo de álcool nesta fase poderá condicionar e restringir todo o potencial de desenvolvimento destes jovens, interferindo na sua qualidade de vida.
Assim, é de extrema importância abordar os consumos com os adolescentes em todas as oportunidades, alertando para os seus riscos.
Referências
- – Almeida LM, Coutinho ESF. O alcoolismo e o hospital geral. Estudo de prevalência junto à demanda ambulatorial. J Bras Psiquiatra 1990; 39 (!): 27-31
- – Almeida LM. Coutinho ESF. Prevalência de consumo de bebidas alcoólicas e de alcoolismo em uma região metropolitana do Brasil. Rev Saúde Pública 1993; 27 (1): 23-29.
- – Andrade. Disponível em: <http://www.alcoolismo.com.br/números.html, acesso em 26 de novembro, 2018.
- – Brasil. Curso de Prevenção do Uso de Drogas para educadores de escolas públicas / Secretaria Nacional Antidrogas, Ministério da Educação; Brasília;
- – Bucher R. Drogas: O que é preciso Saber. São Paulo (SP): Governo do Estado de São Paulo, 1992.
- – Cavalcante MBPT, Alves MDS, Barroso MGT. Adolescência, álcool e drogas: uma revisão na perspectiva da promoção de saúde. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008 Set; 12(3):555-9.
- – Galvão, A. L. Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?16. Acesso em 26 de novembro de
- – Stuart, G. W, Laraia M. L. Enfermagem Psiquiátrica: Princípios e Práticas. 6.ed. ARTMED: Porto Alegre,
- – Tiba, I. Disponível em: http://oficina.cienciaviva.pt/~pw020/g/prevencao.html. Acesso em 24 de julho de