ALUNA: ROSANGELA SUISSO

 

RESUMO

 

O presente artigo consiste no estudo sobre os benefícios da atividade física no tratamento do transtorno no uso de drogas. A atividade física é uma expressão genérica que pode ser definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior que os níveis de repouso. A prática de atividade física está associada á liberação de substâncias, uma delas é a endorfina, ela age no cérebro proporcionando-lhe estado de prazer e relaxamento.

 

Palavras-chave: Benefícios. Atividade Física. Tratamento. Transtorno. Uso de drogas.

 

 

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química é determinada como uma doença fatal e caracteriza-se como uma anormalidade metabólica causada pelo consumo excessivo de substâncias psicoativas que influem incisivamente no físico e no psicológico dos usuários. Representa um enorme problema não só para o indivíduo que está usando, que na maioria das vezes está insatisfeito com sua vida, mas também para a sociedade em geral, pois esta doença exerce um impacto subestimado sobre os custos econômicos sociais, além, de intervir e desestruturar a vida de todos que estão a sua volta (SERRAT, 2001).

Segundo GIGLIOTTI E BESSA (2004) a dependência química é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes da atualidade e representa um grave problema de saúde pública. Na fase da juventude, os jovens buscam prazer em coisas novas, querem explorar diferentes tipos de diversões e essa vontade parece não cessar nunca. Em um determinado momento de suas vidas acabam conhecendo aquele que irá apresentá-lo a tão temida substância química, e a partir desse momento sem se dar conta, acaba-se criando mais um dependente químico.

O presente trabalho tem por objetivo enfatizar através da revisão de literatura os efeitos, tanto psicológicos como fisiológicos, que a atividade física tem no processo de tratamento do dependente químico.

 

Atividade física no processo de tratamento

É extremamente difícil quantificar, exatamente, a dimensão dos prejuízos psicológicos e fisiológicos decorrentes do uso crônico de uma substância psicoativa, entretanto, levando em consideração o tipo e o tempo de uso, de acordo com a literatura, é possível prever as alterações que elas podem causar ao organismo humano.

LARANJEIRA (2003) relata que o uso de drogas psicotrópicas resulta em envelhecimento precoce, sendo como as principais consequências desse processo o estado geral da saúde psicológica (sintomas da abstinência, como ansiedade, irritabilidade, distúrbios do sono), o estado geral de saúde física (sintomas da abstinência, cardiopatias, angiopatias, pneumopatias, miopatias, endocrinopatias, neuropatias); o nível de condicionamento físico e da capacidade de trabalho; o estilo de vida atual e atividades praticadas anteriormente.

É sabido que praticar atividade física ajuda na melhora da qualidade de vida do indivíduo, pois além de proporcionar ganhos fisiológicos também contribui para o seu bem estar mental. A atividade física pode adequar benefícios diretamente ligados à própria depressão, benefícios ao nível psicológico, como arrefecimento da intensidade de pensamentos negativos, promoção de melhoria do bem-estar e do humor. Alguns efeitos psicológicos do exercício é a melhor sensação de autoestima, redução da ansiedade, tensão e depressão propriamente dita (COSTA, SOARES; TEIXEIRA, 2007).

Ressalta-se que a prática de exercícios de resistência traz benefícios à saúde física e psicológica, elevando os níveis de humor, independência funcional, coexistência social e redução dos sintomas relacionados à depressão, como baixa autoestima e insônia, o que explica o efeito protetor do exercício sintomas de depressão. Muitos estudos procuram explicar os mecanismos pelos quais o exercício físico age sobre os sintomas depressivos. Uma dessas linhas de pesquisa justificam os benefícios creditados à prática de exercícios físicos por meio da secreção de endorfinas, o que provocaria uma sensação de euforia natural, prazer, relaxamento e bem-estar, aliviando assim os sintomas de depressão (COSTA; SOARES; TEIXEIRA, 2007).

A atividade física faz com que o organismo adapte-se a um patamar maior de exigência e de capacidade de resposta. Se observarmos as pessoas em tratamento para dependência química, existe um processo contínuo desde a fase inicial, que se caracteriza pela limitação, pela perda progressiva da capacidade de adaptar-se, de responder a uma sobrecarga física ou mental, seja do cotidiano, seja uma sobrecarga artificial ou incomum, como sua exposição a doenças provenientes do uso de substâncias psicoativas. Ela varia de intensidade e duração respeitando a individualidade biológica de cada indivíduo, causando-lhes um estado de relaxamento tanto psíquico quanto somático (ROEDER, 1999).

Ressalta-se que o corpo humano se adapta ao estresse provocado pelo exercício através de um rápido ajuste metabólico, que é coordenado pelo sistema nervoso e endócrino necessários para a manutenção da homeostase nos diferentes graus de exigência metabólica da atividade. Diante deste fato, tanto o uso de drogas como a prática de diferentes atividades produzem sensações de prazer, representada pela liberação de adrenalina (CAILLOIS, 1994).

A adrenalina é como a droga, ela vicia e isso faz com que o indivíduo busque cada vez mais sentir essa sensação, repetindo assim as atividades que suprem tal necessidade. Logo após a sensação de adrenalina entram em cena as endorfinas, que trazem uma sensação de relaxamento e bem-estar.

 

Benefícios Fisiológicos

  • PA Sistêmica
  • Capacidade Pulmonar
  • Níveis de Colesterol
  • Força Muscular
  • Densidade Óssea
  • Flexibilidade
  • Gordura Corporal
  • Coordenação Motora
  • Equilíbrio

Levando em consideração os benefícios que a mesma proporciona, a atividade não deve ser realizada de maneira exaustiva, e sim de forma recreativa, pois o objetivo é fazer com que o individuo no mínimo que seja sua intensidade, pratique algum tipo de atividade, a fim de proporcionar-lhe mais do que ganhos fisiológicos, como manutenção da PA e da FC, melhora da capacidade funcional respiratória, da vascularização e diminuição da fadiga central, fazer com que o mesmo tenha momentos de prazer e lazer.

 

Benefícios Psicológicos e Sociais

 

  • Melhora a autoestima e autoconfiança
  • Convívio social Depressão Ansiedade Estresse Sintomas de Abstinência da Resistência ao Tratamento
  • Melhora a qualidade do sono Concentração Eficácia dos Tratamentos Terapêuticos
  • Mudanças de Hábitos

 

Evidências apontam para uma relação positiva da atividade física com a qualidade de vida e vitalidade (ABU-OMAR, RUTTEN e LEHTINEN, 2004). Além disso, a atividade física parece estar associada com melhoras no bem estar, autoestima, autoeficácia, encorajando e gerando pensamentos, sentimentos positivos que servem para contrariar o humor negativo (ROEDER, 1999).

MIALICK ET AL (2010) afirma que a atividade física pode auxiliar de forma contundente no tratamento para a dependência química, pois sem as substâncias psicoativas no organismo, o dependente precisa suprir a falta desta, e nada melhor do que a prática da atividade física que é uma ação que gera sensação de prazer, bem-estar físico e mental, possibilitando ainda ao indivíduo reiniciar um ciclo de amizades saudáveis, tendo sempre em mente a manutenção de sua sobriedade. O sucesso desta mudança poderá ser observado no decorrer do tempo à medida que a pessoa estruturar um novo estilo de vida, integrando a mudança em nível de missão e valores.

A atividade física trabalha diretamente no treinamento do autocontrole, onde o individuo irá aprender a se controlar (sem ajuda externa) nas situações extremas e difíceis do tratamento e da vida diária, a fim de evitar reações psicofísicas exageradas e comportamento social inadequado e agressivo (MIALICK, FRACASSO E SAHD, 2010).

 

Considerações finais

A atividade física proporciona inúmeros benefícios à saúde do praticante, além de contribuir para as melhoras fisiológicas, como diminuir frequência cardíaca de repouso, pressão arterial, melhorar a vascularização, diminuir a fadiga central e a capacidade funcional ela também é importante no controle da ansiedade e da depressão.

Cabe ressaltar que a participação de equipes de saúde na prevenção do uso de substâncias psicoativas na comunidade, no tratamento da dependência e na orientação a usuários ou familiares vem crescendo a cada dia. Uma vez que esses profissionais têm contato direto com os usuários de drogas que buscam tratamento e informações atualizadas sobre as diferentes substâncias psicoativas. Nesse sentido, é importante conhecer a situação de uso, abuso ou dependência de drogas, bem como o perfil dos usuários que procuram atendimento, para que se possa planejar e executar programas que contemplem as reais necessidades de cada usuário.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABU-OMAR, K; RUTTEN, A; LEHTINEN, V. Mental health and physical activity in the European Union. Soz Praventivmed. 2004.

 

CAILLOIS, R. Los juegos y los hombres: la máscara y el vértigo. México: Fondo de Cultura Económica, 1994.

 

GIGLIOTTI, A; BESSA, M. A. Síndrome da dependência do álcool: critérios diagnósticos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2004.

 

JABER, Jorge. Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas. Disponível em https://clinicajorgejaber.com.br/novo/wp-content/uploads/2018/11/nov_17.pdf Acesso: 25 de nov.2018.

 

LARANJEIRA, R. et al. Usuários de substâncias psicoativas: abordagem, diagnóstico e tratamento. 2ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo/ Associação Médica Brasileira, 2003.

 

MIALICK, E.S., FRACASSO. L., SAHD. S.M.P.V. A importância da pratica da atividade física como auxílio no processo de tratamento para a dependência química em pessoas de 18 a 35 anos. São Paulo, 2010.

 

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

 

ROEDER, M.A. Benefícios da atividade física para pessoas com transtornos mentais. Rev Bras. Atividade física e saúde. 1999.

 

SANTOS, D.L. Influência do Exercício Físico Intenso de Curta Duração sobre a Memória Recente. Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Educação Física, UFRGS, 1994.

 

SERRAT, S. M.  Drogas e Álcool: prevenção e tratamento. Campinas: Editora Komedi, 2001.

 

 

 

Benefícios da atividade física no tratamento do transtorno no uso de drogas