Clínica Jorge Jaber, 15/03/2005
Objetivo: O objetivo deste trabalho é ilustrar a importância da participação de profissionais com histórico de transtornos na utilização de substâncias psicoativas na recuperação de pacientes com este transtorno.
Método: Homem caucasiano de 49 anos, funcionário público, casado, com duas filhas, com diagnóstico de alcoolismo, encaminhado compulsoriamente pelo empregador em julho de 2001. Deterioração da capacidade laborativa e das relações familiares. Inicialmente internado, recebeu naltrexone, clonazepam e complexos vitamínicos B. O plano terapêutico incluiu psicoterapia de grupo e individual cognitivo-comportamental, programa de 12 passos e atividades educacionais direcionadas para a prevenção de recaída, com treinamento em situações de risco e terapia familiar. Durante todo o tratamento, o paciente esteve sob responsabilidade de terapeuta especializado e com história de recuperação após o mesmo problema. Este profissional manteve contatos freqüentes com o paciente, visando desenvolver empatia e uma maior identificação, através do sofrimento comum, em especial no início do tratamento, quando o paciente exibia resistência significativa à aceitação de seu diagnóstico.
Resultado: Após a alta, o paciente deu continuidade ao tratamento em regime ambulatorial, com terapias individuais com este mesmo profissional. Mantém-se (junho de 2004) em acompanhamento ambulatorial e em abstinência completa, além de estabilidade de relacionamento familiar e capacidade laborativa normal.
Conclusão: Em um modelo de tratamento multidisciplinar dos transtornos na utilização de substâncias químicas, o estabelecimento precoce de laços terapêuticos, com profissionais com o mesmo diagnóstico e em recuperação prolongada, pode ser fator de aumento de aderência ao tratamento e das chances de recuperação.
JULLIEN, Carlos, JABER FILHO, Jorge A., ANDRÉ, Charles. Aderência ao tratamento em Pacientes com Transtornos na Utilização de Substâncias Psicoativas Assistidos por Ex-Pacientes – Relato de Caso. Rio de Janeiro: APERJ, Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal – Vol 98, Nº 02, ABR/MAI/JUN 2004, p.23.