Aluna: Kathia Regina da Silva Teixeira.
A Dependência Quimica.
A dependência química, nos dias de hoje, corresponde a um fenômeno extremamente divulgado e discutido devido ao uso abusivo de substâncias psicoativas, que tornou-se um grave problema social e de saúde pública na sociedade. A dependência é definida pela 10ª. edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde ( OMS ), como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetitivo de determinada substância. A dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa especifica (por exemplo, o fumo, o álcool ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiácias) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes.
É uma doença crônica e multifatorial; isso significa que diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso da substância, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais. Para o dependente e usuário, o uso das substâncias químicas, inicialmente, significa fonte de prazer e de satisfação momentânea ou como uma forma de esquecer as dificuldades da vida. Com o tempo, muitas pessoas continuam a consumir visando evitar os efeitos indesejáveis de sua abstinência.
Família.
A primeira célula elementar social é a família, onde o indivíduo desenvolve habilidades, intelecto, emoções e valores. É a família, também, a primeira a sentir as consequências das mazelas que a droga faz. A dependência química pode ser considerada uma doença familiar, pois afeta diretamente a família. As substâncias encurtam a vida do usuário e prejudicam a qualidade de vida de si e dos outros.
O que mais se espera da família é o cuidado, a proteção, o aprendizado dos afetos, a construção de identidade e vínculos afetivos, visando uma melhor qualidade de vida a todos os seus membros e à inclusão social em sua comunidade. É a família quem primeiro encoraja o usuário a se tratar. Muitas das vezes, o dependente não consegue entender o quanto a família o quer recuperado, mesmo que ela tome partido da situação, a fim de ajudá-lo. Nas últimas três décadas, o reconhecimento do papel que as famílias podem desempenhar no tratamento por abuso/dependência de substâncias psicoativas, é notório em termos de prevenção e/influência no curso do problema da dependência, ajudando a reduzir os efeitos negativos em seus membros.
Os familiares são essenciais no processo de tratamento do doente, onde têm de saber como lidar com as situações estressantes, evitando comentários críticos ao paciente ou se tornando exageradamente superprotetores (dois fatores que reconhecidamente provocam recaídas). Conhecendo melhor a doença e tendo um diagnóstico claro, a família passa a ser uma aliada eficiente, em conjunto com a medicação e profissionais especializados. É importante que a família sinta que pode fazer algo para ajudar seu familiar a recuperar-se, quando tal é possível e, mesmo quando não é, que seja capaz de compreender a situação e acompanhar o paciente, dando apoio, compreensão, carinho e dedicação. Apesar de serem, muitas das vezes, as pessoas que mais sofrem com a dependência química do dependente químico, os laços de amor fraternal são, em muitos casos, maiores que as lembranças de destruição. Não obstante, as intervenções familiares levam a resultados positivos, tanto para os usuários de substâncias psicoativas quanto para os membros da família. É a família que fornece dados que corroboram com o diagnóstico do dependente químico, bem como funciona como ponto de partida para a definição do tipo de intervenção mais adequada, tanto à familia quanto ao dependente.
A necessidade de buscar constantemente a droga altera a vida do dependente, afetando as relações familiares, sociais e profissionais. Com isso, o individuo irá presenciar um intenso sofrimento físico e emocional em alguns momentos, fazendo-o acreditar que a droga elimina o sofrimento e lhe permite viver mais feliz, sem problemas ou frustrações. Assim, o tratamento da dependência química envolve toda rede social: o indivíduo, a família, a comunidade, os serviços de saúde, entre outros. O dependente causa sofrimento a si mesmo, aos familiares e todos em seu entorno. Violência, brigas e separações são ocorrências comuns nas famílias de dependentes químicos, uma vez que o usuário, sob o efeito de drogas, tem o pensamento voltado ao uso e obtenção de mais substâncias químicas, o que traz perdas significativas, como: perda do emprego, bens, prejuízo para a saúde e quebra de relacionamento com a família.
A importância da Família no tratamento.
É na família que as pessoas encontram conforto, confiança e motivação para poder continuar o tratamento. A evolução positiva de um tratamento para dependentes químicos, está relacionada com a participação adequada dos familiares, pois a família é um sistema onde cada membro está interligado, de forma que a mudança em uma das partes provoca repercussões nos demais.
A percepção dos familiares.
É na família que a prevenção ao uso de drogas pode ser mais eficaz. Porém, o medo, o preconceito, a falta de intimidade com os filhos, a desinformação e, muitas das vezes, até a hipocrisia, impedem uma conversa mais franca sobre o assunto. Sobram dúvidas e inseguranças para o adolescente, que se depara na escola com o assunto para o qual não está preparado. A revelação de que o indivíduo está usando drogas raramente é feita por ele mesmo e pode acontecer por iniciativa de um terceiro, ou por um ato falho do próprio usuário ( como por exemplo, esquecer a droga em algum lugar), ou um ato externo (como por exemplo, ter problemas com a polícia).
A participação dos familiares dos pacientes é de extrema importância no processo de recuperação, pois através da entrevista percebe-se que com o envolvimento de seus familiares, os pacientes se mostram mais motivados a prosseguirem com o tratamento. Assim, é possível verificar a importância do acompanhamento dos familiares no processo de reabilitação dos pacientes com dependência química, pois percebe-se que a busca solitária pela reabilitação, como analisador, pode acabar em recaídas e desistência do tratamento por parte do dependente. Tanto a família quanto a equipe responsável pelo paciente, necessitam estarem alinhadas, objetivando adquirirem confiança e vínculo para que se estabeleça uma relação de confiança e de aceitação ao tratamento (o que irá garantir a efetivação do tratamento e consequentemente melhora).
Referências:
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