IÊDA MONDAINI

17/10/18

INDICE

Resumo………………………………………………………………03

Introdução…………………………………………………………..03

A doença da família……………………………………………….04

    Dependência Química e Codependência…………………..05

    Teste de co-dependência………………………………………..08

    Conclusão…………………………………………………………….11

    Bibliografia…………………………………………………………..12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resumo

O codependente de substância psicoativa é com frequência atingido de modo negativo pela patologia do dependente. Adoece, sofre e, muitas das vezes, não sabe como lidar com o adicto. Necessita de ajuda adequada para auxiliá-lo a se portar diante das dificuldades da patologia e para assumir o dependente de  forma responsável e ter uma boa qualidade de vida. O estudo tem como objetivo ressaltar a importância do apoio para o codependente de substâncias  psicoativas e  da percepção de uma melhor qualidade de vida quando recebem essa ajuda.

É necessário aprender a abrir mão do dependente químico sem abandoná-lo.  As pessoas que possuem uma forte ligação emocional com o dependente químico,geralmente familiares próximos, são as mais afetadas.

Introdução

A dependência química está classificada entre os transtornos psiquiátricos, sendo considerada uma doença crônica, que deve ser tratada e controlada simultâneamente como problema social, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (2001). Isso significa que diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e a frequência do uso de substâncias, a condição de saúde do indivíduo, fatores ambientais, psicossociais e genéticos, entre outros.

A dependência química pode ser considerada como uma doença familiar, atingindo não somente o dependente, mas também a sua família e todos que têm relações direta ou indiretamente com ele. Para Aragão, Milagres e Figle (2009), os familiares de dependentes, adoecem emocionalmente, tornando-se muitas das vezes, codependente, ficando obsecados em controlar o comportamento do usuário.

Para Maciel (2008), toda a sociedade sofre com as questões que    envolvem o uso abusivo das drogas, especialmente os dependentes e seus familiares, pois sofrem perdas e prejuízos em sua saúde física, mental e social. Os familiares, especificamente, sofrem por terem laços afetivos muito fortes , e por serem vistos como corresponsáveis pela formação dos filhos, estando diretamente atrelados ao seu desenvolvimento saudável ou doentio. De acordo com Aragão, Milagres e Figlie (2009), a convivência dos familiares.

Com o usário de drogas é afetada na medida em que a dependência química evolui e se desenvolve.

A família por esse motivo é, muitas vezes, a primeira a sofrer com os danosos impactos que a droga faz, gerando sentimento de tristeza, culpa e frustração, destruindo a vida psicológica, financeira, social e afetiva dos usuários, onde acabam levando junto seus familiares, numa jornada de desespero, negação e desequilíbrio na estrutura familiar. A utilização de drogas constitui-se um fenômeno histórico na evolução humana e representa um grave problema de saúde pública, resultando em várias consequências pessoais e sociais, ao futuro dos envolvidos e de toda a sociedade (Marques, Cruz, 2000).

Costa e Castro (2001, p. 23) apontam que é “notório e crescente no Brasil problemas com drogas, porém a assistência e os investimentos para o enfrentamento do problema ainda são precários”.

De acordo com Payá (20011), a família com dependência química pode ser considerada uma rede de inter-relações na qual seus valores, crenças, emoções e comportamentos, influenciam os membros da família e são, por ela influenciados.

A doença da família

A adicção (dependência química) é a doença do adicto (dependente químico), provocada pelo uso de drogas. Entendemos que se trata de uma doença reflexiva, porque afeta a estrutura familiar e os relacionamentos desse núcleo básico da sociedade. A insanidade decorrente dessa situação pode trazer consequências desastrosas.

Infelizmente, muitas famílias encontram-se imersas em situações problemáticas causadas pelo uso de drogas lícitas ou ilícitas. Aflição, dor, angústia e culpa são sintomas conflitantes e que dilaceram laços afetivos. Aos poucos, a codependência química transforma os indivíduos e faz com que o comportamento do adicto dite como serão suas vidas.

A codependência causa renúncia à própria vida, além de transformar sua existência em medo e frustração, por não conseguir recuperar o adicto.

O familiar necessita de ajuda para escapar da imobilidade decorrente de lutas e fugas frustradas. A família, fora de ritmo, reluta ou não sabe como promover o desligamento requerido, permanecendo indefesa. Ausente, deixa de estabelecer limites, confundindo-os com repressão.

A experiência revela que o uso compulsivo de drogas não indica falta de afeto pela família. Não é uma questão de amor, mas de doença. O dependente químico perdeu a capacidade de opção em matéria de drogas. Mesmo quando sabe o que acontece, quando toma o primeiro teco, ele a usará.

Familiares, parentes, amigos, empregadores, colegas tentam controlar o adicto. Sentem-se culpadas e com medo. Tornam-se doentes emocionalmente.

Dependência Química e Codependência

É necessário aprender a abrir mão do dependente químico sem abandoná-lo. Nos dias de hoje os assuntos em torno da temática “drogas” estão em alta. Muito se fala sobre as consequências que o uso abusivo de drogas e a dependência química causam ao usuário, como problemas de saúde física e emocional, problemas sociais, problemas com a lei, entre outros. Mas, sabe-se também que as pessoas envolvidas com usuários abusivos e dependentes químicos, especialmente familiares e amigos, também são afetadas de várias formas.

Seja pelo sentimento de impotência por não saber como auxiliar o dependente químico, ou ao perceber que o seu amor e cuidado não são suficientes para que este deixe de fazer uso da substância da qual é dependente. As pessoas que possuem uma forte ligação emocional com o dependente químico, geralmente familiares próximos, são as mais afetadas. É também no contexto familiar do dependente químico que se desenvolve a codependência.

Atualmente, a codependência é compreendida como a tendência de viver focado no dependente químico, alienando-se de si mesmo. São apresentados comportamentos como minimização de problemas, tentativas de controlar, proteger e assumir a responsabilidade e as consequências dos atos do dependente químico. A codependência pode ser vivenciada por homens, mulheres, podendo ocorrer entre casais, ou na relação de pais com seus filhos, irmãos, relações de amizade, não estando restrita a familiares de dependentes químicos.

A codependência se caracteriza por um distúrbio acompanhado de ansiedade, angústia e compulsão obsessiva em relação à vida do dependente químico. Pode-se dizer que familiares codependentes também apresentam uma forma de dependência, não de substâncias, mas sim do vínculo com o dependente químico. O codependente tem a intenção real de ajudar. Mas seu esforço tem pouco resultado. Pois o dependente químico acaba utilizando todo o potencial de ajuda que recebe do codependente para usar a droga. Desta forma o codependente acaba sendo um administrador de crises. Enquanto o sistema permanecer instável, os problemas e crises são administradas pelo codependente, e o dependente químico tem condições de continuar o uso de drogas.

O codependente, em sua relação com o dependente químico, mantém o mesmo padrão de dependência que o dependente químico mantém com a droga. Na codependência, o cuidar e controlar o outro se tornam prioridade e há um desejo irresistível desses cuidados e controles. Como ocorre na dependência química, com a síndrome de abstinência, o codependente sem alguém para cuidar sente-se vazio, irritado e muitas vezes deprimido. Sendo que muitos, ao terem reconhecido sua codependência e estando a tratá-la, tem grandes chances de recaídas. Tem-se observado nos atendimentos a codependentes que, muitos deles, ao terem perdido um companheiro ou familiar dependente químico, acabam encontrando e firmando laços com outro.

Na relação entre dependente químico e codependente, ambos fazem uso do outro para realizar suas próprias necessidades. O codependente tem a sua realização pessoal no papel de cuidador, que lhe dá um motivo para a existência. E o dependente químico encontra no codependente proteção, amparo e alguém para depositar as culpas e responsabilidades.

Assim como no tratamento da dependência química, o codependente somente pode iniciar a modificação de seu relacionamento patológico com o dependente químico a partir do reconhecimento desta compulsão. O codependente precisa perceber e reconhecer que seu relacionamento com o dependente químico é patológico, e que seus esforços em ajudá-lo e protegê-lo estão fadados ao fracasso. Ao tratar a codependência, o familiar perceberá que não é responsável pelo uso de drogas do dependente químico e que a tão desejada sobriedade depende deste.

O reconhecimento e tratamento da codependência também é fundamental no tratamento do dependente químico. Em muitos casos o auxílio ao dependente químico inicia com o tratamento dos familiares. E estes, ao compreenderem e tratarem a codependência têm grandes chances de, com uma nova postura, auxiliarem o dependente químico de maneira efetiva. Recomenda-se como tratamento e acompanhamento aos familiares de dependentes químicos a participação em grupos de mútua ajuda, como Nar-Anon, Al-non e assim como acompanhamento psicológico.

Há dois modelos frequentemente aplicados na Orientação Familiar:

  • Terapia sistêmica: é destinada à natureza interdependente do relacionamento familiar e como essas relações influenciam (positiva ou negativamente) a doença, sob a perspectiva da família como um sistema. O foco do tratamento é intervir nos complexos padrões de relações entre os membros familiares a ponto de gerar mudanças positivas para todo o núcleo.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (familiar e de casal): considerando que comportamentos associados ao uso indevido de álcool ou drogas podem ser reforçados por meio de interações familiares, essa abordagem tem como objetivos principais alterar comportamentos que atuam como gatilho para o uso de álcool ou drogas, melhorar a comunicação dos membros da família e fortalecer e ampliar habilidades sociais.

TESTE DE CO-DEPENDÊNCIA

Para o levantamento do nível de co-dependência pode utiliza-se o instrumento com 34 itens autodirigidos e consiste em 8 sub-escalas, que são consideradas diagnósticas de co-dependência que consta segundo Potter-Efron, 1989, neste pode-se verificar os níveis de remorso/culpa, contradição, desenvolvimento de identidade crítica, ansiedade, raiva, depressão prolongada, rigidez e confusão. Suas sub-escalas contém de 3 à 6 questões, que suas únicas respostas devem se “sim” ou “não”. Para uma determinada sub-escala seja considerada positiva em co- 29 dependência quando apresentar duas ou mais questões são respondidas “sim”. Para que um dado indivíduo obtenha mensuração positiva para co-dependência, é necessário que pelo menos 5 das 8 subescalas sejam consideradas positivas (MEYER, 1997).

 

 

 

 

 

 

1-Você fica preocupado (a) com os problemas dos outros, especialmente aqueles do usuário de drogas? ( ) SIM ( ) NÃO

2-Você tenta manter as coisas sob controle ou manipula situações de sua vida?

( ) SIM ( ) NÃO

3-Você faz mais do que seria sua parte ao realizar tarefas? ( ) SIM ( ) NÃO

4-Você teme abordar os outros diretamente, especialmente o usuário?

( ) SIM ( ) NÃO

5-Você freqüentemente se sente ansioso (a) ou teme o que vai acontecer depois? ( ) SIM ( ) NÃO

6-Você evita arriscar-se com as pessoas por achar difícil confiarem-nos outros?

( ) SIM ( ) NÃO

7-Você freqüentemente se envergonha não somente pelo seu próprio comportamento, mas também pelo comportamento dos outros, especialmente do usuário ? ( ) SIM ( ) NÃO

8-Você se sente culpado(a),pelos problemas das outras pessoas da família?

( ) SIM ( ) NÃO

9-Você se esquiva do contato social quando está chateado(a)?

( ) SIM ( ) NÃO

10-Você às vezes se odeia? ( ) SIM ( ) NÃO

11- Em alguns momentos você esconde seus sentimentos negativos, agindo com demasiada confiança? ( ) SIM ( ) NÃO

12-Você freqüentemente perde a esperança em mudar a situação corrente?

( ) SIM ( ) NÃO

13-Você tende a ser pessimista sobre o mundo em geral? ( ) SIM ( ) NÃO

14-Você tem sensação da baixa auto-estima que não refletem suas habilidades e conquistas? ( ) SIM ( ) NÃO

15-Você se sente persistentemente bravo com o usuário, com a família ou com você mesmo? ( ) SIM ( ) NÃO

16-Você tem medo de perder o controle se ficar realmente irado (a)?

( ) SIM ( ) NÃO

17-Você tem raiva de Deus? ( ) SIM ( ) NÃO

18-Você já tentou se vingar dos outros de forma disfarçada, talvez mesmo sem se dar conta de estar fazendo isso no momento? ( ) SIM ( ) NÃO

19-Você sente que está negando os problemas básicos da sua família?

( ) SIM ( ) NÃO

 

20-Você fala para você mesmo que estes problemas não são tão graves?

( ) SIM ( ) NÃO

21-Você fica preocupado(a), justifica-se pelo comportamento irresponsável das outras pessoas da família? ( ) SIM ( ) NÃO

22-Você tende a pensar em termos de só pode ser “isto ou aquilo” quando existem problemas ao invés de olhar vário alternativas? ( ) SIM ( ) NÃO

23-Você fica perturbado (a) se alguém interfere na sua rotina? ( ) SIM ( ) NÃO

24-Você é radical nas suas crenças morais? ( ) SIM ( ) NÃO

25-Você é travado com relação a certos sentimentos como culpa amor ou ódio?

( ) SIM ( ) NÃO

26-Você tem dificuldades para dizer o que precisa? ( ) SIM ( ) NÃO

27-Você tende a sofrer junto com outra pessoa que esteja sofrendo?

( ) SIM  ( ) NÃO

28-Você precisa ter outra pessoa por perto para se sentir valorizado?

( ) SIM ( ) NÃO

29-Você se preocupa em excesso com o que os outros acham de você?

( ) SIM ( ) NÃO

30-Você se pergunta o que significa ser “normal”? ( ) SIM ( ) NÃO

31-Você às vezes acha que deve estar ficando “louco”? ( ) SIM ( ) NÃO

32-Você às vezes acha difícil identificar seus sentimentos? ( ) SIM ( ) NÃO

33-Você tem uma tendência a ser enganado(a) pelos outros -a ser ingênuo (a),crédulo(a)? ( ) SIM ( ) NÃO

34-Você tem dificuldade em tomar decisões -é indeciso(a)? ( ) SIM ( ) NÃO

 

CONCLUSÃO

Um acompanhamento específico e dirigido para os familiares é essencial para que possam compreender a doença e seus desdobramentos e, posteriormente, receber orientação adequada sobre melhor forma de ajudar o ente querido e a si mesmo. Além da Orientação (ou Aconselhamento) Familiar, cujo objetivo é fornecer informações sobre substância, orientar a família sobre como lidar com a dependência e propiciar meios para que eles se sensibilizem com o problema. Frequentar os grupos de apoio, como Nar-non e Al-non, para saber como lidar com ele(a) no pré e pós tratamento. Terapia Sistêmica e Terapia Cognitivo Comportamental também são indicados como positivos no tratamento do dependente químico e codependente.

 

BIBLIOGRAFIA 

JANE DE CASTRO ANDRADE GONÇALVES, MATINHOS 2013, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO A QUESTÃO SOCIAL NA PERSPECTIVA INTERDICIPLINAR. A PERSPECTIVA BIOPSICOSSOCIAL DA CO-DEPENDÊNCIA DOS FAMILIARES DO DEPENDENTE QUÍMICO.

FELIPE SIMÕES DA MATTA COORDENADOR TERAPÊUTICO – CEREME Blumenau http://www.cerene.org.br/artigos/5/dependencia-quimica-e-codependencia

GRUPOS FAMILIARES Nar-Anon Brasil http://www.naranon.org.br/visitantes/codependencia.html

 

Codependente