Andréia da Silva Zanco Pestana

RESUMO

Este artigo foi realizado como parte das atividades desenvolvidas no curso de formação de
terapeutas CJJ e tem como objetivo abordar os males que a maconha causa no cérebro. Segundo
o psiquiatra Dr. Ronaldo Laranjeira, existe no cérebro uma área responsável pelo prazer e que
está integrado numa área cerebral chamada sistema de recompensa. Esse sistema foi relevante
para a sobrevivência da espécie e é nela que a ação química de diversas drogas interfere, apesar
de cada uma possuir mecanismos de ação e efeitos diferentes. A dependência química pressupõe
o mecanismo psicológico da busca pela droga e a necessidade biológica que se criou no
organismo. Disso resulta a diversidade de comportamentos dos usuários. A maconha é um
exemplo, pois o seu uso compulsivo hoje é maior do que era há 20, 30 anos e, de acordo com as
evidências, quanto mais cedo o indivíduo começa a usá-la, maior é a possibilidade de tornar-se
dependente. Como meninos de 12, 13 anos e, às vezes até mais novos, estão usando maconha,
atualmente o problema se agrava. Além disso, as concentrações de THC (tetrahidrocanabinol)
aumentaram muito nos últimos tempos. Portanto, a maconha hoje é 10 vezes mais potente do que
no ano de 1960. A maconha tem um impacto bastante negativo principalmente nos adolescentes,
visto que diminui a concentração, a memória e a atenção. Estudos mostram que, se alguém fumar
maconha num dia e medir os níveis de memória e concentração no outro, eles estarão
ligeiramente alterados. Então, é fundamental ajudar um usuário a reencontrar fontes de prazer
independente de substância química, porém, na verdade o usuário está doente, seu cérebro está
doente, com a sensação de que não existe outro prazer além da droga. É preciso esclarecer ao
usuário maconha que a droga é altamente prejudicial ao organismo.
PALAVRAS- CHAVE: MACONHA. THC. NEUROTRANSMISSORES.
INTRODUÇÃO
A abordagem tem como objetivo é esclarecer que o consumo de maconha no organismo é
devastador, pois causa reflexos negativos no organismo do usuário, tais como: alteração da
função cerebral, mudança na percepção, no humor, do comportamento, e da consciência,
alucinações visuais e auditivas, bem como sentimentos de ansiedade, euforia e até mesmo a
depressão.
A maconha, derivada do gênero Cannabis sativa
prazo; coordenação; aprendizado; soluções de problemas. Receptores canabinóides são ativados
por um neurotransmissor chamado anadamida.
– Anandamida pertence ao grupo das substâncias químicas chamadas de canabinóides. O THC
(tetrahidrocanabinol) também é uma substância desde grupo e copia as ações da anandamida.
– Hipocampo está localizado no lobo temporal sendo importante para a memória de curto prazo.
– Cerebelo é responsável pela coordenação postural, pelos reflexos e movimentos voluntários e
também é responsável pelo tônus muscular no sistema muscular.
– Gânglios basais controlam os movimentos involuntários dos músculos.
– Endocanabinóide
– Córtex cerebral
Quando a maconha é fumada, os efeitos começam quase imediatamente e podem durar de
1h até 3 h. se a maconha for consumida em alimentos ou bebidas, os efeitos do THC aparecem
mais tarde, geralmente de 30 minutos a 1 hora, porém pode3m durar até 4 horas.
A maconha atua no cérebro da seguinte maneira, quando ela é fumada, THC passa
rapidamente dos pulmões para dentro da corrente sanguínea, onde é transportado para os órgãos
do corpo, incluindo o cérebro.
Quando entra no cérebro, THC liga-se a células, ou neurônios, com tipos específicos de
receptores chamados receptores canabinóides. Essas células são parte de uma rede de
comunicação no cérebro, chamada sistema endocanabinóide, que é importante para seu
desenvolvimento e funcionamento.
A maioria dos receptores canabinóides é encontrada em partes do cérebro que
influenciam o prazer, memória, raciocínio, concentração, coordenação de movimento e
percepção sensorial e temporal. A maconha interfere no sistema endocanabinóide. Um dos
efeitos é a liberação de dopamina no cérebro, o que cria uma sensação de prazer. Outros efeitos
incluem alterações na percepção e humor, perda de coordenação, dificuldade de raciocínio e
solução de problemas, e problemas com memória e aprendizado.
Certas partes do cérebro têm muitos receptores canabinóides. Essas áreas são o
hipocampo, cerebelo, gânglio basal e córtex cerebral. As funções que essas áreas do cérebro
controlam são as mais afetadas pela maconha.
Os efeitos da maconha sobre o cérebro:
– No aprendizado e memória afeta o hipocampo e pode ocasionar problemas para estudar,
aprender coisas novas, e lembrar eventos recentes.
– Na coordenação afeta o cerebelo e pode diminuir a performance em atividades esportivas e
direção de veículo.
– No julgamento afeta a domada de decisões, pois o usuário pode ter decisões que não teria se
não estivesse sob influência da droga, como o comportamento sexual de risco ou entrar no carro
com alguém alcoolizado ou sob efeito de drogas na direção.
– Aumento da frequência cardíaca acontece dentro de minutos após o uso da maconha, as
passagens brônquicas que deixam o ar entrar e sair dos pulmões relaxa e incha, vasos sanguíneos
nos olhos se expandem os fazendo ficar vermelhos.
– Problemas respiratórios, pois a fumaça da maconha irrita os pulmões, ocasionando problemas
respiratórios e pulmonares. Esses problemas incluem tosse diária e maior risco para infecções
pulmonares como pneumonia.
– Problemas de saúde mental tem risco aumentado, pois o uso da maconha está relacionado a
depressão, ansiedade, pensamentos suicidas entre adolescentes, e elevação do risco de pessoas
com histórico familiar desenvolverem esquizofrenia.
– Risco na gestação pode alterar o desenvolvimento cerebral do bebê. Essas alterações podem
contribuir para problemas com memória, atenção e resolução de problemas.
– Na vida social o s efeitos da maconha e cérebro podem ter sério impacto na vida da pessoa, ou
seja, piora o desempenho escolar, por causa dos efeitos da maconha sobre a memória, atenção e
aprendizado; dificuldade para dirigir veículos, pois afeta a concentração, a coordenação e tempo
de reação.
Pessoas que usam maconha também podem sentir sintomas de abstinência quando param
de consumir a droga. Esses sintomas podem incluir irritabilidade, insônia, falta de apetite, a qual
pode ocasionar perda de peso, ansiedade e anseio por voltar a usar a droga.
Os efeitos da abstinência podem durar vários dias a algumas semanas depois da
interrupção no uso da maconha. É comum voltar a usar a droga nesse período porque a pessoa
tem desejo de aliviar esses sintomas.
CONCLUSÃO
A OMS define a Dependência Química (DQ) como uma doença: crônica, progressiva e
terminação fatal.
Segundo o psiquiatra DR. Ronaldo Laranjeiras, existe em nosso cérebro uma área
responsável pelo prazer que é integrado numa área cerebral chamada sistema de recompensa. A
busca do prazer é muito primitiva. A droga produz efeito muito intenso, pois age diretamente na
área responsável pelo prazer.
A fisiologia do cérebro apresentada no artigo foi de grande importância, pois dá visão
mais esclarecedora na atuação do THC no mesmo.
A abordagem de como THC (tetrahidrocanabinol) atua no cérebro, enfatizando o usuário
adolescente, pois é nessa fase onde o cérebro está sendo moldado, com produção de novas
conexões e mudanças estruturais, assim, poderá sofrer desequilíbrios causando-lhe danos quase
sempre irreparáveis.
Foi esclarecido que o uso da maconha traz problemas mentais, psíquicos, e a saúde do
usuário, prejudicando a educação e saúde pessoal.
Citado alguns sinais e sintomas do consumo da maconha tais como: efeitos euforizantes
(aumento da autoconfiança, sensação de relaxamento e prazer); efeitos físicos (taquicardia, tosse,
retarda psicomotor, hiperemia conjuntival); efeitos psíquicos (ansiedade, alucinações, prejuízos à
concentração e a memória de curto prazo, prejuízos de julgamento, depressão), dentre outros
exemplos.
Feita uma pequena abordagem dos sintomas de abstinência da maconha.
Apesar da existência de muitos efeitos nocivos da maconha permanecerem inconclusivos,
a recomendação é que os profissionais da área da saúde devem informar aos usuários da
maconha sobre os já comprovados efeitos nocivos.
O ideal é que os usuários de drogas fossem encaminhados para uma atenção profissional
especializada.
REFERÊNCIAS
● Usuário de substâncias psicoativas: abordagem, diagnóstico e tratamento / coordenação
de Ronaldo Laranjeira et. 2. Ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo / Associação Médica Brasileira, 2003.
● Transtornos mentais e comportamentais pelo uso de múltiplas subst.\ãncias,
dependência química e neurobiologia – Dr. Marcos Soriano Schwartz – Centro de Estudo da
Clínica Jorge Jaber.
● Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biologocal Pysychiatry, British Journal
of Pharmacology.
● VARELLA, Dráuzio. Dependência Química. Entrevista DR. Ronaldo Laranjeiras em
2011.
● Maconha – Efeitos sobre o cérebro e saúde – https:// www.copacabanarunners.net

Como a maconha atua no cérebro