Andréa Beatriz Veiga Coelho

Resumo

Esse artigo tem como objetivo, através de consulta bibliográfica,
descrever as dificuldades encontradas pelos adictos, num momento de
reinserção na sociedade. O uso de substâncias que causam dependência (as
ilícitas e as lícitas), é um assunto difícil, no que diz respeito a abordagem e
tratamento. Mas também é de extrema complexidade, quando o assunto é
reinserção social. Trazer de volta à vida, esse indivíduo, que terá que lidar
não só com suas questões pessoais e sua fragilidade perante o vício, como
também com a expectativa familiar e o preconceito social.
É um desafio para o adicto e sua família, perante as dificuldades, que por
vezes, parecem insuperáveis, diante de um mundo corporativista e criterioso.
Muitas são as fases na reconstrução dessa identidade, e muitos buscam no
trabalho a sua reinclusão social. Sendo assim, será abordado algu
INTRODUÇÃO
São muitas as etapas num processo de recuperação do uso abusivo de
drogas. Todas essas etapas são complexas, difíceis, dolorosas e que
necessitam de um grande comprometimento do indivíduo. A família também
tem papel preponderante durante todo esse processo, o apoio familiar torna
o indivíduo mais confiante, uma força que vem dos ¨laços¨ adiquiridos
durante toda uma vida.
Nesse processo não existem soluções imediatas, o adicto precisa de
muita ajuda para recuperar sua capacidade de viver sem as drogas. É uma
fase difícil, quando após o tratamento, encontrando-se em condições de
regressar ao convívio social, esse indivíduo começa a se deparar com
situações apresentadas pela vida em sociedade, e apartir daí buscar soluções
para tais situações. Momento esse de transformação, de criação de projetos
de vida (se não o tinha, passará a ter), onde será exigido muito compromisso
e que deverá ter continuidade para sempre.
DESENVOLVIMENTO
Não se pode negar que o consumo de entorpecentes é um fator
determinante no aumento da criminalidade. Também deve-se as drogas (em
grande parte) a destruição de laços familiares, e não podemos deixar de citar
o grande prejuízo econômico ao Estado. Esse é um problema universal, que
não atinge só a família, mas a sociedade como um todo, onde se vem
buscando respostas efetivas e condutas eficazes.
A medida que a droga aliena seu usuário e compromete sua consciência e
suas relações (familiares e sociais), onde todos sofrem muito, a consequência
mais comum é o rompimento desses vínculos. Onde o usuário acaba
desviando-se do curso natural de suas vidas, onde acabam por destruí-las. Na
atualidade, são os jovens, o grupo mais suscetível a usar drogas.
Num primeiro momento, faz-se necessário uma política de prevenção.
Ações do poder público no sentido de controlar a disseminação do uso de
drogas. É o momento de se utilizar a Prevenção Primária, que é voltada para
educar e informar. Ela tem que ser precoce, com atividades prazerosas,
criativas e educativas. Quando a droga já chegou, onde o uso já foi feito, a
etapa já é outra, chama-se Prevenção Secundária. Nesse momento, faz-se
necessário um encaminhamento para um tratamento, um serv
lembrando, da extrema importância da presença d família em todo o
processo, esses laços são importante para sua segurança emocional e social,
segurança essa que tem papel fundamental para evitar a recaída. Um fator
que também ajudou nesse processo de reinserção é a inovação da lei para
consumidores, que não configura mais como crime. A pena deixou de ser
privativa de liberdade para ser restritiva de direitos. Onde as medidas
repressivas ficam para o traficante e o cunho protetivo para o usuário,
tirando do mesmo as marcas e o peso do preconceito de quem já passou pela
cadeia. Hoje o usuário não é mais tratado como criminoso, adjetivo esse que
pesava muito, principalmente no momento de reinserção.
¨ Não há outro rumo mais lúdico e racional que descriminalizar as drogas,
isto é, retirar do Direito penal algumas condutas, reservando-o para o
mínimo necessário. Não se trata de legalizá-las, sim, de controlá-las. Vários
países nos últimos anos deixaram de punir o porte para consumo de
determinadas drogas (Holanda, Portugal, Suíça, Espanha etc), preferindo a
política de redução de danos (para a sociedade, para o próprio usuário e sua
família).¨ (Gomes,2009)
¨ Prevenção é a prioridade. O mais sensato e responsável, de tudo quanto se
pode extrair das experiências e vivências estrangeiras, consiste na adoção de
uma política claramente preventiva em relação às drogas. Educação antes de
tudo. E que os pais e professores, dentre tantos outros, assumam sua
responsabilidade de orientação e conscientização. […] A postura da legislação
penal brasileira sempre tratou o simples usuário de drogas como criminoso.
(Gomes,2009)
Podemos citar os serviços comunitários como sanções alternativas a
reclusão. Essa prestação de serviços é importantíssima, pois além de permitir
que o usuário repare o seu dano perante a sociedade, ele também
desenvolve alguma atividade produtiva, o que contribui muito para sua
ressocialização.
Depois das mudanças comportamentais que permitam um retorno (que
será gradativo) ao convívio social, ou retorno\conquista de um posto de
trabalho, ou para um centro de estudos…é importante se manter as
ferramentas que foram utilizadas até o momento, para continuar ropendo o
forte ciclo da dependência. Já que muitos serão os momentos de provações,
peculiares a qualquer pessoa.
O mundo do trabalho é cheio de competição, preconceituoso e cada vez
mais especializado. A educação é fator imprescindível, onde os elementos
cognitivos podem falhar (capacidade de aprendizagem, memória, atenção,
planejamento, metas, linguagem,…) tornando difícil o aprendizado. Aqui
entra a necessidade de uma pedagogia adequada, através de um Objeto de
Aprendizagem, e acompanhamento profissional adequado, apoiado pelas
Tecnologias de Informação e Comunicação.
Muitos buscam uma profissão, e a profissionalização pode ser uma
alternativa concreta de saída desse universo. Saída pelo trabalho, geração de
renda e inclusão social. Os espaços formais de ensino, não est
dominação, a riqueza de poucos e a miséria de muitos;
– As faltas sentidas: moradia, alimentação, saúde, educação e segurança
– As grandes inquietações do mundo moderno: as questões religiosas e
as questões éticas…¨
A rede de educação profissional brasileira dá pouca atenção ao ensino
especializado para alunos adictos que demandem por alguma formação
profissional. Quem entra forte nesse espaço são as organizações não
governamentais de cunho religioso ou comunitário. Sendo assim, fica claro
que a inserção do adicto no mercado de trabalho, poderá lhe trazer alguma
mobilidade social e é comprovadamente um instrumento agregador de
felicidade pessoal. Assim podendo resgatar sua dignidade e auto confiança,
valorizar a vida, recuperar amigos…, e também precisam persistir nesse
longo processo, com disciplina, dia após dia, em todas as ações e atitudes
que os levam para essa nova etapa de vida. Esse processo é evolucionário, de
crescimento e desenvolvimento, que progride das tarefas mais básicas até as
mais complexas. Vale salientar a importância da família sempre presente,
pois é nessa fase que alguns momentos perigosos surgem, com algumas
inabilidades e angustias, que são comuns no nosso viver, mas que para o
adicto podem aflorar de uma maneira diferente.
São muitos os fatores essenciais (família, amigos, trabalho, estudo,
moradia digna,…) que ajudam a manter a motivação.
¨…motivação é um conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou
inconscientes), de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem
entre si e determinam a conduta de um indivíduo. ¨(Ferreira,1999)
Conclusão
Diante de tudo que foi exposto, é importante dizer, que para qualquer
tipo de tratamento e sua posterior reinserção social, só terão êxito, se
houver uma verdadeira vontade do adicto.
Transformar ou criar um novo estilo de vida, na qual as drogas não
estejam incluídas. Destaque também para a forma como a família o recebe e
como ficam estabelecidas essas relações, já que é daí (na maioria das vezes),
que vem sua segurança emocional e social, ajudando-lhe a se manter sóbrio.
O governo, tem a obrigação de garantir implantações, efetivações e
melhorias de programas, ações e atividades para prevenção, tratamento,
recuperação e reinserção social. Ajudando a melhorar sua qualidade de vida.
Por fim, para essa reintegração social ter sucesso, precisa-se sentir útil e
produtivo, pertencente a um grupo. É necessário manter uma interação
entre o próprio, a família, a sociedade e o governo (com a manutenção dos
seus projetos). A discriminação e exclusão, é uma covardia com uma pessoa
que necessita de ajuda e colaboração. Essa pessoa precisa de apoio para
voltar a exercer a sua cidadania e a sociedade precisa estar aberta para essas
inclusões, não se esquecendo que por muitas vezes, as causas que os levaram
as drogas são de origem sociais.
Assim, a reintegração social é um processo gradativo, ou seja, planejado,
elaborado e orientado por todos que fazem parte desse contexto.

Bibliografia
Processo de reinserção social dos ex-usuários de substâncias ilícitas
EL Pereira-Revista Acadêmica da Escola Superior do Ministério…2012-
mp.ce.gov.br
Princípio da insignificância em relação aos consumidores de substâncias
entorpecentes diante da necessidade de combate ao tráfico e à violência
R Caldas – 2006 – egov.ufsc.br
Os impactos do uso das tecnologias da informação e comunicação durante a
ressocialização de sujeitos adictos em álcool e drogas em vulnerabilidade
social…RC Albuquerque – 2012 – lume.ufrgs.br
Justiça restaurativa e o jovem infrator: Construindo caminhos para a
reintegração social
APA Simões, C Bitencourt – …Demandas Sociais e Políticas Públicas na… –
online.unisc.br
Percepção do dependente químico quanto ao processo de recuperação
A Maçaneiro – Trabalho de conclusão de curso de graduação…, 2008 –
siaibib01.univali.br
O poder judiciário e a justiça restaurativa
WJ dos Reis – CONNECTIONLINE, 2018 – periodicos.univag.com.br

Reinserção Social