Andréia da Silva Zanco Pestana

RESUMO

O termo Codependência teve origem nos estudos com a dependência química e foi atribuído aos familiares,
partindo do princípio de que os familiares de dependentes químicos também apresentariam uma
dependência, não das drogas, mas dependência emocional ou uma preocupação constante e fixa no
dependente. A codependência é uma doença silenciosa que mexe com o íntimo de alguém. Infelizmente,
muitas famílias encontram-se imersas em situações problemáticas causadas pelo uso de drogas lícitas ou
ilícitas. Aflição, dor, angústia e culpa são sintomas conflitantes e que dilaceram laços afetivos. Estes traços
tornam-se visíveis nos semblantes de muitos pais e mães. Aos poucos, a codependência química transforma
os indivíduos e faz com que o comportamento do adicto dite como serão suas vidas. Quem é codependente
demonstra um comportamento inconsciente e compulsivo esquecendo-se de si mesmo. A pessoa está
sempre cuidando de um filho, namorado, cônjuge ou familiar. Assume para si a responsabilidade das
escolhas e consequências do dependente. Muitas vezes, abre mão de sua rotina, trabalho e planos para
protegê-lo, visando impedir que a adicção chegue ao conhecimento de amigos, vizinhos e conhecidos. Por
essa dedicação tão exclusiva, disfuncional e irrestrita, o codependente torna-se infeliz, explorado e
impotente. Suas intenções, por melhores que sejam, apenas fazem dele um administrador de crises. A
ansiedade e a constante frustração tornam a codependência, aos poucos, uma adicção. O dependente
químico luta para tentar controlar seu vício e o codependente para controlá-lo, resultando em um círculo
vicioso.
PALAVRAS-CHAVE: CODEPENDÊNCIA. FRUSTAÇÕES. TRATAMENTO.
INTRODUCÃO
No intuito de minimizar ou esconder a adicção do familiar, o codependente começa a agir como um
vigilante. Procura por traços de ingestão de substâncias no hálito, olhar, atitudes ou entre objetos pessoais
do adicto. A dúvida o corrói por dentro, suspeitando de tudo. Aos poucos, a tentativa de prevenir o uso de
drogas vira uma caçada a elas.
E quando a desconfiança se torna realidade, a codependência faz com que a pessoa queira enfrentar
essa luta sem ajuda. Uma guerra silenciosa e solitária. Aos poucos, sem perceber, passa a apresentar os
mesmos sintomas do adicto. Sofre tanto quanto ele ou até mais, pois ao contrário dos dependentes
químicos, o codependente não faz uso de álcool ou outra droga para tentar suportar a dor de ver alguém
que ama negligenciando a própria vida.
Quando os primeiros sintomas do vício em drogas começam a aparecer, a primeira reação de
familiares é a negação. Evita-se falar do problema, dificultando a maneira de lidar com sua existência. O
codependente acredita que, se ignorada, a situação desaparecerá naturalmente. Com o tempo, e os sinais
cada vez mais frequentes do uso de drogas, a realidade começa a incomodar e a saída é achar um culpado
para o que está acontecendo.
Os pais acreditam que isso é influência dos amigos, das más companhias ou erro deles mesmos.
Assim, surgem os seguintes questionamentos, como “onde erramos?” ou “sempre dei tudo do bom e do
melhor, por que isso está acontecendo?”. Esse sentimento descompensado em busca de um bode expiatório
apenas dá margem para outro problema: a codependência. Aos poucos, tornam-se reféns da culpa e da
vontade descompensada de ajudar a quem amam.
DESENVOLVIMENTO
Nos dias de hoje os assuntos em torno da temática “drogas” estão em alta. Muito se fala sobre as
consequências que o uso abusivo de drogas e a dependência química causam ao usuário, como problemas
de saúde física e emocional, problemas sociais, problemas com a lei, entre outros. Mas, sabe-se também que
as pessoas envolvidas com usuários abusivos e dependentes químicos, especialmente familiares e amigos,
também são afetadas de várias formas.
Seja pelo sentimento de impotência por não saber como auxiliar o dependente químico, ou ao
perceber que o seu amor e cuidado não são suficientes para que este deixe de fazer uso da substância da
qual é dependente. As pessoas que possuem uma forte ligação emocional com o dependente químico,
geralmente familiares próximos, são as mais afetadas. É também no contexto familiar do dependente
químico que se desenvolve a codependência. Inicialmente o termo codependência se referia a uma espécie
de policiamento compulsivo da esposa com relação ao marido alcoolista, ampliando-se com o crescimento
das dependências químicas nas últimas décadas.
Atualmente, a codependência é compreendida como a tendência de viver focado no dependente
químico, alienando-se de si mesmo. São apresentados comportamentos como minimização de problemas,
tentativas de controlar, proteger e assumir a responsabilidade e as consequências dos atos do dependente
químico. A codependência pode ser vivenciada por homens, mulheres, podendo ocorrer entre casais, ou na
relação de pais com seus filhos, irmãos, relações de amizade, não estando restrita a familiares de
dependentes químicos.
A codependência se caracteriza por um distúrbio acompanhado de ansiedade, angústia e compulsão
obsessiva em relação à vida do dependente químico. Pode-se dizer que familiares codependentes também
apresentam uma forma de dependência, não de substâncias, mas sim do vínculo com o dependente
químico. O codependente tem a intenção real de ajudar. Mas seu esforço tem pouco resultado. Pois o
dependente químico acaba utilizando todo o potencial de ajuda que recebe do codependente para usar a
droga. Desta forma o codependente acaba sendo um administrador de crises. Enquanto o sistema
permanecer instável, os problemas e crises são administradas pelo codependente, e o dependente químico
tem condições de continuar o uso de drogas. O codependente, em sua relação com o dependente químico,
mantém o mesmo padrão de dependência que o dependente químico mantém com a droga.
Na codependência, o cuidar e controlar o outro se torna prioridade e há um desejo irresistível desses
cuidados e controles. Como ocorre na dependência química, com a síndrome de abstinência, o
codependente sem alguém para cuidar sente-se vazio, irritado e muitas vezes deprimido. Sendo que muitos,
ao terem reconhecido sua codependência e estando a tratá-la, tem grandes chances de recaídas. Tem-se
observado nos atendimentos a codependentes que, muitos deles, ao terem perdido um companheiro ou
familiar dependente químico, acabam encontrando e firmando laços com outro.
Na relação entre dependente químico e codependente, ambos fazem uso do outro para realizar suas
próprias necessidades. O codependente tem a sua realização pessoal no papel de cuidador, que lhe dá um
motivo para a existência. E o dependente químico encontra no codependente proteção, amparo e alguém
para depositar as culpas e responsabilidades.
Assim como no tratamento da dependência química, o codependente somente pode iniciar a
modificação de seu relacionamento patológico com o dependente químico a partir do reconhecimento desta
compulsão. O codependente precisa perceber e reconhecer que seu relacionamento com o dependente
químico é patológico, e que seus esforços em ajudá-lo e protegê-lo estão fadados ao fracasso. Ao tratar a
codependência, o familiar perceberá que não é responsável pelo uso de drogas do dependente químico e
que a tão desejada sobriedade depende deste. É necessário aprender a abrir mão do dependente químico
sem abandoná-lo!
O reconhecimento e tratamento da codependência também é fundamental no tratamento do
dependente químico. Em muitos casos o auxílio ao dependente químico inicia com o tratamento dos
familiares. E estes, ao compreenderem e tratarem a codependência têm grandes chances de, com uma nova
postura, auxiliarem o dependente químico de maneira efetiva. Recomenda-se como tratamento e
acompanhamento aos familiares de dependentes químicos a participação em grupos de mútua ajuda, assim
como acompanhamento psicológico e as vezes psiquiátrico.
A codependência química tem tratamento, mas exige que a pessoa esteja disposta a abdicar da
exclusividade sobre a recuperação do adicto e permita que profissionais especializados deem a devida
assistência para a família, seja com a internação em uma clínica de tratamento ou com acompanhamento
intensivo. E para melhor ajudá-lo, os parentes (mães, pais, filhos, irmãos…). Tem que frequentar os grupos
de apoio como: Nar-Anon ( para pais, parentes e amigos de dependentes químicos) www.naranon.org.br ,
Al-Non ( para familiares e amigos de alcoólicos) www.al-anon.org.br ou Amor Exigente (grupos para
Familiares de Dependentes Químicos)www.amorexigente.org.br , para saber como lidar com ele(a) no pré e
pós tratamento!
Codependência, Dependência Emocional ou Dependência Afetiva é a inabilidade de manter e nutrir
relacionamentos saudáveis com os outros e consigo mesmo, resultando em relacionamentos difíceis,
desgastados ou destrutivos. Ela é uma doença que deteriora a alma. Afeta a vida pessoal, familiar, social, os
negócios, a carreira, a saúde e o crescimento espiritual. Os codependentes parecem fortes, mas se sentem
indefesos. Parecem controladores, mas na realidade são controlados pelos vícios e comportamentos de
outras pessoas. Eles não percebem que cuidando excessivamente do outro, ocorre um processo de auto
anulação – seus objetivos e necessidades acabam sendo esquecidos por ele mesmo. Auto anulação,
necessidade estrema de controlar e salvar o dependente químico, dependência patológica de cuidar,
angústia, ansiedade, pena, culpa, baixa estima, depressão, fobia e compulsão são exemplos de sintomas que
os codependentes enfrentam.
RESUMO
À medida que a pessoa codependente abandona suas necessidades e objetivos ao longo da vida, ela
entra num processo de abandono de si mesma e de autodestruição. Como esse padrão ocorre a longo prazo,
normalmente durante vários anos, resulta em muitas perdas – perda do tempo que deveria ter sido
investido em si mesmo, em seu lazer, em projetos pessoais, perda de relações que poderiam ter sido
saudáveis, perda esperança em resolver o problema do outro. Isso tudo pode desencadear alguns danos
para a saúde da pessoa, seja no aspecto físico através de doenças psicossomáticas ou no campo psicológico
– normalmente os codependentes apresentam quadros depressivos ou ansiosos acentuados.
Independente do motivo que causou a dependência, a família não deve envergonhar-se, isolar-se,
fazer julgamentos e reprovações, apegar-se aos ressentimentos e, muito menos, fingir que o problema não
existe. Estes comportamentos só farão com que se afaste da realidade dos fatos, dificultando e atrasando a
busca adequada de soluções para enfrentar a doença. É de vital importância que a família não só entenda,
mas que comunique a outros quea dependência química é uma grave doença e que, apesar de ser incurável,
progressiva e fatal, há chances de recuperação e manutenção de uma boa qualidade de vida. Quanto mais
rápida for a busca da conscientização para um melhor tratamento e acompanhamento, maiores serão as
chances de recuperação. Todos necessitam de ajuda! Neste caso, a família precisa se fortalecer e se
reequilibrar.
A conscientização da família sobre a seriedade da doença da adicção, a dificuldade de vivenciar
situações tão destruidoras sozinhos, e, paralelamente, alertá-la sobre a importância da busca de
mecanismos de ajuda adequados como: profissionais especializados, grupos de apoio (AA, NA, Amor
Exigente) etc, que a oriente e possa prepará-la para conviver adequadamente com esta doença. Caso
contrário, a desordem estabelecida nesta família só vai se agravando.
REFERÊNCIAS
http://www.elizabethzamerul.com.br/codependencia.php. Acesso em: 20 junho
2016.Codependência (Relações de Dependência).
www.clinicajorgejaber.com.br/…/2013ago12_CodependenciaTratamentoFamiliar.pdf
CODEPENDÊNCIA E TRATAMENTO FAMILIAR … – Clinica Jorge Jaber – Professora e Conselheira Angela
Hollanda.
A co-dependência na perspectiva de quem sofre – PePSIC
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006… de LS Carvalho – ‎2011
https://blog.viversemdroga.com.br/aprenda-o-que-e-a-codependencia-quimica/ Ronaldo Laranjeira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronaldo_Laranjeira.
enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Codependência.

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