fonte: Conexão Jornalismo

Filha de pai alcoólatra, mesma doença que atingiu uma das suas grandes paixões, Elza Soares, estrela de primeira grandeza da MPB, Elza Soares, aderiu ao bloco de Carnaval Alegria Sem Ressaca. E a intérprete dos sucessos “Mulata Assanhada” e “Malandro” não estará só: atrizes, cantores, o psiquiatra Jorge Jaber, uma das autoridades do país no campo da dependência química, terão a companhia da delegada Valéria Aragão, titular da delegada de Copacabana, a 12a DP. O encontro com direito a concentração será no próximo domingo na orla de Copacabana a partir das 9 horas. Esquina com a República do Peru.

O objetivo do Alegria Sem Ressaca, que já teve Zico como padrinho e a participação de outros mastersdo Flamengo, é também mostrar que ninguém precisa beber para se divertir. O campeão mundial Adílio e o ex- jogador Uri Gueller vão estar mais uma vez este ano no carnaval saudável do bloco com outros atletas do FlaMaster.

Elza Soares tem bons motivos para aderir à causa: viveu o drama de ser casada com o craque dos craques, Garrincha, que tinha a doença do alcoolismo, e prefere beber água e, em datas festivas, champanhe sem álcool com suco de laranja.

A energia para tantos shows e gravações, com 8 décadas de vida, ela diz tirar de outro lugar: “Sou traumatizada porque meu pai, meu ídolo, era alcoólatra e eu brigava muito com ele para ele parar de beber. Depois, meu amado Garrincha, pessoa linda, adorável, um homem que sabia amar e fazer uma mulher feliz, foi consumido pelo álcool. A pessoa perde totalmente a identidade. É uma droga fácil de ser adquirida e pode ser até pior que as ilícitas. Tenho muito medo do álcool. Sem beber, a gente se diverte e vê tudo o que acontece a nossa volta!”, alerta, feliz por não ter nenhum filho, neto ou bisneto com problemas com álcool. Coerente com sua história de vida, Elza chegou a recusar cachê polpudo para fazer propaganda de uma cervejaria, mas empresta sua imagem gratuitamente à prevenção da dependência química ao ostentar o título de madrinha do bloco Alegria Sem Ressaca 2019. “Com álcool, não se brinca”, diz a diva.

Com uma rotina estafante por comandar a central de flagrantes da zona Sul, a delegada Valéria Aragão vai deixar de ir ao coral do qual participa aos domingos na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, para fortalecer a causa mais uma vez. Em 2013, a ‘delegata’ estava à frente da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), quando foi coroada pela primeira vez pelo psiquiatra Jorge Jaber e ostentou a faixa de rainha do bloco.

O Alegria Sem Ressaca sai desde 2004 com a participação de dependentes químicos em recuperação, familiares, profissionais de saúde, e adesões ilustres como as de Luiza Tomé, José Aldo, Eduardo Dussek, Teresa Cristina, Ellen de Lima, Edu Krieger, Elisa Addor, e outros. “Lembramos que é possível se divertir sem uso de drogas e moderando o uso de álcool. Defendemos que, com música e arte, o ser humano é capaz de gerar muita alegria, e de forma saudável, sem depender de nenhuma substância química”, diz o psiquiatra Jorge Jaber, especializado em dependência química em Harvard.

O Gabinete da Cidadania ligado à Prefeitura de Petrópolis promete levar para o Alegria Sem Ressaca uma ala chamada #Diversãosemagressão, capitaneada por Leandra Iglesias, a presidente do Conselho Municipal de Políticas de Drogas do município, com forte atuação nos CAPs locais. A ABEAD – Ass Bras de Estudos do e Álcool e Outras Drogas também vai marcar presença.

Em 2019 a cantora decidiu retomar sua alma carnavalesca. Além de amadrinhar o bloco, vai ser a rainha do baile Glam Gay, de Milton Cunha, e, depois de oito anos fora da Avenida, será destaque no carro abre-alas da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Nascida em Padre Miguel, quando o bairro ainda se chamava Moça Bonita, ela foi a primeira mulher a puxar samba na Marquês de Sapucaí (para o Salgueiro, campeão de 1969 com Baía de Todos os Deuses). Como puxadora, Elza deu duas vitórias para a escola do coração. Este ano, a volta triunfal dentro da estrela neon do carro abre-alas, cantando a primeira estrofe do samba-enredo:

‘Eu sou o tempo, tempo é vida’ – ‘Senhor da razão, a luz que me guia
Nos trilhos da vida escolhi amar
Estrela maior, paixão que inebria
Eu conto o tempo pra te ver passar’

Disposição não falta, apesar da coluna cheia de pinos que a obriga a sessões de fisioterapia. E no dia seguinte ao desfile, a cantora embarca para o Equador onde começa uma série de shows internacionais em turnê que inclui a Europa.

De novo na vanguarda, Elza diz que a virada na carreira teve início em 2015, com o trabalho ‘A Mulher do Fim do Mundo’. Contando com a ajuda dos empresários Pedro Loureiro e Juliano Almeida, a parceria já rendeu dois discos, shows, um musical, um Grammy Latino de 2016, uma biografia e um documentário. E não vai ficar só nisso, promete: “Qualquer hora eu poso nua!”. Elza é deusa

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