fonte: Vida & Ação

Ela é diva, idolatrada por uma legião de fãs. Com seus mais de 80 anos, Elza Soares não se destaca apenas pelo vozeirão e energia no palco. A cantora tem uma história de luta e superação que comove. Especialmente quando o assunto é a delicada relação com pessoas que sofrem de alcoolismo. Filha de pai alcoólatra, reviveu novamente o drama mais tarde ao lado do craque Garrincha, com quem foi casada.

Elza – que prefere beber água e, em datas festivas, champanhe sem álcool com suco de laranja – aceitou o convite para ser a madrinha do bloco Alegria Sem Ressaca, que faz prevenção ao abuso de álcool e outras drogas. Criado há 16 anos pelo psiquiatra Jorge Jaber, especialista em dependência química, o bloco sai às 9h deste domingo (17), na orla de Copacabana, na esquina de Avenida Atlântica com Rua República do Peru.

A energia para tantos shows e gravações, Elza diz tirar de outro lugar. “Sou traumatizada porque meu pai, meu ídolo, era alcoólatra e eu brigava muito com ele para ele parar de beber. Depois, meu amado Garrincha, pessoa linda, adorável, um homem que sabia amar e fazer uma mulher feliz, foi consumido pelo álcool. A pessoa perde totalmente a identidade. É uma droga fácil de ser adquirida e pode ser até pior que as ilícitas. Tenho muito medo do álcool. Sem beber, a gente se diverte e vê tudo o que acontece a nossa volta!”, alerta.

Feliz por não ter nenhum filho, neto ou bisneto com problemas com álcool e coerente com sua história de vida, Elza chegou a recusar cachê polpudo para fazer propaganda de uma cervejaria, mas empresta sua imagem gratuitamente à prevenção da dependência química ao ostentar o título de madrinha do Alegria Sem Ressaca 2019. “Com álcool, não se brinca”, diz a diva.

Desde 2004 atraindo adesões ilustres
O objetivo do Alegria Sem Ressaca, que já teve Zico como padrinho e a participação de outros masters do Flamengo, é também mostrar que ninguém precisa beber para se divertir. O campeão mundial Adílio e o ex- jogador Uri Gueller vão estar mais uma vez este ano no carnaval saudável do bloco com outros atletas do FlaMaster.

O Alegria Sem Ressaca sai desde 2004 com a participação de dependentes químicos em recuperação, familiares, profissionais de saúde, e adesões ilustres como as de Luiza Tomé, José Aldo, Eduardo Dussek, Teresa Cristina, Ellen de Lima, Edu Krieger, Elisa Addor, entre outros.

Lembramos que é possível se divertir sem uso de drogas e moderando o uso de álcool. Defendemos que, com música e arte, o ser humano é capaz de gerar muita alegria, e de forma saudável, sem depender de nenhuma substância química”, diz o psiquiatra Jorge Jaber, especializado em dependência química em Harvard.

O Gabinete da Cidadania ligado à Prefeitura de Petrópolis promete levar para o Alegria Sem Ressaca uma ala chamada #Diversãosemagressão, capitaneada por Leandra Iglesias, a presidente do Conselho Municipal de Políticas de Drogas do município, com forte atuação nos CAPs locais. Quem garante o samba é a Velha Guarda Musical da Vila Isabel.

Cantora faz fisioterapia para problemas na coluna

Disposição não falta, apesar da coluna cheia de pinos que a obriga a sessões de fisioterapia. Este ano, Elza Soares decidiu retomar sua alma carnavalesca e, além de amadrinhar o bloco, vai ser a rainha do baile Glam Gay, de Milton Cunha, e também será destaque no carro abre-alas da Mocidade Independente de Padre Miguel, depois de 8 anos fora da avenida.

Nascida em Padre Miguel, quando o bairro ainda se chamava Moça Bonita, ela foi a primeira mulher a puxar samba na Marquês de Sapucaí (para o Salgueiro, campeão de 1969 com Baía de Todos os Deuses), já deu duas vitórias puxando samba para sua escola do coração, e agora volta de forma triunfal dentro da estrela neon do carro abre-alas, cantando a primeira estrofe do samba-enredo ‘Eu sou o tempo, tempo é vida’.

‘Senhor da razão, a luz que me guia
Nos trilhos da vida escolhi amar
Estrela maior, paixão que inebria
Eu conto o tempo pra te ver passar’

No dia seguinte ao desfile, a cantora embarca para o Equador onde começa uma série de shows internacionais que seguirá para a Europa. Sempre na vanguarda, Elza avisa que a virada na carreira iniciada em 2015, com o trabalho ‘A Mulher do Fim do Mundo’ e a ajuda dos empresários Pedro Loureiro e Juliano Almeida, e que já rendeu dois discos, muitos shows, um musical, um Grammy, uma biografia e um documentário que vem por aí, ainda promete muitas surpresas: “Qualquer hora eu poso nua!”. Elza é deusa.

Alegria sem Ressaca no site Vida & Ação